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A importância do potássio no trigo

Tudo o que você precisa saber para o manejo do potássio na sua lavoura de trigo.


Foto: Divulgação

Cerca de metade dos solos brasileiros são pobres em potássio, refletindo diretamente no desenvolvimento e produtividade das plantas, visto que geralmente este nutriente é aplicado apenas no plantio, e não muito na semeadura.

Quanto maior a quantidade de carga negativa do solo, maior a chance (e quantidade) do fertilizante potássico passar para a fase sólida após sua dissolução, pois parte do potássio na solução do solo vai para a parte trocável (cargas negativas), sendo muitas vezes necessária uma maior aplicação. Já os solos com baixa CTC como por exemplo solos arenosos terão uma alta lixiviação do nutriente, principalmente com bastante chuva e/ou em áreas declivosas. Neste cenário, pode-se optar por um parcelamento da aplicação.

Quanto à função do potássio na planta, este elemento é responsável direta ou indiretamente por várias atividades dentro da planta, como a abertura e fechamento de estômatos (ligada à absorção de água), ativação de inúmeras enzimas, fotossíntese e translocação de sintetizados, resistência à importantes doenças, crescimento de meristemas e qualidade de produtos agrícolas. No trigo, o potássio é diretamente relacionado ao aumento de produtividade de grãos, produção de palhada e diâmetros dos colmos, além de otimizar o aproveitamento de outros nutrientes importantes.

 

Sintomas de deficiência de potássio no trigo

Quando ocorre deficiência de potássio no trigo, os aminoácidos básicos (arginina, ornitina, citrulina) se acumulam, causando clorose e necrose das pontas e margens das folhas mais velhas (pois o nutriente migra para as partes mais novas da planta quando ocorre deficiência). Além disso, as folhas com deficiência de potássio são menores do que o normal. O crescimento da planta é reduzido, causado por encurtamento dos internódios. A deficiência de potássio também resulta em maior incidência de doenças e promove também o chochamento de grãos devido à senescência precoce das folhas. Já no caule, a deficiência do nutriente resulta em caules delgados e fracos, com internódios curtos, favorecendo o acamamento, que é acentuado com aplicações altas de nitrogênio em cobertura.


Sintoma de deficiência de potássio em trigo: folhas velhas apresentando pontas e margens cloróticas. Foto: Yara Brasil

 


Listras esbranquiçadas nas folhas (sintoma de deficiência de potássio). Foto: Yara Brasil

 

Qual a quantidade de potássio que devo aplicar no trigo?

A exigência de potássio para o ótimo crescimento de trigo varia entre 20 e 50 g/kg de massa seca vegetal. Geralmente, as tabelas de recomendações orientam a aplicar todo o potássio na semeadura. Porém, alguns experimentos apontam que a aplicação de 30 a 40 kg de K2O/ha em cobertura no perfilhamento proporciona resultados positivos quanto ao desenvolvimento e produtividade das plantas. Diversos resultados positivos foram obtidos também parcelando a aplicação entre 1/3 na semeadura, e 2/3 no estádio final do perfilhamento pleno ou até no início da formação do primórdio floral.

A eficiência de aplicação de fertilizantes potássicos é de 20 a 80%, a depender de diversos fatores. A aplicação pode ser feita de diferentes formas, conforme você pode ler na nossa página sobre o fertilizante potássio clicando aqui. De forma geral, pode ser aplicado a lanço ou na linha, sendo a aplicação na linha mais eficiente quando o solo apresenta teor baixo ou médio do nutriente. Já quando o teor de potássio é elevado, o método de aplicação tem pouco efeito na resposta do trigo. Devido à proximidade entre as fileiras de trigo, doses elevadas de potássio, se necessário, podem ser aplicadas ao lado e abaixo (no mínimo 2,5 cm) da linha de semeadura, de forma que não cause danos à emergência das plantas.

O teor de K2O no grão de trigo é de aproximadamente 6 kg/t, e a demanda de absorção do nutriente pela planta é de aproximadamente 3 vezes superior ao exportado pelos grãos, resultando em uma demanda de aproximadamente 20 kg de K2O para cada tonelada de grãos. Ainda que a exportação do nutriente pelos grãos não seja tão elevada, o consumo interno pelas plantas e perda do nutriente (escoamento superficial e lixiviação) são consideráveis, principalmente em solos de textura arenosa.

 

Manual de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (2016)

O manual se baseia na interpretação do teor de potássio no solo (extraído via Mehlich-1) conforme a CTC, para posteriormente fornecer uma dosagem de potássio para o trigo. Observe a tabela abaixo:

Tabela 1. Interpretação do teor de potássio no solo extraído pelo método Mehlich1, conforme a CTC do solo para o trigo.
Classe de disponibilidade CTCpH7,0 do solo
≤ 7,5 7,6 a 15,0 15,1 a 30,0 > 30,0
  ---------- mg de K/dm³ ----------
Muito baixo ≤ 20 ≤ 30 ≤ 40 ≤ 45
Baixo 21 - 40 31 - 60 41 - 80 46 - 90
Médio 41 - 60 61 - 90 81 - 120 91 - 135
Alto 61 - 120 91 - 180 121 - 240 136 - 270
Muito alto > 120 > 180 > 240 > 270

Obs: Se a análise de solo for feita por Mehlich-3, transformar previamente os teores em “equivalentes
Mehlich-1”, conforme equação: KM1= KM3 x 0,83.

 

Interpretado o teor de potássio no solo conforme a CTC, partimos para as tabelas com as quantidades de potássio a aplicar.

Interpretação do teor de potássio no solo Potássio por cultivo (kg de K2O / ha)
Muito baixo 110 70
Baixo 70 50
Médio 60 30
Alto 30 30
Muito alto 0 ≤ 30

Quando se busca rendimentos maiores do que 3 toneladas por hectare, acrescentar 10 kg de K2O/ha para cada tonelada adicional de grãos a serem produzidas.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

DARIO, G. J. A.; DARIO, I. S. N. Adubação. In: BORÉM, A.; SCHEEREN, P. L. Trigo: do Plantio à Colheita. [S. l.]: Universidade Federal de Viçosa, 2015. cap. 6, p. 119-140.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2016.

WIETHÖLTER, S. Fertilidade do solo e a cultura do trigo no Brasil. In: PIRES, J. L. F.; VARGAS, L.; CUNHA, G. R. da. Trigo no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável. [S. l.: s. n.], 2011.

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