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Contratos de pluma podem não cobrir desembolso do algodão na safra 2014/15

Cenário econômico para cotonicultura é negativo


A compra de insumos para o algodão da safra 2014/15 está praticamente finalizada, o que permite uma boa estimativa dos custos desta temporada. Do lado da receita, às vésperas de se começar um novo ciclo, o cenário econômico para cotonicultura é negativo. Os contratos negociados recentemente nem ao menos cobrem o desembolso de algumas tecnologias de cultivo.

De agosto até outubro, os contratos efetivos de exportação caminharam em baixa, ficando entre R$ 1,6814/lp e R$ 1,7822/lp com base FOB Santos com entrega em set/15 e entre R$ 1,5067/lp e R$ 1,5791/lp negociados na Ice Futures com vencimento out/15. As cotações só não foram menores porque o dólar deu alguma sustentação.
Tomando-se como base Campo Verde (MT), os contratos efetivados nos últimos três meses na condição a retirar com base FOB Santos, com entrega em set/15, tiveram média de R$ 1,5998/lp. Já a média dos últimos três meses do contrato Out/15 a retirar com base ICE Futures foi de R$ 1,4421/lp. Mesmo com esses patamares abaixo do mínimo oficial, o Custo Operacional (CO) do algodão ainda pode ser quitado em alguns casos – considerando-se coeficientes técnicos da safra 2012/13.

Em Primavera do Leste (MT), o CO médio do algodão safra foi estimado na média de R$ 5.668,51/ha – com compras de insumos entre mar/14 e set/14. O algodão convencional (NOGM) foi calculado em R$ 5.472,23/ha; o WS (resistente a insetos), a R$ 5.594,48/ha e o LL (tolerante ao glufosinato de amônio), a R$ 5.938,83/ha. Apesar do maior custo do algodão LL, a rentabilidade sobre o custo operacional (RRCO) com base nos contratos a termo FOB Santos apresentou resultado positivo de 6%, melhor que os 2% do algodão NOGM e também o empate obtido pelo WS, que apenas zerou a conta. Já com base na comercialização na ICE Futures, contrato Out/15, as respectivas RRCO foram de -5%, -8% e -10%. 

O algodão segunda safra 0,76 m em Campo Verde apresentou resultados muito distintos para o WS e o LL. Enquanto o algodão WS ficou com RRCO de -6% nos negócios FOB Santos e -15% na Ice Futures, o LL apresentou rentabilidade de 15% e 4%, respectivamente, o melhor resultado dentre os sistemas avaliados em Mato Grosso. Quanto ao CO, o primeiro foi estimado em R$ 5.706,79/ha e o outro, em R$ 5.405,47/ha.

Para o algodão segunda safra 0,45m em Rondonópolis, o desembolso foi calculado em R$ 4.341,48/ha para o NOGM e em R$ 4.503,98/ha para o LL. Com base nos contratos a termo entregues em Santos, a RRCO ficou em -27% para o NOGM e -7% para o LL. Já se a referência de venda for o contrato Out/15 da Ice, a RRCO foi de -34% e -16%, respectivamente. 

Sem expectativa de aumento dos preços, o produtor deve se concentrar em melhorar o
rendimento produtivo, mas sem aumentar custos. Afinal, quanto produzir para zerar os custos a este patamar de preços?

A produtividade do algodão safra que se equipara aos custos operacionais é de 1.609,5 kg de pluma/ha, considerando-se a média de preços dos contratos de exportação FOB Santos com entrega em set/15. Já pela base Ice Futures vencimento Out/15, o rendimento precisaria ser de 1.783,8 kg de pluma/ha.

Para o algodão segunda safra 0,76 m, a produtividade de 1.577,6 kg de pluma/ha é o suficiente para cobrir o CO nos contratos FOB Santos e, na base nos contratos futuros, seriam necessários 1.748 kg de pluma/ha. Já o algodão 0,45 m precisa de apenas 1.255,8 kg de pluma/ha ou 1.391,7 kg/ha de pluma, respectivamente, para ter seus custos saldados.

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