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Dia do Apicultor: alimentação das abelhas no inverno é estratégica para produção de mel

Movimentação das abelhas na busca de alimento é bruscamente reduzida no inverno devido às baixas temperaturas


Foto: Pixabay

As abelhas se alimentam naturalmente de pólen e néctar coletados das flores e, nesse processo, ocorre a polinização, que é a principal função das abelhas. Com a chegada do outono e do inverno, quando são registradas as baixas temperaturas, a movimentação das abelhas na busca de alimento é bruscamente reduzida devido às baixas temperaturas e aos dias úmidos e chuvosos.

O extensionista rural Agropecuário da Emater/RS-Ascar, Vivairo Zago, explica que nesses períodos de frio e escassez de alimentos devido à redução das floradas é necessário fazer o manejo alimentar dos enxames, que pode ser através de alimentação artificial ou estratégias como o plantio de espécies florestais ou forrageiras, que coincidem a floração nesses períodos. O período mais crítico é realmente o inverno. Nesta estação, o apicultor precisa ajudar os enxames com alimentação, visando à manutenção destes para a próxima safra, orienta.

É importante salientar que o mel produzido pelas abelhas é uma reserva alimentar para esses períodos críticos. Por isso, o apicultor não deve colher o mel do ninho. Deve deixar este reservado para as abelhas e colher somente o mel das melgueiras Sem dúvida, o melhor alimento para as abelhas é o alimento natural, aquele coletado pelas abelhas nas flores. Em muitas situações isso não é possível, então a alimentação artificial se torna uma alternativa, frisa Zago.

Aos apicultores que possuem áreas ociosas no inverno é recomendada a semeadura de espécies que possuem floração no inverno, como o nabo forrageiro e a canola, excelentes alimentos naturais. Outra espécie que floresce no inverno é a Astrapéia (Dombeya wallichii), um arbusto ornamental com flores ricas em néctar. Além dessas espécies florestais com valor apícola com florescimento no inverno, há diversas outras espécies nativas, como o Cipó de João, lembra.

Se o apicultor optar pela alimentação artificial, inúmeros são os produtos utilizados. Os mais comuns e com boa eficiência são açúcares cristal e VHP (menos processado), fubá de milho, proteína de soja e até mesmo o mel, entre outros. Os alimentos são fornecidos em misturas, em diferentes proporções e em formas distintas, podendo ser sólido, líquido ou pastoso, explica. A alimentação artificial pode ser dividida em dois tipos: de manutenção (manter o enxame) e de manutenção e estimulante (manter o enxame e estimular a postura da rainha). A alimentação de manutenção é constituída de um alimento energético, como o açúcar em mistura com mel ou simplesmente açúcar na forma sólida.

No final do inverno, no mês de agosto, deve-se iniciar a alimentação chamada de manutenção e estimulante, ou seja, que estimula a rainha a fazer a postura, visando ao aumento da população de abelhas para o período de floração e produção de mel na primavera. Esta alimentação inclui um elemento proteico, podendo ser proteína de soja, junto com açúcar e mel em forma pastosa.

O extensionista aconselha ainda que ou a alimentação artificial é bem feita ou não se faz e, quando feita, deve ser monitorada. Ou seja, uma vez iniciado o fornecimento de alimentos, ele não pode ser interrompido até haver alimentação abundante na natureza. Outro cuidado é o apicultor evitar que alimentos pastosos e líquidos estraguem nos alimentadores. Por isso, semanalmente, devem ser repostos ou substituídos, para não causar doenças nas abelhas.

A alimentação artificial é fornecida em alimentadores distintos, de acordo com sua forma (líquida, pastosa ou sólida). Eu costumo recomendar o alimentador de superfície, que permite o fornecimento das três formas de alimentos, e o considero prático. Mas existem outros tipos, como o alimentador bordmann (de alvado), para fornecimento de xarope líquido, explica. No alimentador de superfície é possível fornecer o alimento sólido (açúcar). Já o alimento pastoso e líquido são disponibilizados em sacos plásticos, depositados no alimentador localizado entre o ninho e melgueira durante o inverno, e deve ser removido na primavera. Contudo, alguns apicultores utilizam alimento pastoso sem alimentador, fazendo um bife com o alimento pastoso e colocando entreo ninho e a melgueira, conclui Zago, ao lembrar que os apicultores devem procurar os escritórios da Emater/RS-Ascar nos seus municípios sempre que tiverem dúvidas.

Segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do ano de 2017, no Rio Grande do Sul existem mais de 37.100 propriedades que investem na apicultura como fonte de renda, com uma produção anual de 5,6 toneladas de mel.

Na região administrativa de Soledade, segundo dados da Emater/RS-Ascar, estima-se que 1.400 propriedades rurais possuem a apicultura como produção de subsistência e fonte de renda, com uma produção aproximada de 312 toneladas de mel. Em todo o Estado, a Emater/RS-Ascar atua em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).

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