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Área de algodão cresce no Brasil por demanda e preço

Área plantada poderá ficar perto de 1,5 milhão de hectares


SÃO PAULO (Reuters) - Com exportações em alta e bons preços, produtores de algodão estimam que a área plantada na temporada 2011/12 poderá ficar perto de 1,5 milhão de hectares no Brasil, cerca de 6 por cento maior ante o último ciclo.

"Vai ter este acréscimo sim, porque Nova York (o mercado futuro do algodão) ainda está num patamar de 97 centavos a 1 dólar por libra-peso. Que é um patamar interessante... estamos otimistas", disse Sérgio De Marco, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) trabalha com um intervalo entre 1,35 e 1,48 milhão de hectares, variando desde uma redução de 2,9 por cento a acréscimo de 6,1 por cento ante o ciclo 2010/11. Na quarta-feira, a Conab atualizará sua previsão.

Segundo a Abrapa, o crescimento deve ser puxado sobretudo em Mato Grosso e Bahia, Estados que juntos respondem por cerca de 80 por cento da produção nacional da pluma.

Na avaliação do executivo, os preços firmes do algodão no mercado internacional devem estimular o cultivo da pluma nesta temporada.

Ele observou que os preços da soja e do milho em Chicago recuaram cerca de 15 por cento nos últimos 90 dias, enquanto o algodão negociado em Nova York perdeu perto de 3 a 4 por cento.

"O algodão está volátil, mas esta volatilidade é menor do que na soja e milho", explicou.

Os produtores negociam as vendas antecipadas tendo como base no vencimento julho da bolsa de Nova York, que nesta terça-feira, por volta das 15h15 (horário de Brasília) era negociado praticamente estável a 97,31 centavos de dólar por libra-peso.

O reflexo deste cenário de preços firmes é que em Mato Grosso, maior produtor do país, devem ser cultivados 800 mil hectares com algodão. Deste total, cerca de metade desta área deve ser na segunda safra --aquela cultivada após a colheita da soja--, de acordo com a Abrapa.

"Uma parte disso (desta área) deve ser tirada do milho safrinha", observou De Marco, lembrando que o preço favorável do algodão pode levar produtores que fazem segunda safra optarem pela pluma.

O aumento de área e a perspectiva de uma produtividade melhor que no ciclo 2010/11 poderão levar o Brasil a novo recorde de 2,1 milhões de toneladas na produção de algodão em pluma na atual temporada. Na safra passada, o país produziu 1,95 milhão de toneladas da pluma.

EXPORTAÇÃO EM ALTA

"Com esta produção, o Brasil precisará exportar um milhão de toneladas para desovar este estoque", observou De Marco. A estimativa para a demanda interna é oscila perto de 800 mil toneladas.

O presidente da Abrapa destacou que o embarque de 174 mil toneladas em outubro foi recorde mensal e que os embarques superiores a 500 mil toneladas de janeiro a outubro também foram os maiores para o período.

Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que entre janeiro e outubro o Brasil embarcou 510 mil toneladas de algodão em pluma, contra 410 mil toneladas em igual período de 2010.

As importações de grandes consumidores na Ásia, como China, Indonésia, Coreia do Sul, Taiwan e Indonésia, seguem firmes mesmo diante dos altos preços da commodity.

"O Brasil já conquistou o mercado internacional", disse De Marco, justificando o bom desempenho no período.

Para a atual temporada, cujo plantio começará em dezembro, já foram contratadas as vendas externas de cerca de 650 mil toneladas, estima o executivo.

Ele ressalta que os negócios desta temporada deverão ser feitos em condições melhores do que no último ciclo, quando a cotação em Nova York estava em torno de 1 dólar por libra-peso, mas a maioria dos negócios antecipados saiu a 0,75 centavo de dólar.

Isso aconteceu porque tradicionalmente grande parte dos negócios neste mercado é feita com um ou até dois anos de antecedência, quando os preços ainda não haviam atingido aquele patamar mais elevado.

Neste ano-safra, diz o executivo, os valores médios dos contratos estão em torno de 98 centavos a 1 dólar por libra-peso.

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