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Como fazer a rotação / sucessão de culturas com o trigo?

Leia sobre a rotação de culturas no trigo.


Foto: Divulgação

No trigo, assim como no caso de outros cereais de inverno, é fundamental realizar rotação / sucessão de culturas, obedecendo os preceitos básicos para a prática, levando em consideração os diferentes aspectos dentro de um cenário de produção. Dentre as vantagens da rotação de culturas, temos:

  • redução de pragas, doenças e plantas daninhas;
  • aumento da fertilidade do solo;
  • redução da erosão;
  • diversificação (renda adicional) e estabilização da produção;
  • redução dos custos de produção;
  • otimização do uso de mão-de-obra, máquinas e equipamentos.

A rotação / sucessão de culturas deve ser planejada considerando as características das espécies envolvidas no programa, como por exemplo rentabilidade, quais equipamentos devem ser utilizados para o manejo das culturas e dos resíduos vegetais e o histórico da lavoura, além de ser necessário observar também se a fertilidade do solo atende as exigências nutricionais das plantas. Deve-se observar também que as plantas que participam de um sistema de rotação / sucessão de culturas não devem ter as mesmas pragas, doenças e plantas daninhas em comum, de modo a quebrar o ciclo destes problemas.

Alguns aspectos também devem ser avaliados na rotação de culturas:

  • Fitopatologia: para quebrar o ciclo de pragas e doenças, deve haver um intervalo antes das culturas que possuem o problema em comum serem semeadas novamente. Por exemplo, para cereais de inverno como o trigo, cevada, centeio e triticale, que possuem diversas doenças em comum, quando houver a presença de patógenos que habitam tecidos mortos (restos culturais), estas culturas só podem ser cultivadas na mesma área após 12 a 16 meses, de modo que se quebre o ciclo de vida destes microrganismos. Dessa forma, após o trigo, podem ser cultivadas culturas como aveia preta, nabo forrageiro, canola etc.
    Alguns estudos apontam que a rotação de culturas para o trigo, já no primeiro ano, diminui a incidência de mal-do-pé e podridão comum de 50% para menos de 20%, além de proporcionar também outros benefícios como maior produtividade devido ao melhor condicionamento do solo.
  • Eficiência energética: a energia acumulada nos alimentos produzidos e a energia fóssil consumida na produção (combustível, agrotóxicos, fertilizantes etc.) é um bom indicador da sustentabilidade na agricultura. Quanto maior a energia produzida em relação à energia consumida, melhor. A rotação de culturas geralmente é mais eficiente do que monocultivos de trigo/soja.
  • Eficiência econômica: a rotação de culturas amplia o retorno econômico da produtividade, pois otimiza o uso dos equipamentos e maquinário, diversificação da produção, melhoria das condições do solo, reduzindo gastos com fertilizantes, menor incidência de plantas daninhas, pragas e doenças, quando bem elaborado, evitando gastos com o controle etc.
  • Sustentabilidade: a rotação de culturas, quando elaborada de forma adequada, reduz a presença de plantas daninhas, pragas e doenças, reduzindo as aplicações de agrotóxicos no meio ambiente. Além disso, a rotação promove a recirculação de nutrientes que poderiam se perder no solo, reduzindo o consumo de fertilizantes. Além disso, as diferentes plantas usadas na rotação podem melhorar as condições do solo, revitalizando-o.  Outro exemplo é o fato de que a rotação de culturas faz com que o solo fique menos descoberto, reduzindo os riscos de erosão.

 

Tabela 1. Exemplos de rotação de culturas envolvendo o trigo.
Sistema Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão
1 Trigo Soja Ervilhaca Milho * * * * * *
2 Trigo Soja Aveia branca Soja Ervilhaca Milho * * * *
3 Trigo Soja Girassol / aveia preta Soja Aveia branca Soja Ervilhaca Milho * *
4 Trigo Soja Trigo Soja Aveia branca Soja Ervilhaca Milho * *
5 Trigo Soja Trigo Soja Girassol / aveia preta Soja Aveia branca Soja Ervilhaca MIlho

*Repete o sistema.
Fonte: Santos et al. (1998).

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

SANTOS, H. P. dos; LHAMBY, J. C. B.; PRESTES, A. M.; REIS, E. M. Características agronômicas e controle de doenças radiculares de trigo, em rotação com outras culturas de inverno. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 33, n.3, p. 277-288, 1998.

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