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Brasil já teve incêndio com Nitrato de Amônio

Fato aconteceu em 2013, no porto de São Francisco do Sul, Santa Catarina


Foto: Arquivo

A explosão no porto de Beirute, no Líbano, na última terça-feira (4), que deixou pelo menos 100 mortos, fez lembrar um episódio semelhante no Brasil. Em setembro de 2013 o município de São Francisco do Sul (SC) teve um incêndio em um depósito de fertilizantes no porto local. O episódio começou no dia 24 e foi controlado três dias depois.

A fumaça intensa e tóxica chegou até o Paraná e São Paulo. Muitas pessoas tiveram que deixar suas casas, escolas e comércios fecharam. Cerca de 150 foram hospitalizadas e 200 bombeiros trabalharam no resfriamento do local. De acordo com os bombeiros, cerca de 40 toneladas de fertilizantes estavam no galpão. Cerca de 60% desse material era nitrato de amônio, mesmo elemento causador da tragédia no Líbano.

O diretor da Academia de Perícias do Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina (IGP/SC), Rogério Tocantins, explica que os fertilizantes à base de nitrato de amônio entram em decomposição térmica em temperaturas acima de 210°C. Como o fertilizante não é um material combustível, geralmente essa decomposição térmica ocorre quando há um incêndio (ou uma outra fonte de calor) nas proximidades da carga de fertilizante.

Os fertilizantes à base de nitrato de amônio com concentrações superiores a 60% de nitrato de amônio em sua composição possuem risco de explosão.“Se tivesse havido a explosão na época o impacto teria uma magnitude duas ou três vezes maior que a de Beirute, já que havia 10 mil toneladas de material em São Francisco do Sul contra 2,7 mil toneladas em Beirute”, detalha o diretor do IGP.

Cuidados

O nitrato de amônio pode ser encontrado em como pó ou grânulos solúveis e não deve ser aquecido. Quando exposto a temperaturas acima de 280°C, as reações podem resultar em uma explosão. O material, além de ser utilizado na fabricação de fertilizantes, é um importante insumo na fabricação de explosivo.

Depois do ocorrido uma legislação controla as cargas transportadas e armazenadas, sendo que o armazenamento não deve ser feito em grande quantidade. “Os depósitos não são ocupações comerciais e devem ter sistemas específicos de combate a incêndios, evacuação e sistemas de segurança. É preciso ter ainda um atestado de vistoria para funcionamento”, destaca Tocantins.

Atualmente o Brasil é o maior importador mundial de nitrato de amônio, com mais de um milhão de toneladas. O elemento é fundamental na elaboração de fertilizantes nitrogenados, bastante demandados na agricultura brasileira, por cerca de 12% das formulações. O fertilizante diluído, com porcentagens de concentração de 20%, tem chance nula de explosão.
 

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