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Produção de tomate em campo - Preparo da área e sistemas de condução

Leia sobre o preparo da área e sistemas de condução do tomateiro a campo!


Foto: Divulgação

O tomateiro pode ser produzido a céu aberto (em campo) ou em ambiente protegido, sendo este último dividido em cultivo no solo e cultivo hidropônico.

O cultivo a campo é feito através de diversas etapas, vamos ler sobre elas abaixo!

 

Escolhendo a área de cultivo

Após a instalação da cultura não é mais possível corrigir erros primários, dessa forma, é importante fazer uma escolha muito bem pensada da área de cultivo, considerando o acesso, disponibilidade de água de boa qualidade, ausência de pedras no solo, boa capacidade de retenção de umidade e arejamento do solo, topografia que favoreça a mecanização, condições químicas, físicas e biológicas etc.

 

Preparo do solo para o cultivo de tomate

O preparo do solo para o cultivo de tomate é feito fazendo-se a aração da camada superficial do solo, deixando-o mais solto, permeável e aerado. Deve ser feita principalmente em solos argilosos com drenagem deficiente, não sendo tão necessária em solos arenosos. A primeira aração é feita entre 30 e 60 dias antes do plantio, em profundidade de 30 a 30 cm, e a segunda com uns 15 dias antes do plantio, com 20 a 25 cm de profundidade.

Após, realiza-se a calagem, incorporando o calcário com no mínimo 90 dias de antecedência. Se a dosagem for maior do que 4t / ha, aplicar uma parte antes da aração e a segunda após a primeira gradagem. A gradagem destorroa e nivela o solo, deixando-o preparado para o plantio, fazendo-se a primeira após a aração ou após a calagem, incorporando o calcário, e a segunda às vésperas do transplante, eliminando também plantas daninhas.

Então, realiza-se a marcação dos sulcos de plantio, em nível ou com o gradiente, dependendo da irrigação. Se esta for feita por infiltração por sulcos, o gradiente deve ser de 0,5% a 1,5% para escoar a água. A área é dividida em talhões, com sulco com comprimento máximo de 15 metros. Já na irrigação por gotejamento, os sulcos são marcados em nível, dividindo a área em talhões com maior comprimento, com 30 a 100 metros, a depender da declividade, manejo e características do sistema gotejador.

Feitas as demarcações dos sulcos, realiza-se a adubação de plantio no fundo dos sulcos, antes do transplantio das mudas. Quanto à produção de mudas, você pode ler mais sobre o assunto clicando aqui.

 

Transplantio

Antes do transplantio, deve-se descartar as mudas mais fracas, transplantando as mudas com caules e folhas verdes e firmes. As mudas são transplantadas para o solo, quando tiverem entre 22 a 35 dias (a depender da temperatura e luminosidade), quando estas possuírem entre 3 e 5 folhas definitivas. No transplantio, as raízes da muda devem ocupar todo o espaço de célula da bandeja, o que facilita o transplantio, diminuindo o risco de destorroar. O transplantio deve ser feito preferencialmente quando a transpiração é menor, o que ocorre no fim da tarde ou em dias nublados. A irrigação antes de transplantar as mudas favorece o processo.

 

Espaçamento

Deve possibilitar a máxima produção sem prejudicar o tamanho do fruto e manejo fitossanitário. Altas densidades de plantas diminuem o tamanho do fruto, além de prejudicar a ventilação e a entrada de luz, o que favorece a propagação de doenças. O espaçamento varia entre 1 e 2,2m entre fileiras, e 0,40 a 0,70 m entre plantas, sendo o mais utilizado 1,1 a 1,2 m entre fileiras, e 0,5 a 0,7 m entre plantas, conduzido com duas hastes por planta. Cultivares que produzem frutos de maior tamanho, como a cultivar salada, são posicionadas com maior espaçamento. Maiores espaçamentos também são utilizados em produções durante o verão. Em áreas mecanizadas pode-se cultivar o tomateiro com fileiras duplas, com 0,6 a 0,9 m entre fileiras, e 1,5 a 2,7 m entre fileiras duplas.

Em cultivares de crescimento indeterminado, pode-se utilizar espaçamentos de 1 a 1,3 m entre fileiras e 0,3 a 0,4 m entre plantas, no caso de fileiras simples com uma haste por planta, ou 0,5 a 0,7 m entre plantas com duas hastes por planta. Em cultivares de crescimento determinado, pode-se utilizar 1,0 a 1,3 m entre fileiras, com 0,35 a 0,45 m entre plantas, com desbrota somente até o primeiro ramo floral.

 

Sistemas de condução

Sistemas de condução para cultivares de crescimento indeterminado

Essa decisão deve ser feita antes da semeadura, pois determinará se serão colocadas uma ou duas sementes por célula. Após o transplante, deixa-se uma ou duas hastes por planta. No campo, os tomates de crescimento indeterminado podem ser produzidos com os sistemas de condução:

  • Com uma planta por cova e uma haste por planta: utilizado para o mercado consumidor exigente, que busca por frutos graúdos. Recomenda-se que que o grupo Salada, de crescimento indeterminado, seja sempre cultivada nesse sistema, pois o tamanho do fruto influencia nos preços, ainda que desconsiderando a exigência do mercado.
  • Com uma planta por cova e duas hastes por planta: recomendado para o cultivo de híbridos de crescimento indeterminado, cujas sementes são caras. Cada planta possui um acréscimo de 50% ou mais de produção em relação ao sistema anterior, mas é necessário fazer desbaste dos frutos na penca, principalmente nas pencas superiores, mantendo um bom padrão dos frutos;
  • Com duas plantas por cova e uma haste por planta: recomendado para sementes de baixo custo, como algumas cultivares de polinização aberta. A semeadura é feita com duas sementes por célula, sem necessidade de desbaste das mudas após o transplantio. As duas plantas se desenvolvem na mesma cova, com uma haste cada uma. A produção é de pelo menos 10% a mais do que no sistema anterior.
  • Com capação baixa, com uma planta por cova e uma haste por planta: usado para cultivares consumidas "in natura", geralmente não híbridas. A planta é podada ou capada após o quarto ramo floral, ficando com uma altura máxima de 1 a 1,2 m. O estaqueamento é individual, fincando as estacas na vertical, e cada planta é totalmente desbrotada, ficando apenas uma haste. Nesse sistema, o ciclo é encurtado, durando no máximo 130 dias, podendo diminuir a incidência de doenças. As plantas, conduzidas com 4 cachos/planta, terão frutos com maior tamanho.
  • Superadensado: nesse sistema a produtividade é maior mas o peso médio dos frutos é menor. Usa-se o espaçamento de 1,5 m entre fileiras e 0,15 m entre plantas, conduzindo-se uma haste por planta e cinco a sete cachos por haste, através da desponta, raleados com cinco frutos. As hastes são tutoradas com fitilhos amarrados alternadamente em dois arames fixados em mourões, com altura aproximada de 2 m, distanciados em 0,5 m entre eles.

 

Sistemas de condução para cultivares de crescimento determinado

Essas cultivares têm seu crescimento limitado devido à emissão de inflorescência terminal, atingindo uma altura entre 0,8 e 1,3 m. Essas cultivares são conduzidas com quatro a seis hastes, e o número de pencas produzidas por planta pode ser limitado entre 8 e 10, para manter o bom tamanho dos frutos. Realiza-se a desbrota até a altura do primeiro ramo floral. Até o fim do desenvolvimento, a planta emite cerca de quatro a seis hastes.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALVARENGA, M. A. R. Sistemas de produção em campo. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: Editora Universitária de Lavras, 2022. cap. 8, p. 237-267.

CAMPOS JP; BELFORT CC; GALVÃO JD; FONTES PCR. 1987. Efeito da poda de haste e da população de plantas sobre a produção do tomateiro. Revista Ceres 34: 198-208.

GUIMARÃES, M. DE A. et al.. Produção e sabor dos frutos de tomateiro submetidos a poda apical e de cachos florais. Horticultura Brasileira, v. 25, n. 2, p. 265–269, abr. 2007.

MARIN BG; SILVA DJH; GUIMARÃES MA; BELFORT G; TEIXEIRA MB. 2001. Sistemas de condução de tomateiro visando produção na primavera e verão. Horticultura Brasileira 19: 227.

OLIVEIRA VR; CAMPOS JP; FONTES PCR; REIS FP. 1995. Efeito do número de hastes por planta e poda apical na produção classificada de frutos de tomateiro (Lycopersicon esculentum MILL.). Ciência e Prática Lavras 19: 414-419.

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