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Classificação do tabaco desagrada setor fumageiro

Rigidez na classificação adotada pela indústria também levou a protestos de produtores


Foto: Marcel Oliveira

Entidades representativas do setor do tabaco divulgaram uma nota oficial onde manifestam indignação com os rumos da comercialização desta safra. O documento destaca a rigidez na classificação adotada pela indústria fumageira. 

Segundo eles, a partir da primeira quinzena do mês de maio, quando 80% da safra já estava comercializada, as empresas mudaram a compra, valorizando as classes e aumentando o valor pago por quilo de tabaco. “De forma alguma somos contra o produtor de tabaco ser bem remunerado pelo seu produto. Porém, não podemos aceitar as mudanças nas políticas de compra que, na safra atual, foram de uma grande rigidez para uma completa abertura de valorização, o que trouxe consideráveis prejuízos financeiros aos produtores que já haviam comercializado, parte ou toda, a sua produção. Também enfatizamos a necessidade de, em todas as safras, a compra sempre ser dentro da classe e seguir um mesmo padrão de valor do início ao fim da comercialização, trazendo uma valorização justa e equilibrada para todos os produtores”, destacam as entidades.

Com relação a estas mudanças na comercialização, as entidades representativas dos fumicultores exigem que as empresas fumageiras revejam suas posições e estudem uma forma de bonificar os produtores prejudicados. As entidades estão à disposição para negociar esta bonificação.

Nesta safra as entidades e a indústria não entraram em um acordo para os valores de cada classe. Foram reuniões individuais com cada empresa e apresentada a proposta constituída pela média do custo de produção apurado pela representação dos produtores com a apurada por cada empresa, mais o percentual de diferença entre as tabelas praticadas por cada empresa. Os termos não foram aceitos.

Assinam a nota a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Federações da Agricultura (Farsul, Faesc e Faep) e dos Trabalhadores Rurais (Fetag, Fetaesc e Fetaep) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. 

Segundo a Afubra este ciclo deve somar 606.952 toneladas, nos três Estados do Sul do Brasil, o que significa uma redução de 4% comparado à safra passada, que fechou em 633.021 toneladas.

Agricultores protestaram

Foto: Alencar da Rosa

No último sábado (12) cerca de 100 fumicultores de Ibarama, município localizado na região Centro Serra do Rio Grande do Sul, protestaram em relação as dificuldades de comercialização e pediram mais atenção do poder público, classe política e empresas para as dificuldades enfrentadas especialmente em relação ao preço. Os produtores e suas famílias também reclamam que a alta dos insumos nas últimas safras não foi acompanhada pela tabela de preços, sem reajuste. Também questionam a classificação do tabaco nas fumageiras que estariam "emparelhando" as classes e desvalorizando o produto, além de manifestarem preocupação com a manutenção dos jovens na atividade.

Em entrevista à Gazeta do Sul, o fumicultor Marcelo Secretti, um dos líderes do movimento, disse que os produtores estão esquecidos e são humilhados na hora da venda, com preços bem abaixo do ideal. “Para mim é uma paixão, eu sempre gostei de trabalhar na fumicultura, mas infelizmente, com essa desvalorização, ninguém ao lado e todo mundo batendo no agricultor, eu estou desanimado. Nessa safra ainda vou permanecer, mas se continuar esse desprezo por nós, na próxima eu não sei”, disse.

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