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Controle de formigas-cortadeiras


Dirceu N. Gassen

1 - Introdução

O controle de formigas-cortadeiras é um dos problemas com grande demanda entre agricultores brasileiros. É necessário organizar campanhas de manejo de formigas em lavouras e, especialmente, em áreas de pastagens, de bordas de estradas e de lavouras abandonadas.

2 - A crise no controle de formigas

No início da década de 60 foi descoberto e constatada a eficácia do inseticida dodecacloro, na formulação isca granulada, constituindo-se na principal alternativa de controle de formigas.

Em 1985 foi proibido o uso de inseticidas clorados com exceção de dodecacloro, por falta de alternativas eficientes no controle de formigas. Em 1992 foi descoberto o inseticida sulfluramida e em 1993, o uso de dodecacloro foi definitivamente proibido. Logo após foi constatada a eficácia do inseticida fipronil como isca formicida.

Nos Estados Unidos da América foram testados mais de sete mil compostos e apenas cinco tiveram uso comercial para controle de formigas.

As preocupações manifestadas por agricultores e por extensionistas estão relacionadas ao aumento considerável de danos causa-dos pelas formigas e a ineficiência dos métodos tradicionalmente usados.

3 - Controle

As formigas devem ser controladas antes das revoadas de reprodução, de setembro e outubro, e antes da semeadura das culturas de verão.

O controle deve ser feito antes das revoadas para evitar a disseminação de novos formigueiros e a infestação no ano seguinte.

As formigas preferem plântulas (brotos) e plantas jovens (Figura 1) para alimentar os fungos nas “panelas” dos ninhos. Por isso, o uso de iscas e a aplicação de inseticidas para matar as formigas devem ser concentrados nos meses de outono e de inverno, quando há falta de alimento.

A época mais adequada de controle de formigas é após a colheita de milho ou de soja, quando falta alimento e os ninhos de formigas são localizados com maior facilidade. O intervalo entre a dessecação e o início de semeadura é também adequado para controle intensivo de formigas.

3.1 - Iscas granuladas

É muito importante usar iscas nos dias com maior atividade externa das formigas. As formigas desenvolvem intensa atividade de transporte e armazenagem de folhas e outras partes de plantas para alimentar os fungos no período até três dias antes de chuvas ou en-trada de frentes frias. Esse é o momento em que as formigas transportam maior volume de alimento e de iscas formicidas para os ninhos.

Se as formigas perceberem a contaminação do formigueiro, durante os dias de chuva ou frio, terão dificuldades para limpar as “panelas” ou para levar as iscas para fora do ninho.

Deve-se evitar a aplicação de iscas no dia imediatamente anterior à chuva, nos dias de temperatura baixa e nos períodos de seca.

Nos dias de chuva ou com elevada umidade no solo as iscas degradam-se e nos períodos de seca as formigas preferem plantas verdes com maior teor de água e mais nutritivas.

Nos períodos de germinação e de crescimento inicial das plantas cultivadas na lavoura, as formigas preferem esse alimento e evitam as iscas.

Para maior eficácia no controle de formigas a isca deve ser colocada após a dessecação, quando falta alimento e antes da emergência das plantas cultivadas. Por isso, deve-se concentrar o uso de formicidas granulados nos períodos entre safras.

As iscas devem ser colocadas na borda das trilhas de transporte de folhas e próximo aos “olheiros” de entrada do formigueiro. Nunca dentro ou sobre o olheiro de entrada do formigueiro. Deve-se tomar cuidado com o manuseio da iscas para evitar odores que as formigas poderiam rejeitar.

3.2 - Pó seco

Os inseticidas na formulação pó seco são aplicados com bombas manuais ou motoriza-das.

A aplicação de pó apresenta maior índice de ineficiência de controle do que o uso de iscas ou de inseticida nebulizado. Essa dificul-dade de controle está associada à estrutura complexa dos formigueiros maiores que podem ter centenas de “panelas” e estar situadas até 8 m de profundidade no perfil do solo.

Os canais de comunicação entre as panelas, às vezes, estão interrompidos, dificultando a penetração do pó em todo o formigueiro. O inseticida pó deve ser aplicado quando o solo está seco e nos dias de intensa atividade externa das formigas. Quando a umidade do solo é elevada o pó adere nas paredes dos canais e a distribuição no formigueiro pode ser prejudicada.

3.3 - Líquido nebulizado

O uso de inseticidas nebulizados é antigo e foi adotado com substratos queimados em fumigadores e bombeado para dentro dos formigueiros com fole manual.

A nebulização pode ser feita com micro-pulverizador (frio) propulsionado com gás (GLP) formando gotas de tamanho pequeno (10 micra) ou aquecido (termonebulização) em motores ou resistências elétricas.

Equipamentos adaptados a pequenos motores (moto-serra) ou acoplados ao escapamento de tratores são os mais freqüentes.

A termonebulização é eficiente no controle de formigueiros, inclusive aqueles de maior tamanho, quando feito nos momentos de intensa atividade das formigas e aplicado em diferentes pontos do ninho.

5 - Observações complementares

A eficácia de formicidas (iscas, pós ou gases) está diretamente relacionada com o momento de aplicação do produto e à dose do produto proporcional ao tamanho do formigueiro.

Em geral, os “olheiros” localizados na área de maior movimentação de solo são menos ativos e as “panelas” com maior atividade estão ao lado do local em que aparece maior volume de terra do formigueiro. Por isso, é importante aplicar isca, pó ou inseticida nebulizado em mais de um “olheiro” e escolher os mais ativos das bordas do formigueiro.

A aplicação de pó ou de gás nebulizado deve ser feita com vigor e com tempo suficiente para atingir todos os ambientes do formigueiro.

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