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RS: produção orgânica e diversificada é alternativa para agricultores de Doutor Ricardo

A área plantada da propriedade de Thomas e Elisandra Garcia, localizada na Linha Guabiroba


Foto: Eliza Maliszewski

A área plantada da propriedade de Thomas e Elisandra Garcia, localizada na Linha Guabiroba, em Doutor Ricardo, pode até não ser tão grande - em torno de 1,5 hectares. Mas é o suficiente para que uma ampla gama de hortaliças sejam cultivadas ali - de aipim e batata-doce, passando por alface e tempero verde, até chegar a frutíferas, como bergamotas e laranjas. Avô e neta, a dupla produz todos os alimentos sem utilizar agrotóxicos. É assim desde o começo da pandemia de covid-19 que, nas palavras de Elisandra, se apresentou como uma "oportunidade" para os agricultores.

Aos 33 anos, a produtora se mudou para a casa dos avós quando tinha apenas nove anos, após a separação dos pais. Inicialmente trabalhando com bovinocultura de leite, resolveram modificar o modelo de produção após o falecimento da avó, há dois anos. "O caso é que as exigências do manejo do rebanho, somadas ao alto preço dos insumos estava tornando a atividade pouco rentável", analisa Thomas, do alto de seus 83 anos. A ideia de "profissionalizar" a horta, que já existia para o consumo da família, surgiu após uma conversa com a Emater/RS-Ascar.

Foi assim que o número de animais reduziu bastante, hoje são quatro vacas em lactação, ao passo que a horta foi ganhando forma. "No começo, lembro que adquirimos 200 quilos de batatas para vendermos de porta em porta", recorda Elisandra. A experiência foi um sucesso, o que fez com que ela percebesse o potencial da atividade. Novamente por meio da Emater/RS-Ascar - vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado - avô e neta puderam contar com o apoio técnico necessário no manejo, além de ter acesso a linhas de crédito e a outras políticas públicas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

"De certa forma, foi algo que foi crescendo aos poucos e que exigiu da gente um período bem curto de adaptação", avalia a agricultora. Entre a ideia de iniciar o cultivo de hortaliças, a implantação e a consolidação de um mercado consumidor, lá se vai pouco mais de um ano. "O que percebemos é que a pandemia fez com que as pessoas procurassem cada vez mais por alimentos mais limpos, com menos química", garante o avô. A dupla sabe que não vai ficar "rica" financeiramente. "Mas aqui a riqueza é outra: a gente tem saúde, lida com a terra, tem independência e qualidade de vida", reforça Elisandra.

Acompanhando avô e neta de perto, o extensionista da Emater/RS-Ascar Paulo Severgnini elogia o poder de adaptação da dupla e o esforço de se reinventar em meio a um contexto de adversidades. "É claro que o começo não foi fácil, houve dificuldades, muitas delas típicas do cultivo sem agrotóxicos", observa. "Mas eles 'aprenderam' fazendo, na prática, acreditando no equilíbrio do ambiente e tendo a sustentabilidade como filosofia", afirma. "E para nós não pode haver maior orgulho do que ser chamada, com todas as letras, de agricultora", finaliza Elisandra.

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