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Qual o momento certo para colher o trigo? Como secar e armazenar o grão?

Leia sobre o momento mais adequado para colher o trigo, e como secar e armazenar o grão.


Foto: Divulgação

Qual o momento certo para colher o trigo?

As perdas de grãos na colheita do trigo podem ocorrer de duas formas distintas:

  • Perdas em pré-colheita: causadas pela perda da qualidade dos grãos devido ao ataque de fungos, pragas, acamamento, debulha natural, fenômenos climáticos como chuva e granizo etc. Aumentam progressivamente conforme o grão maduro não é colhido.
  • Perdas durante a colheita: devido ao mau uso da colhedora, podendo ocorrer em diversos pontos como na plataforma de corte, trilha, saca-palhas ou peneiras.

O momento em que os grãos de trigo alcançam o máximo peso seco (momento conhecido como maturação fisiológica) ocorre quando os grãos possuem cerca de 30% de umidade. Desse ponto em diante, ocorre apenas perda de água e os grãos podem ser colhidos. Conforme a umidade do grão vai diminuindo, as perdas de pré-colheita, citadas anteriormente, vão aumentando.

O momento mais recomendado para se iniciar a colheita é quando o grão possui umidade de 16% a 18%, sendo o momento em que a colhedora possui melhor desempenho na colheita. Isso ocorre pois ocorre menor debulha e menor trituração da palha, bem como melhor eficiência do saca-palhas e peneiras de limpeza. Para o trigo ser comercializado, deve estar com umidade de 13%, devendo passar pela secagem artificial. O custo com a secagem pode ser compensado, através da colheita antecipada, redução da germinação na espiga e diminuição das doenças, que ocorrem de forma mais intensa em anos mais chuvosos.

Apesar do grão poder ser colhido antes, com umidades superiores, não se recomenda colher com umidade acima de 18%, pois nesse estágio, o grão pode sofrer danos mecânicos, como esmagamento, que afeta diretamente na qualidade final do produto e peso do hectolitro.

O trigo também pode ser colhido depois, com umidade de aproximadamente 14%. Porém, esperar até esse momento envolve um alto risco, visto que o grão ficará mais tempo no campo, à mercê de pragas, doenças, fenômenos climáticos, acamamento etc. Além disso, pode ocorrer quebra de grãos durante a trilha e separação, e perdas por debulha na plataforma de corte.

A pós-colheita é uma etapa que merece muita atenção, pois influencia diretamente na qualidade do grão. Durante esse processo, diversos cuidados devem ser tomados para reduzir as perdas, sejam elas em quantidade ou em qualidade. 

 

Secagem do trigo

A secagem é um processo que deve ser feito com cautela e da maneira certa, pois esse processo influencia na qualidade do grão. Ter a possibilidade de secagem dá a possibilidade de um melhor planejamento da colheita e uso mais eficiente da mão-de-obra e dos equipamentos.

O grão de trigo deve ser armazenado com 13% de umidade, logo, grãos com teores de umidade acima disso devem passar pelo processo de secagem. Quando a umidade for maior que 16%, recomenda-se realizar a secagem lenta, evitando causar danos físicos aos grãos. Para não haver perdas de qualidade do grão, a temperatura máxima na secagem deve ser de 60ºC.

A secagem artificial movimenta grandes massas de ar quente até atingirem temperaturas de 40ºC a 60ºC na massa de grãos, secando estes em um tempo reduzido. Este tipo de secagem requer bastante potência, feita com o uso de combustíveis, sendo a lenha a mais utilizada. Porém, a lenha causa uma combustão descontínua e irregular, além de formar fumaça que prejudica a qualidade dos grãos, e demandar bastante mão-de-obra. Como alternativa, existe o uso de gás liquefeito de petróleo (GLP), que vem se difundindo em secadores com condições de queima mais controladas.

 

Armazenamento dos grãos de trigo

No armazenamento do trigo, devemos tomar cuidado com diversos fatores como a presença de pragas e fungos, os quais você pode encontrar mais informações na nossa seção sobre trigo, e fatores que influenciam a qualidade tecnológica do grão, como:

  • Umidade: umidades abaixo de 13% permitem que o grão seja armazenado por um longo período sem uma deterioração significante;
  • Temperatura: o metabolismo do trigo é baixo em baixas temperaturas, permitindo uma melhor conservação do grão;
  • Aeração: a aeração renova o ar e reduz a temperatura e umidade da massa de grãos;
  • Integridade do grão: grãos danificados podem hospedar esporos de fungos e bactérias, aumentando a respiração destes em comparação aos grãos inteiros, causando maior deterioração.

Antes de armazenar o trigo, durante a recepção, devemos identificar o lote, separando lotes de trigo germinado e aqueles com teores de umidade diferentes entre si. O grão também é armazenado de acordo com a sua classe comercial e tipo de produto final que será destinado.

 

Requisitos para a qualidade tecnológica dos grãos de trigo

  • Aparência: grãos com cor e brilho normais, sem defeitos e/ou danos (causados pela colhedora ou secagem) e não germinados;
  • Sanidade: grãos livres de doenças causadas por bactérias ou fungos, sem cheiro de mofo, sem infestação de insetos ou roedores;
  • Limpeza: grãos sem resíduos, palhas, pedras, fragmentos vegetais, poeira, sementes de outras espécies ou excrementos;
  • Qualidade de moagem: trigo com boa extração de farinha.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

JORIS, H. A. W. et al. Informações técnicas para trigo e triticale: Safra 2022. 14ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de TRIGO E TRITICALE, Fundação ABC e Biotrigo Genética, ed. 1, 2022.

PIRES, J. L. F.; VARGAS, L.; CUNHA, G. R. da. Trigo no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável. [S. l.: s. n.], 2011.

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