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Como controlar a septoriose / mancha-de-septória no tomateiro (Septoria lycopersici)?

Leia sobre o controle da septoriose / mancha-de-septória no tomateiro (Septoria lycopersici)!


Foto: Divulgação

A septoriose é causada pelo fungo Septoria lycopersici, e ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de tomate no mundo, podendo ocorrer também em outras solanáceas (berinjela, batata, jiló etc.) sendo mais frequente em épocas quentes e chuvosas. A doença causa a desfolha, e em algumas regiões ou épocas de cultivo as perdas de produção podem ser de até 100%, junto com a morte das plantas.

A doença ocorre em qualquer estádio de desenvolvimento do tomateiro, mas a ocorrência mais frequente é após o início da frutificação, nas folhas baixeiras. Os sintomas da doença são manchas encharcadas em formato semelhante ao circular, com 2 a 3 mm de diâmetro no limbo da face abaxial das folhas, mas podem ocorrer também no pecíolo, caule, cálice, flores e raramente nos frutos.

Condições de alta umidade e temperaturas entre 25º e 27º (ótima de 25ºC) favorecem o fungo, que precisa de 48 horas de água livre na folha para penetrar na planta. Cerca de 6 dias após a infecção surgem as lesões. Assim, longos períodos com temperaturas entre 20º e 25ºC, junto com chuvas e/ou orvalhos e presença de inóculo favorecem epidemias da doença.

Conforme a doença avança, as lesões ficam com coloração marrom acinzentada no centro e bordas escurecidas com halo amarelo, podendo chegar a 5 mm de diâmetro. Em casos severos da doença, as lesões podem coalescer, adquirindo agora um formato irregular, e as folhas ficam amareladas, secam e caem. Quando as lesões ocorrem no caule, não ocorre a formação de halo.

Com o avanço da doença, as lesões passam a surgir nas folhas mais novas na parte superior, resultando na desfolha da planta. Os frutos formados em plantas desfolhadas ficam menores e queimados devido à exposição ao sol.

O fungo pode persistir em restos culturais no solo entre um cultivo e outro, ou em plantas solanáceas, como batata, berinjela, ou as daninhas urtiga-de-cavalo, erva-moura etc., ou até em sementes contaminadas. Estruturas do fungo sobrevivem também em restos de madeira ou bambu usadas no tutoramento.

As estruturas do fungo podem ser disseminadas a longas distâncias em sementes contaminadas, ou para plantas vizinhas através do impacto das gotas de água da chuva ou de irrigação, associadas a ventos fortes. A doença também pode ser disseminada pelos trabalhadores, implementos / ferramentas agrícolas e por insetos. 

 

Controle (manejo integrado) da septoriose / mancha-de-septória no tomateiro

A prevenção e o manejo integrado são muito importantes para o controle da septoriose, pois a partir do momento em que a doença está disseminada na lavoura, o seu controle é difícil. Vamos ler abaixo práticas de controle para a doença:

  • Utilizar sementes e mudas sadias. Mudas infectadas devem ser descartadas;
  • Evitar tratos culturais quando as folhas estão molhadas;
  • Realizar a adubação equilibrada, mantendo a planta com maior resistência para suportar doenças;
  • Usar fungicidas protetores, principalmente em condições favoráveis à doença, aplicando logo que surgem os primeiros sintomas. Em condições favoráveis, usar também fungicidas sistêmicos;
  • Quando ocorre grande incidência da doença em uma safra, não reaproveitar a estrutura para tutorar as plantas na safra seguinte;
  • Realizar a rotação de culturas por pelo menos 2 anos, utilizando plantas que não sejam da família Solanaceae;
  • Eliminar, enterrar ou pelo menos aplicar uréia 5% em materiais em que o fungo possa permanecer, como restos culturais no final da safra. Plantas daninhas, próximas ao cultivo, que possam hospedar o fungo, principalmente as da família Solanaceae também devem ser removidas;
  • Não realizar plantios adensados. O adensamento resulta em maior umidade, o que favorecer a doença;
  • Não irrigar por aspersão, evitando que as folhas fiquem molhadas favorecendo a infecção do fungo. Caso a irrigação seja por aspersão, irrigar pela manhã para que as folhas sequem antes do anoitecer;
  • Acompanhar estações de aviso fitossanitário, acompanhando o avanço da doença na região, permitindo o controle mais preventivo.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

LOPES, C. A.; REIS, A.; BOITEUX, L. S. Doenças fúngicas. In: LOPES, C. A.; ÁVILA, A. C. (Ed.). Doenças do tomateiro. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2005. p.17-51.

REIS, A.; BOITEUX, L. S.; LOPES, C. A. Mancha-de-septória: doença limitante do tomateiro no período de chuvas. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2006. (Embrapa Hortaliças. Comunicado Técnico, 37).

VALE, F. X. R. do; ZAMBOLIN, L.; ZAMBOLIN, E. M.; ALVARENGA, M. A. R. Manejo integrado das doenças do tomateiro: epidemiologia e controle. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: produção em campo, em casa-de-vegetação e em hidroponia. Lavras: UFLA, 2004. p. 213-308.

ZAMBOLIN, L.; VALE, F. X. R.; COSTA, H. (Ed.). Controle de doenças de plantas de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. 444 p.

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