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SP: após queda no consumo, donos de granjas apostam nas festas de fim de ano

Dono de granja em Bastos (SP) relata preocupação e espera retomada da economia para recuperar prejuízo


Foto: Eliza Maliszewski

A queda no consumo de ovos durante a pandemia de coronavírus tem preocupado donos de granjas no centro-oeste paulista, região que concentra a maior produção no estado. Agora, os produtores apostam na retomada da economia e nas festas de fim de ano para recuperar as perdas no setor.

O cancelamento das aulas nas escolas públicas foi um dos motivos para a queda no consumo, já que a produção da merenda escolar foi interrompida.

O Brasil é um grande consumidor de ovos no geral. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostraram que, em 2019, cada brasileiro consumiu cerca de 230 ovos. 
 
Granjas de SP foram afetadas pela pandemia

A situação tem causado preocupação ao avicultor Sérgio Kakimoto, que é dono de uma granja em Bastos, cidade conhecida como a capital nacional do ovo.

A granja do Sérgio produz 20% de todos os ovos consumidos no Brasil, com a produção de mais de 20 milhões de unidades por dia. Além do estado de São Paulo, as unidades são enviadas para Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Segundo o avicultor, a caixa com 30 dúzias de ovos do tipo extra chegou a ser vendida por R$ 114 em abril, mas agora os produtos estão vendendo em R$ 82.

"A desvalorização do nosso produto está sendo muito grande e estamos tendo um prejuízo muito grande uma vez que o milho, a soja, a ração, é toda dolarizada, explodiu de preço, dobrou o preço da soja, dobrou o preço do milho, então estamos com o custo muito elevado", explica Sérgio.

Mesmo assim, como a produção em larga escala não parou nos meses de pandemia e tem sido totalmente comercializada no mercado interno, a granja conseguiu manter o quadro de funcionários sem precisar demitir ninguém, mesmo com os preços mais baixos.

A encaixotadora Taynara Bonfim comemora essa questão pois é o primeiro emprego dela com carteira assinada. "Nesta pandemia é muito difícil, né? Várias pessoas perdendo o emprego e é bom ter o pão de cada dia, saber que a gente tem o trabalho garantido", comemora a funcionária.

Recuperação

Apesar dos prejuízos, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP informou que os valores dos ovos voltaram a subir. O acréscimo é de quase 7% na comparação com a última semana de agosto, que foi de 6,97%.

Segundo o Cepea, a previsão é de aumento na procura dos ovos nos próximos meses, com a retomada de setores da economia e a produção de panetones para o Natal, que ganha impulso em outubro.

Esse aumento nas vendas já está sendo sentido por uma empresa em Iacri, que trabalha com a industrialização dos ovos. No local, eles são transformados em versões líquidas e em pó, bastante usadas por indústrias no ramo alimentício.

"A indústria tem boas expectativas mesmo em razão das circunstâncias que foram impostas pela pandemia. A gente acredita que vamos ter pelo menos um incremento de 30% na nossa demanda normal", explica o gerente da empresa, Jonatas Messias dos Santos.

"A gente vai tentando ver se a nossa atividade pode superar esta pandemia e chegar pelo menos no mês de dezembro com a conta dando negativo, mas que a gente possa se manter no mercado. Se der um fôlego agora, a gente consegue se manter no mercado", espera o dono da granja em Bastos.

Inimigo do calor

Enquanto se adaptam à variação dos preços, os produtores de ovos também têm se preocupado com o calor nesta época do ano, considerado um inimigo das granjas. De acordo com a engenheira de alimentos Denise Ferrari, cada vez mais as empresas precisam adotar mecanismos para se adaptar às condições de temperatura.

Na granja do Sérgio, por exemplo, cada sala tem controle de temperatura e o ritmo para embalar os ovos é intenso para garantir que o produto não perca qualidade até chegar ao consumidor final.

"Isso evidencia cada vez mais a importância das granjas terem galpões mais arejados, com sistema de ventilação adequado, para minimizar um pouco esse calor e não perder a qualidade dos ovos, tanto na parte de produção quanto na parte de expedição dos ovos", conta Denise.a nossa atividade pode superar esta pandemia e chegar pelo menos no mês de dezembro com a conta dando negativo, mas que a gente possa se manter no mercado. Se der um fôlego agora, a gente consegue se manter no mercado", espera o dono da granja em Bastos.
 

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