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Avanços atraem gigantes da aviação

Canaviais ainda são principal matéria-prima para biocombustíveis. No RS o desafio é aumentar a produção


Canaviais ainda são principal matéria-prima para biocombustíveis. No RS o desafio é aumentar a produção
O interesse por combustíveis verdes aproximou Embraer, Boeing e Airbus, que assinaram em março um protocolo para o desenvolvimento de biocombustíveis para aviação com custos econômicos acessíveis e com desempenhos similares aos de origem fóssil. Juntas, as três empresas se comprometeram a buscar oportunidades de colaboração para cooperar com governos, produtores de biocombustíveis para apoiar, promover e acelerar a disponibilidade de novas fontes sustentáveis de combustível para a aviação. Estimativas apontam que a aviação seja responsável por apenas 2% das emissões de gases de efeito estufa, mas níveis mais eficientes de voo e de navegação, bem como rotas menos tortuosas, além de tempo mais curto de espera nas pistas de pouso e decolagem e taxiamento, são metas perseguidas para limitar o consumo de combustível dos motores de aeronaves quando em funcionamento.

Outra iniciativa que será testada no segundo trimestre deste ano vem de um parceiro dos EUA, a Amyris. A empresa desenvolveu um novo aditivo de combustível derivado de moléculas de cana-de-açúcar fermentada e leveduras geneticamente modificadas. A Embraer, a General Electric (GE) e a Azul Linhas Aéreas Brasileiras vão realizar um voo experimental com um jato E170 para testá-lo. A Embraer informa que o produto já está a caminho da aprovação pela American Society for Testing and Materials, maior organização internacional de padrões. A empresa também prepara jatos com motores GE CF34-E, que serão capazes de usar a mistura 50 por 50 de combustível Jet-A e Hefa (ésteres e ácidos graxos hidroprocessados), feito a partir da flor da camelina. A planta vem sendo investigada nos EUA para a produção de óleo e farinha.

A Embraer também, junto com Boeing e Fapesp, começa nos dias 26 e 27 deste mês a primeira rodada de uma série de workshops para elaborar um estudo detalhado sobre oportunidades e desafios para criar uma cadeia de produção e distribuição de combustível de aviação bioderivado. A proposta deve estar concluída até o final deste ano e será tornada pública. A ideia é com o mapeamento criar uma rede de pesquisadores para trabalhar em projetos especiais focados no desenvolvimento de biocombustíveis para aviação. O objetivo é oferecer às companhias aéreas alternativa aos altos níveis de emissão e ao preço do combustível Jet-A, usado em aeronaves a jato.

Também na mesma linha, a Embrapa se prepara para aprofundar pesquisas no setor. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Décio Gazzoni, o foco é buscar linhas de biocombustíveis para aviação. Ele conta que no segundo semestre um seminário sobre o tema será realizado para organizar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias. "Precisamos diminuir a dependência do petróleo não porque ele vai acabar. A idade da pedra acabou, mas não por falta de pedra. Precisamos de um ambiente mais limpo." Ele diz que, embora a aviação agrícola já utilize o etanol, as pesquisas em andamento para aviões com motores mais exigentes podem contribuir para o surgimento de outras alternativas com matérias-primas diferentes da cana-de-açúcar. Ele explica que o desenvolvimento pode beneficiar a produção formando um ciclo no agronegócio. "A cana-de-açúcar que sai da lavoura vira etanol e é usada pelo avião que pulveriza a plantação."

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