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Rótulos foram feitos para produtos, não para pessoas


Alexander Silva de Resende

Espero o dia que na agricultura os produtos venham de fato, com um rótulo que me permita rastrear como e onde aquele produto foi produzido; quando e quais agroquímicos recebeu; se vem de uma propriedade agrícola adequada social e ambientalmente ou se vem de um produtor que não se preocupa com essas questões... Bom, isso é ainda um sonho... Existem de fato alguns produtos e produtores que se orgulham da forma que produzem, mas muitos ainda preferem não revelar os detalhes... Mas um dia chegaremos lá...

Independente disso, muitos produtos possuem rótulos com informações nutricionais: se possuem glúten ou não; lactose ou não; endereço da fábrica; se são orgânicos ou não; entre outras tantas possibilidades de rótulo que nos orientam sobre o que estamos comprando. É certo que tudo isso ainda vai melhorar muito. Mas estamos no caminho certo! Rótulos são para produtos.

O outro lado dessa história é que as pessoas se acostumaram e gostam de rótulos, pois o rótulo em produtos, informa, orienta, ajuda. Mas o problema é que algumas gostam tanto, que resolveram usá-los para tudo e para todos: João é muito grosso; Maria é muito encrenqueira... e por aí vai... menos mal quando fazem isso com os adultos...

Mas quem tem filhos em idade escolar, sabe o quanto isso é cruel... rotular uma criança, que passa por fases, que está com seu caráter e sua personalidade em formação, é pura maldade... principalmente quando isso é feito por adultos...

Temos dentro de nós todos os rótulos... as vezes somos gentis, carinhosos, mal-educados, simpáticos, antipáticos... enfim... todos estão dentro de nós, mas usamos o que queremos e quando queremos.

Mas no processo de educação infantil todos aparecem com maior ou menor grau em um dado momento... temos, como pais e educadores, que trabalhar cada fase da criança para lapidar sua personalidade.  Quando rotulamos crianças, muitas vezes tiramos dela a oportunidade de viver as outras fases, por que nós configuramos uma fase, normalmente a que mais nos desagrada, como sendo um rótulo definitivo: Joaozinho é muito agressivo, Mariazinha é muito mal-educada... e não é... é só uma fase agressiva, só uma fase mal educada, só uma fase carinhosa... a criança, o jovem o adolescente está em formação... nada é definitivo...

Aos adultos peço para que não rotulem nem os seus filhos e nem os dos outros, nem seus alunos, sobrinhos, vizinhos... deixemos os rótulos para os produtos e não para as pessoas. Vamos trabalhar cada fase da melhor forma possível e assim tentarmos deixar adultos melhores para o mundo... sem rótulos.

Um forte abraço.

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