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A febre-aftosa


Dirceu N. Gassen
Introdução A febre-aftosa (FA) é uma enfermidade alta-mente contagiosa, que ataca quase exclusivamente animais que possuem casco partido (bovinos, ovinos, suínos, cervídeos, javalis, porcos-selvagens etc.). Caracteriza-se pela formação de vesículas (bolhas ou aftas) e erosões (feridas) na mucosa bucal e nasal exter-na e na pele, acima e no meio dos cascos. Os tetos (glândulas mamárias) também podem ser afetadas. A doença é causada por vírus, isolado pela primeira vez em 1897. Com base em testes de imunologia e de sorologia podem ser identificados 7 tipos de vírus diferentes: O, A, C, SAT-1, SAT-2, SAT-3 e ASIA-1. Segundo a Comissão México-Americana para a Prevenção da Febre Aftosa, até 1982 haviam sido determinados pelo menos 65 subtipos do vírus através de provas de Fixação de Complemento. A transmissão do vírus ocorre por contato com animais infectados, principalmente por aerossóis (respiração), por produtos animais infectados e objetos contaminados. Os animais suscetíveis são os de casco partido, domésticos ou selvagens. Além desses, o ouriço, também é suscetível em ambiente natural. Em laboratório outros animais e cultivos celulares podem ser infectados pelo vírus da FA. O homem raramente é infectado, mas pode transmitir o vírus passivamente, isto é, sem adoecer.
Distribuição da febre-aftosa A FA está presente na maioria dos grandes países pecuaristas do mundo, exceto nos países da América do Norte, América Central, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Irlanda. Alguns países europeus estão livres a alguns anos. Na Inglaterra, por exemplo, não havia se manifestado um caso por 12 anos, até a ocorrência de um foco no começo de 1981. A doença foi controlada, mas reapareceu no ano de 2000. Os tipos O, A e C ocorrem em várias partes do mundo, inclusive na América Latina, enquanto os tipos africanos SAT-1, SAT-2 e SAT-3 não foram encontrados fora da África até 1962, quando ocorreu uma epizootia (doença que ataca muitos animais ao mesmo tempo e no mesmo lugar) devido ao tipo SAT-1 no Oriente Médio. O tipo ASIA-1 foi identificado no Paquistão, Índia, Israel, Iran, Iraque, Hong-Kong, Tailândia e outros países. Sintomas da doença Os bovinos que apresentam a doença babam, têm a temperatura corporal aumentada (febre), apresentam falta de apetite, salivação excessiva, indiferen-ça, sintomas esses acompanhados de formação, ruptura e erosão de vesículas ou aftas bucais (daí o nome aftosa). Quando as patas estão afetadas os animais mancam. A produção de leite diminui e os abortos são comuns, assim como a mastite. A mortalidade em a-nimais jovens pode chegar a 50%, geralmente sem apresentar sintomas, causada por destruição das fibras do músculo do coração. Em animais adultos a mortalidade poucas vezes é maior que 5%. Os suínos apresentam alguns sinais semelhantes como a manqueira e o andar inseguro. O período de incubação, isto é, o período desde a penetração do vírus até que apareçam os primeiros sinais, varia de 1 a 5 dias ou mais. As vesículas ou bolhas também ocorrem em enfermidades como a Estomatite Vesicular, Exantema Vesicular e na Doença Vesicular dos Suínos. As lesões vesiculares clássicas nem sempre aparecem, mas, quando presentes, rompem, deixando uma superfície erodida, hemorrágica, na mucosa bucal e nasal, na pele das patas e outras regiões. O diagnóstico pelos sintomas clínicos é impossível de ser realizado, pois as lesões apresentadas por bovinos podem ser tanto de FA como de Estomatite Vesicular e, no caso dos suínos, podem ser causadas por Exantema Vesicular e Doença Vesicular dos Suí-nos, além das enfermidades antes citadas. O diagnóstico definitivo só pode ser confirmado por exames laboratoriais.
Controle da febre-aftosa O controle em países onde a doença é enzoótica, ou seja, onde ela existe, é feito por programas de vacinação. Em muitos países a vacinação é obrigató-ria, em outros é voluntária. Nos países livres de FA, a doença é erradicada por meio do sacrifício dos animais seguido por total desinfecção do local, como é o caso que está ocorrendo na Inglaterra. Os cadáveres são enterrados ou queimados. De acordo com a Comissão México-Americana para a Erradicação da Fe-bre Aftosa, este tem sido, economicamente, o método mais efetivo para combater um foco de febre-aftosa.

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