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Variedade de lima Tahiti permite colheita no 2º ano

Ela produz acima de 40 toneladas por hectare, no quinto ano após o plantio


Foto: Divulgação

Deve chegar ao mercado em breve uma nova variedade de lima ácida Tahiti. O material foi desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A IAC 10 se destaca pela elevada produtividade e viabiliza uma boa colheita já no segundo ano de plantio, alcançando acima de 40 toneladas por hectare, no quinto ano após o plantio. É 25% mais produtiva que a variedade comercial IAC 5, única que tem registro junto ao Ministério da Agricultura para plantio em São Paulo.

A média de produtividade de lima ácida Tahiti em pomares adultos, isto é, entre oito e dez anos após o plantio, é de 25 toneladas, por hectare, de acordo com o pesquisador, Fernando Alves de Azevedo. A nova variedade poderá produzir, na fase adulta, em torno de 80 toneladas por hectare. Se o pomar for irrigado, esse desempenho pode ser ainda maior.

Além da produtividade, o novo material reúne características demandadas pelo mercado, como frutos ovalados com peso superior a 100 gramas, sem sementes e com casca rugosa. "Os frutos apresentam rendimento de suco próximos a 50%, o que significa que, aproximadamente, metade do peso do fruto é suco, isso é muito interessante para os consumidores", comenta Azevedo.

O IAC também apresenta dois novos porta-enxertos para lima ácida Tahiti, chamados de IAC Itajobi e IAC Pindorama. Desenvolvidos pela pesquisadora do IAC, Mariângela Cristofani-Yaly, eles resultam do cruzamento entre microtangerinas, como a tangerina Sunki, com trifoliata, e são denominados citrandarins.

"O IAC Itajobi induz às plantas de lima ácida Tahiti às copas ananicantes, não ultrapassando 2,5 metros de altura, semelhante à do trifoliata Flying Dragon, e o IAC Pindorama se assemelha ao limão Cravo, gerando plantas vigorosas, acima de 3,5 metros de altura", descreve. Os dois possuem tolerância à seca, característica que viabiliza o cultivo sem irrigação. A produtividade de ambos é de cerca de 70 toneladas, por hectare, similar à do limão Cravo, conforme experimentos realizados de 2014 a 2020, em condições de sequeiro na APTA Regional de Pindorama, interior paulista.

Em 2020, o IAC obteve o registro nacional dessas cultivares junto ao Registro Nacional de Cultivares (RNC), no Ministério da Agricultura. De acordo com Azevedo, esses materiais já estão em testes comerciais em pequenas áreas nas principais regiões paulistas produtoras de lima ácida. Esses plantios estão nos municípios de Araras, Cândido Rodrigues, Catanduva, Cordeirópolis, Itajobi, Mogi Mirim, Monte Azul Paulista, Novo Horizonte, Pindorama, Paranapuã, Taquaritinga e Urupês. "Ainda em 2021 esses materiais estarão disponíveis para comercialização de borbulhas, produção de mudas e plantios comerciais", diz o pesquisador.

Para quem não sabe, porta-enxerto é a parte da planta citrícola que fica sob o solo. Nele é instalada a copa, porção visível da espécie. De acordo com Azevedo, na implantação de um pomar de citros, a escolha do porta-enxerto é um dos principais fatores. "Ele é responsável pela sustentação da planta, absorção de água e nutrientes do solo, vigor, precocidade de produção e síntese de alguns hormônios", explica. O porta-enxerto também influencia na precocidade da planta e na época de maturação, isto é, reflete no momento da colheita. Impacta ainda a massa dos frutos, o rendimento de suco, a coloração da casca e do suco, o teor de açúcares e de ácidos. Em resumo: a enxertia certa vai determinar todo o sucesso do pomar. "O porta-enxerto oferece condições para a permanência dos frutos na planta, para a conservação pós-colheita e reforça a tolerância à salinidade, à seca, à geada, às doenças e nematoides", enumera o pesquisador.

As novidades serão apresentadas no 21° Dia do Limão Tahiti e na 2ª Expolimão. Os eventos serão realizados online pela primeira vez, nos dias 14 e 15 de abril de 2021, a partir das 9h. A participação é gratuita e para acessá-lo é necessário se inscrever no site

São Paulo é líder na produção nacional de Tahiti e responsável por cerca de 70% do volume brasileiro dessa espécie cítrica. Para os produtores, muitas são as vantagens desta espécie em relação às laranjas e tangerinas, considerando aspectos fitossanitários.

O Tahiti tem resistência ao cancro cítrico e ao vírus da leprose dos citros. Nele não manifestam sintomas de mancha preta dos citros. Não hospeda a Xylella fastidiosa, patógeno causador da clorose variegada dos citros e, portanto, não apresenta seus sintomas. Esse conjunto de benefícios vem contribuindo com o aumento da área cultivada nos últimos anos. Azevedo comenta os dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que apontam a lima ácida Tahiti, em 2019, como a terceira fruta mais exportada pelo Brasil em receita. "Ele ficou atrás apenas da manga e do melão; o aumento dos plantios reflete a demanda crescente interna do mercado in natura e da indústria de suco e pela exportação", diz.
 

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