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Como o Tocantins ocupou destaque na produção de arroz

A pesquisa agropecuária desenvolveu variedades para cultivo irrigado e em terras altas


Foto: Sebastião Araújo/Embrapa

Há alguns anos arroz deixou de ser coisa somente do Sul do país. O Tocantins passou a ganhar destaque e hoje já ocupa a terceira posição como maior produtor do grão no país. Segundo a Conab na safra 2020/21 está prevista a colheita de 670 mil toneladas, somente atrás do Rio Grande do Sul (7,6 milhões de toneladas) e Santa Catarina (1,1 milhão de toneladas).

O que fez o Estado do Norte alcançar este patamar? A resposta pode estar na ciência. A pesquisa agropecuária desenvolveu variedades de arroz para cultivo irrigado e em terras altas e a adoção de tecnologias no campo impacta a produtividade e a sustentabilidade, reduzindo em até 50% a aplicação preventiva de fungicidas. O trabalho é grande parte desenvolvido pela Embrapa e cerca de 90% da cultivares usadas são fruto da pesquisa da empresa e específicas para a região. O desenvolvimento, em conjunto com instituições parceiras, de cultivares específicas para a região pode ser apontado como uma das principais contribuições efetivas.

O Programa de Melhoramento de Arroz (MelhorArroz) da Embrapa busca inovações para a sustentabilidade produtiva e excelência da qualidade do arroz brasileiro por meio do desenvolvimento de novas cultivares. Trata-se de um programa contínuo fomentado pela Empresa, que atualmente conta com apoio financeiro também da iniciativa privada por meio de contrato de cooperação técnico-financeira com empresas produtoras de sementes”. São três empresas privadas parceiras, que anualmente estão aportando R$ 240 mil cada durante cinco anos: Uniggel Sementes, Sementes Simão e Brazeiro Sementes. Ao fim desse prazo, existe a possibilidade de renovação do contrato por igual período.

Outra parceira no estado é a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), que além do ensino atua na pesquisa voltada para o meio rural, sendo a Organização Estadual de Pesquisa Agropecuária (Oepa) tocantinense. Embrapa e Unitins estão trabalhando na geração de uma variedade de arroz genuinamente tocantinense, a BRS TO, que deverá estar disponível para os produtores nas próximas safras. 

A Embrapa oferece para o Tocantins opções de variedades de arroz tanto para o cultivo irrigado – BRS Catiana, BRS Pampeira, BRS A702 CL e BRS A704 –, como para cultivo em terras altas – BRS A501 CL e BRS A502. “No planejamento, é programado o lançamento de uma nova cultivar de arroz a cada dois anos para atender à demanda dos produtores de arroz tocantinenses”, explica o pesquisador. Hoje, a BRS Pampeira está em mais da metade da área de arroz no estado.

As práticas de manejo na lavoura de arroz, a escolha da variedade certa e o foco na sustentabilidade da produção devem ser preocupações constantes para o produtor. A adoção de tecnologias é prioridade para se elevar a produtividade, já que dessa maneira reúnem-se as principais técnicas recomendadas pela pesquisa, a começar pela época de semeadura e pela irrigação.

Outro ponto importante é a reorganização das áreas quanto ao sistema de drenagem, irrigação e domínio sobre o fluxo das águas para potencializar usos, diversificar cultivos e reduzir estresses das plantas. É necessário que os produtores invistam em conservação e armazenamento para reduzir a dependência de águas superficiais de rios e riachos e também para evitar o carreamento e a contaminação das fontes por agrotóxicos.

Conheça a BRS Pampeira

A cultivar foi lançada em 2016, voltada ao bioma Pampa mas está em metade da área orizícola do Tocantins. Apresenta atualmente o maior teto produtivo, sendo responsiva à adubação, sem apresentar problemas de acamamento de plantas. Além disso, possui moderada resistência às principais enfermidades da cultura do arroz, reduzindo o número de aplicações de fungicidas nas lavouras.

Os grãos são do tipo longo e fino, com aspecto vítreo e baixa incidência de centro branco, sendo o peso médio de 1000 grãos de 27 gramas. Possui ciclo biológico ao redor de 133 dias, com plantas de porte moderno filipino, pilosas com folhas bandeiras eretas. A estatura média é de 91,5 cm no Rio Grande do Sul, que pode ser variada em função do manejo cultural e das condições ambientais encontradas nos demais estados do Brasil. Esta cultivar apresenta elevado perfilhamento, colmos fortes e resistência ao acamamento de plantas.

A cultivar BRS Pampeira apresenta adaptabilidade específica a ambientes favoráveis, atingindo produtividades acima de 12 toneladas por hectare observadas em lavouras comerciais no Rio Grande do Sul.

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