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Agronegócio goiano se destaca na contratação de crédito rural

Agronegócio goiano teve acesso a R$ 18 bilhões entre março de 2019 e o mesmo mês de 202


Foto: Marcel Oliveira

Goiás foi o 6º Estado em contratação de crédito rural entre março de 2019 e março de 2020. O agronegócio goiano teve acesso a R$ 18 bilhões no período, sendo que R$ 11 bilhões foram destinados à agricultura e R$ 7 bilhões à pecuária. Os dados fazem parte de relatório divulgado mensalmente pelo Banco Central. No ranking, Goiás fica atrás do Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. A contratação de crédito é vista por especialistas como parte da dinâmica do setor, mas, por outro lado, o endividamento também preocupa.

Superintendente de Produção Rural Sustentável da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Donalvam Maia afirma que o posicionamento de Goiás no cenário nacional quanto ao crédito para o agronegócio é positivo. "Este dinheiro causa impacto na produtividade e quanto mais, maiores os benefícios para os municípios onde as atividades são desenvolvidas."

Segundo o superintendente, as cidades goianas em que há mais contratações são aquelas que já são famosas por ter a agricultura ou a pecuária como principal atividade econômica, como municípios localizados no Sudoeste do Estado. Donalvam diz que a pasta desenvolve trabalho para que o crédito também seja contratado em cidades que têm potencial, mas o agronegócio ainda não se desenvolveu.

De acordo com o coordenador institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, entre julho de 2019 e abril de 2020, período que compreende o ano agrícola, produtores e empresas goianas contrataram crédito na ordem de R$ 12 bilhões. "Isso representa crescimento para a nossa área. A maior parte deste dinheiro vai para o custeio agrícola, ou seja, para a produção. A área de plantio cresce, assim como o investimento em tecnologia", diz.

Prejuízo

Por outro lado, o crédito rural também é usado por produtores para cobrir juros e empréstimos antigos que não foram quitados conforme planejamento inicial, estratégia conhecida como "mata mata". O vice-presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Eurico Velasco, afirma que, diferente das grandes empresas que atuam no agronegócio, o produtor sofre impacto maior por causa das variações de moeda e perdas na produção, o que leva a problemas na hora de honrar os compromissos financeiros.

"É preciso olhar para os agropecuaristas, a pessoa que produz e dá a fazenda e a produção como garantia na hora de pegar crédito. Ele que enfrenta o risco de a safra dar certo ou não, fecha contrato e fica submetido às variações do dólar", afirma Eurico. Segundo o vice-presidente, em levantamento feito junto ao Banco Central, considerando operações realizadas em diferentes instituições, o endividamento agro em Goiás até o fim de 2019 era de R$ 77 bilhões.

Eurico afirma que a margem de lucro do produtor está cada vez menor por causa dessas dívidas e aumento dos custos de insumos. A solução, diz o presidente, é o alongar o pagamento do débito por 20 anos e com juros menores. "Sabemos que a ministra da Agricultura (Tereza Cristina) é sensível a esta demanda, mas a questão extrapola a pasta dela, é econômica", afirma Eurico.

Para Donalvam é necessário analisar a situação por cadeia. A produção de leite, diz o superintendente, é um exemplo de área sensível a endividamentos. "Existem levantamentos, mas não são valores conclusivos. É preciso avaliar cada uma das áreas, não apenas o bolo. Estamos trabalhando para melhorar a situação para os setores que precisam mais."

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