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Fumo: custo de produção supera renda

Nas últimas safras a venda de tabaco no Sul do Brasil não tem sido positiva para o fumicultor


Foto: Eliza Maliszewski

Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná concentram 98% da produção de tabaco do país e são responsáveis por exportar 80% do total produzido. A movimentação anual gira em torno de R$ 6 bilhões. São quase 150 mil famílias envolvidas e quase 300 mil hectares em produção. Os dados são da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).

Mas esse cenário não é capaz de se refletir em boas vendas para o produtor. Nas últimas cinco safras a rentabilidade foi desanimadora, bem abaixo dos custos de produção do tabaco, com poucos reajustes na tabela de preço. 

O levantamento de custo de produção da cadeia no sul do país, realizado pela Comissão para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração do Tabaco (CADEC) aponta que os custos de produção para esta safra variam de R$ 8,19 a R$ 9,38 por kg, com produção média entre 2.352 e 2.703 kg por hectare. 

 “As empresas fumageiras não cumprem a Lei da Integração (13.288/2016), que se reflete em baixos preços pagos aos produtores. Nesta safra nenhuma empresa concordou em repor o custo de produção na tabela de preços do tabaco, com variações de percentuais de 5,5% a 9,4%. Solicitamos ainda 2% acima do custo como reposição de perdas anteriores, porém não conseguimos chegar a um acordo. As empresas reajustaram por conta própria, sem repor perdas”, relata um dos membros da entidade, Francisco Eraldo Konkol, que abrange 12 indústrias.

A cultura sofreu com a estiagem este ano e vem sendo defasada com fatores como: mão-de-obra cara, que representa 60% dos custos; atravessadores que acabam pagando preços abaixo de mercado; e desacordos no sistema de integração. Por contrato, as empresas fumageiras oferecem insumos e assistência técnica e o produtor se responsabiliza pela produção e por entregar à indústria. “Empresas estão desligando produtores sem aviso prévio exigido de uma safra, deixando os produtores que têm compromissos financeiros futuros à deriva. Também, estão confundindo os fumicultores sobre a forma correta de classificar o tabaco, usando critérios que só interessam às empresas”, relata Konkol.

Em busca de melhor renda, os produtores acabam aumentando a área de cultivo, porém sem o retorno esperado. “Este volume a mais ofertado no mercado deixa as empresas tranquilas para absorver e, o pior, o preço cai”, conclui. 
 

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