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Trigo: formas de manejo podem reduzir custos

Dados comprovam que é possível produzir trigo com menor custo


A Embrapa Trigo e a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS) estão trabalhando no desenvolvimento de um sistema para a produção de trigo focado na exportação, com finalidade de tornar o produto mais competitivo no mercado externo, garantindo menos riscos e mais rentabilidade.

O Rio Grande do Sul produz, em média, 2 milhões de toneladas e entre as entraves estão a distância de centros comerciais e o clima. O pesquisador da Embrapa Trigo, João Leonardo Pires, aponta que o projeto busca viabilizar a liquidez do trigo gaúcho, uma vez que, a lavoura precisa de um certo nível de tecnologia e tem um nível maior de incerteza do que as culturas de verão o que necessita de mais planejamento. Para ele “produtividade nem sempre se traduz em lucro no trigo, enquanto que rendimentos acima da média geralmente são resultado do alto investimento em insumos. É importante manter um equilíbrio das contas agora, na implantação da lavoura. Muitas vezes é mais vantajoso para o produtor assumir um teto de rendimento menor, mas com boa rentabilidade”, orienta.

A calendarização de aplicações na lavoura é uma das preocupações. Muitas vezes a própria cultivar tem uma boa resistência e mesmo assim produtor faz aplicações sem necessidade, apenas seguindo a tabela. Os fungicidas, por exemplo, chegam a representar 12% do custo da lavoura e os fertilizantes cerca de 33%. Em alguns locais avaliados pela Embrapa Trigo, a densidade de semeadura variou de 200 a 500 sementes/m², grande diferença nos custos de produção que ao final resultou no mesmo rendimento.

As duas entidades articularam uma rede de validação do sistema de trigo para exportação, envolvendo cooperativas no Rio Grande do Sul: Coopatrigo (São Luiz Gonzaga), Cotricampo (Campo Novo), Cotrirosa (Santa Rosa) e Cotripal (Panambi); além da  Embrapa Trigo (Coxilha). Em cada local, foi caracterizado o manejo (insumos e práticas culturais) utilizado pela maioria dos produtores de trigo e definidos ajustes em práticas como adubação de semeadura e cobertura, densidade de semeadura e uso de defensivos. Também, foi testada a substituição da cultivar em uso na região por material com características de potencial produtivo, rusticidade e qualidade tecnológica mais apropriada para o sistema de trigo exportação.

Os resultados das validações em cada cooperativa demonstraram que a redução de custos ficou entre 18 a 24%, com manutenção dos níveis de rendimento de grãos. Além disso, na maioria das situações, mesmo em safra desfavorável, os ajustes realizados com foco no trigo exportação aumentaram a receita líquida ou reduziram as perdas em relação ao sistema utilizado tradicionalmente.

Do ponto de vista de qualidade tecnológica, na maioria das situações, os parâmetros obtidos foram compatíveis com as exigências para exportação, com valores superiores a peso do hectolitro 78, número de queda acima de 300, teor de proteínas totais nos grãos acima de 12% e força de glúten com valores em faixa aceitável para exportação (que caracterizam trigos das classes comerciais Básico ou Doméstico). “Os resultados indicam que a validação proposta permitiu verificar a compatibilidade dos sistemas com a redução de custos mantendo o potencial produtivo em níveis elevados e com a qualidade tecnológica demandada pelo mercado externo”, explica o pesquisador.

 

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