A propaganda é a alma do (agro)negócio

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Ainda lembro da palestra de José Luiz Tejon no Seminário Cooplantio de 2012. Naquela ocasião, enquanto abordava o tema central do Seminário, o Agroconhecimento, Tejon dizia que o produtor deveria ter agroatitude, fazer-saber. Isso mesmo, o produtor deveria fazer-o-mundo-urbano-saber o que é o mundo agro.

Em um resumo direto ao ponto, o agricultor e o pecuarista deveriam mostrar seu trabalho àqueles que não conhecem, àqueles que pensam em meio ambiente e acham que os produtores não se importam com ele, àqueles que acreditam que os animais são maltratados antes do abate e àqueles que simplesmente desconhecem a existência da realidade do campo.

Fiquei muito contente quando vi um primeiro exemplo do fazer-saber. Ainda em 2012, os irmãos Peterson, do estado americano do Kansas, colocaram vídeos no Youtube que fizeram muito sucesso. Dos mais didáticos, que mostravam como funciona o cultivo de trigo ou como se transporta a safra, até paródias de músicas famosas mundialmente, para mostras que o agro é sim muito importante. Filmaram o trabalho no campo de dia, de noite, no inverno, a lavoura crescendo, o confinamento do gado, o produto final no supermercado, enfim, todas etapas presentes no trabalho do produtor rural.

Após o sucesso dos vídeos, os irmãos deram diversas entrevistas, foram reconhecidos na rua e em grandes eventos e atingiram o objetivo: mostrar como é a lida do agricultor do Kansas, como ele tem respeito pelas vidas envolvidas e como ele é fundamental para alimentar as pessoas e os animais rurais e urbanos.

E eu pensei: por que não temos exemplos assim no Brasil?

Surgiu neste ano, então, a campanha publicitária do Mc Donald's em nossas programações televisivas. Mesmo sendo novamente um grupo americano, desta vez o foco foi o Brasil. Com o site www.alemdacozinha.com.br, a rede de lanchonetes mostra, também em vídeos, de onde vem a carne dos hamburgueres, onde são cultivadas as batatas antes de serem fritas e como são produzidos os pés de alface que compõem os sanduíches. Mesmo que a ideia inicial possa ter sido para anular os antigos boatos sobre "carne de minhoca" ou "batatas radioativas", o ponto final ficou com o papel do agricultor brasileiro na produção de alimento.

Com tantas campanhas boca a boca, em redes sociais e até em meios de comunicação demonizando o agricultor, se vê necessária uma ação como essas. O produtor se importa sim com o meio ambiente, usa com responsabilidade os agroquímicos, trata bem e respeita os animais que cria, trabalha muito duro para alimentar a população que o critica. Assim como Tejon disse em sua palestra, que comecem pelos famosos, com os cantores fazendeiros mostrando suas propriedades em clipes musicais; que comecem pelos professores, mostrando aos seus alunos da capital de onde vem a merenda e como foi feita; que comece por você, produtor rural, fazendo um vídeo que mostre seu dia a dia e divulgando na internet.

Pequenas ações como essas podem fazer o Brasil entender de uma vez por todas que não somos apenas o país de praias maravilhosas e futebol pentacampeão, mas somos uma pártia mãe que alimenta os seus e os filhos de outras.

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