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Como ocorrem as perdas de trigo na colheita?

Leia sobre como ocorrem as perdas de trigo na colheita.


Foto: Canva

Segundo Brasil (1993), as perdas durante a colheita de trigo, em média, chegam a 5%. Se somarmos as perdas que ocorrem após a colheita, durante o transporte, armazenamento e processamento industrial, as perdas chegam a 15%. As perdas se relacionam com a regulagem da colhedora e mecanismos e teor de umidade dos grãos. O ajuste de alguns parâmetros na colhedora como velocidade de avanço, rotação do cilindro, abertura do côncavo e fluxo de ar já podem reduzir significativamente as perdas.

Estudo realizado por Portella (1981) encontrou perdas médias de trigo de 5% em média, baixando para 3,0% apenas com algumas regulagens básicas. Quanto à umidade, na colheita realizada com 16% de umidade nos grãos houve perda de 5,4% em média, ao passo que na colheita com 12% houve 1,8% de perda de grãos. Para estimar as perdas na colheita, pode-se usar o copo medidor de perdas. O mesmo autor em 1997 constatou que no trigo colhido com a umidade de 26,4% houve perdas de 8,6%, já no trigo colhido colhido com 18,1% de umidade houve perdas de 5,1%. Porém, vale destacar que o índice de grãos quebrados é proporcional ao teor de umidade. A colheita de grãos com teores mais altos de umidade resulta em menor quebra.

 

Onde ocorrem as perdas de trigo na colheita?

Perdas em pré-colheita

São as perdas de grãos ou espigas caídos no solo antes da colheita. É causada por condições climáticas adversas, como vento ou chuva, doenças, pragas ou devido à cultivar utilizada.

 

Perdas na plataforma de corte

Causadas pelo desnivelamento da plataforma, pneus descalibrados, alta velocidade do molinete (acima de 25% da velocidade de avanço), sem-fim alimentador muito baixo, molinete muito avançado, folga na barra de corte, corte irregular das navalhas ou alta velocidade de deslocamento.

 

Perdas na unidade da trilha

Pontas de espigas parcialmente trilhadas, que saem da colhedora através dos saca-palhas e peneiras. São causadas por: abertura entre côncavo e cilindro, baixa rotação do cilindro ou alta velocidade de deslocamento.

 

Perdas nos saca-palhas

Caracterizada pelos grãos soltos que não foram separados da palha e saem para fora da colhedora pelo saca-palhas. Ocorre devido à extensão do côncavo desajustada, ventilação incorreta, sobrecarregamento do saca-palhas ou alta velocidade de deslocamento.

 

Perdas nas peneiras

São os grãos que saem pelas peneiras, causadas por rotação inadequada do ventilador, direção incorreta do fluxo de ar, peneira superior muito fechada, alta rotação do cilindro ou desalinhamento entre cilindro e côncavo.

 

Como calcular as perdas de trigo na colheita?

Para medir as perdas de grãos na colheita do trigo devemos usar métodos eficientes de medição, evitando fazer estimativas visuais que geralmente resultam em valores equivocados.

 

Rendimento da lavoura

Antes de calcularmos a porcentagem das perdas, devemos conhecer o rendimento da lavoura. Para isso, colhemos uma área de 100m² com um saco de aniagem na entrada de grãos no tanque graneleiro. Os 100 m² devem ser calculados a partir da largura da plataforma de corte. Abaixo você pode conferir a área necessária a ser colhida conforme a largura da plataforma de corte para colher 100m².

Distância percorrida para completar 100m² com diferentes larguras de plataforma de corte..
Largura da plataforma de corte Distância a ser percorrida
13 pés 26 metros
14 pés 24 metros
16 pés 21 metros
18 pés 19 metros
19 pés 18 metros
20 pés 17 metros

Após a colheita, devemos pesar os grãos, usando a fórmula:

Peso da amostra x 100 = rendimento em kg/ha.

Por exemplo, caso a amostra de 100m² coletada no saco pese 100 kg:

100m² - 18 kg de perdas
10000m² - x
X = 1800 kg / ha

 

Armação para amostragem das perdas

Para calcular as perdas de trigo detalhadas abaixo, iremos utilizar uma armação em forma de retângulo feita com barbante. Um dos lados deve ser igual à largura da plataforma de corte, e o outro lado deve ser manejado de forma que a área do retângulo seja de um metro quadrado. Para auxiliar neste cálculo, observe a imagem e tabela abaixo.

Dimensão da armação para amostrar 1m² de perda na colheita.
Largura da plataforma A (m) B (m)
13 pés 3,90 0,26
14 pés 4,20 0,24
16 pés 4,80 0,21
18 pés 5,40 0,19
19 pés 5,70 0,18
20 pés 6,00 0,17

 

Perdas de trigo em pré-colheita

Para esta avaliação, montamos três armações de 1 metro quadrado em diferentes locais da área a ser colhida. A armação deve ser feita com barbante, no sentido transversal à semeadura. Então, contamos os grãos dentro dessa área, contando também os que estão nas espigas caídas, e depois somamos os grãos das três armações e dividimos por três, obtendo a média de grãos perdidos por m².

 

Perdas de trigo na plataforma de corte

Para avaliar as perdas na plataforma de corte, colhemos uma área pequena até completar cerca de um quarto do tanque graneleiro. Então, paramos a colhedora, deixando-a funcionar até toda a palha ser jogada para fora. Depois, retrocedemos a colhedora até a distância igual ao comprimento da mesma. Armamos o medidor na parte colhida na frente da colhedora, e contamos os grãos, contando também os que estão nas espigas.

Este mesmo processo é repetido, colhendo posteriormente até meio tanque, contabilizando novamente, e colhendo por fim até três quartos de tanque, obtendo a terceira e última medida. Após, somamos as três medidas e dividimos por três, obtendo a média de grãos perdidos. Deste número, subtraímos o resultado das perdas em pré-colheita detalhado acima, obtendo o valor de perda na plataforma de corte.

 

Perdas de trigo na trilha, nos saca-palhas e nas peneiras

O medidor deve ser armado atrás da colhedora (na parte já colhida), e então contamos os grãos, contando também os que estão nas espigas. Repetimos esse processo mais duas vezes, somando os três valores e dividindo por três. Do resultado, subtraímos a perda de grãos em pré-colheita e de plataforma, obtendo como resultado final as perdas de trigo na trilha, nos saca-palhas e nas peneiras.

 

Perda total de trigo da colhedora

Para calcularmos a perda total de trigo na colhedora, basta somarmos as perdas na plataforma com as perdas na trilha. Caso estas perdas somem 150 grãos / m², considerando o peso de mil sementes (aproximadamente 40 gramas), podemos estimar a perda por hectare:

 

1000 sementes - 40 gramas
150 sementes - x
x = 6 gramas

 

6 gramas - 1 m²
x gramas - 10000m²
x = 60.000 gramas / hectare (60 kg/ha)

 

Porcentagem de perdas 

Para obtermos a porcentagem de perdas, fazemos o seguinte cálculo:

Porcentagem de perdas = (Perda total kg/ha x 100) / Rendimento da lavoura kg/ha (calculado anteriormente).

Porcentagem de perdas = (60 x 100 / 1800 = 3,11%

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Perdas na agropecuária brasileira: relato preliminar da Comissão Técnica para Redução das Perdas na Agropecuária. Brasília, DF, 1993. 1 v.

PORTELLA, J. A. Avaliação de perdas na colheita de trigo. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 1981. 6 p.

PORTELLA, J. A. Perdas de trigo, de soja e de milho x umidade de grão durante a colheita mecanizada. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 26., 1997, Campina Grande. Resumos... Campina Grande: SBEA: UFPB, 1997.

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