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Acordo Mercosul/UE: “Muitas oportunidades de negócios”

Agrolink entrevistou Marcos Fava Neves sobre as projeções e tendências com a parceria dos blocos


O Portal Agrolink entrevistou o professor Marcos Fava Neves, das Faculdades de Administração da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto e da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Referência na área de Administração, Estratégia e Marketing em Agronegócios e Alimentos, o especialista comentou o recente acordo do Mercosul com a União Europeia.

O que significa o acordo Mercosul/União Europeia para os sul-americanos?

Um acordo é sempre bom para os consumidores de um país. Neste caso foram duas décadas de conversas, e não deixa de ser uma onda contrária aos movimentos protecionistas recentes, por isto foi bastante comentado na imprensa mundial. É um bloco de 720 milhões de pessoas e 25% do PIB mundial. Para o Mercosul significou muita visibilidade esta ação. 
 
O que as empresas do Mercosul podem tirar de proveito desse acordo?

Como em todo acordo comercial, tem empresas ganhadoras e perdedoras. Para a UE vai interessar mais os mercados de produtos manufaturados, entre eles carros, vinhos, queijos, além de contratos públicos, nestes mercados concorrerão mais com outros ofertantes brasileiros. Para o Mercosul abre-se mais o mercado europeu para frutas, suco de laranja, café, carnes açúcar e etanol, portanto estas empresas serão ganhadoras. A redução das tarifas é gradual, reduzindo os impactos imediatos, algumas levarão até 10 anos e no caso de carros, 15 anos. E temos que ver que praticamente em todos os casos são cotas relativamente pequenas perto do nosso potencial. 
 
Que pontos 'fracos' o Mercosul deve observar para não haver desequilíbrio com as grandes economias da UE?

É bom lembrar que o acordo ainda precisa de aprovação dos países do Mercosul, o que pode levar muito tempo. Vai enfrentar muita resistência dos lobbies agrícolas europeus, bem como levantar preocupações e riscos ao Brasil na área ambiental. A UE estabeleceu cotas em alguns produtos, mais sensíveis ao bloco. São licenças que serão distribuídas de alguma forma pelo Governo Brasileiro, na cota que o couber dentro do Mercosul. 

Em que pontos os empreendedores podem ter oportunidades de negócios?

Além do maior intercâmbio e trocas de experiências, a UE estabeleceu cotas em alguns produtos, mais sensíveis ao bloco. Na carne bovina uma cota de 99 mil toneladas com carcaça, no frango 180 mil toneladas com carcaça, na carne suína são 25 mil toneladas (tarifa de 83 euros por tonelada), no açúcar uma cota de 180 mil toneladas para o refinado, no etanol 200 mil toneladas para uso como combustível com 1/3 da tarifa e 450 mil para uso químico sem tarifa, 60 mil toneladas para o arroz, 45 mil toneladas para o mel, entre outros. Assim que estas aberturas se efetivarem, muitas oportunidades de negócios para empresas acontecerão. 
 
Que resultados projeta para essa aproximação?

Uma integração muito maior com a Europa, o que para nós é bom para trocas de experiências, de conhecimentos e de modelos de negócios. Para para o agronegócio brasileiro sim temos alguns ganhos e também algumas perdas em produtos europeus que aqui entrarão mais fortemente, mas devemos lembrar sempre que a Asia é muito mais importante em termos futuros para o Brasil. É na Africa que estarão 80% dos estômagos das 9 bilhões de pessoas no mundo em 2050, e somos produtores e exportadores de comida. 

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