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“Não existe Waze do agricultor. Precisamos que dados circulem”

Brasil precisa de um “marco regulatório” para estimular inovação


“Não existe o Waze do agricultor. Precisamos que dados circulem para ter crédito a custo menor, ‘descommoditizar’, para desenvolver genoma”. A afirmação é do Fernando Martins, presidente da Agrootools, uma empresa de gestão territorial, monitoramento de risco e geotecnologia para o segmento.

O empreendedor usa como ilustração o tomate: “O sujeito planta tomate porque ele sempre cultivou isso. Apesar de o vizinho também estar plantando tomate, e quando chegam todos ao mesmo tempo ao Ceasa o preço despenca e o cara quebra. Aí no outro ano ninguém planta tomate, e quando falta o preço dá uma fortuna para os poucos que plantaram. No ano seguinte, todos plantam e sobra de novo”.

Ele cita o Waze (aplicativo de navegação e trânsito alimentado com dados dos próprios usuários) como exemplo de uma ferramenta que fornece informações fundamentais para o público. “Se eu souber que a demanda de tomate já está coberta, eu vou plantar outra coisa”, conclui.

De acordo com ele, é inevitável que a chamada “transformação digital” ganhe cada vez mais relevância e protagonismo também no segmento do agronegócio. Em função dessa projeção, sustenta ele, o Brasil precisa com premência de um “marco regulatório” que fomente a inovação e estimule as “startups” a empreenderem soluções voltadas para o setor produtivo rural.

“A transformação digital começa nas sementes. Hoje, apenas 6% da produção é assegurada, porque não tem dados, então, as seguradoras precificam no máximo”, justificou Fernando Martins em palestra realizada durante sua participação no 31º Seminário ABDTIC (Associação Brasileira de Direito da Tecnologia da Informação e das Comunicações), evento realizado nos últimos dias 07 e 08 de novembro, em São Paulo (SP).

“Quando se pensa em agronegócio, geralmente se pensa no agricultor. Mas é muito mais complexo. O Brasil está, de um modo único, posicionado para liderar a transformação digital. Isso vai acontecer aqui, não em Iowa (Estados Unidos). Metade de tudo que se planta em frutas se perde na cadeia, e 28% de tudo que se planta se perde – e isso se dá por falta de dados”, afirma Martins.

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