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Aves morrem engasgadas ao receberem ração


Carlos Valini é avicultor da cidade de Jataizinho e esta semana passou por um pesadelo em sua propriedade. Com três aviários lotados na última segunda-feira, algo em torno de 64 mil frangos, ele não conseguia enviar os animais para a empresa na qual tem contrato devido ao bloqueio dos caminhões no pedágio da cidade, exatamente a 1,5 km da sua área.

Sem ração suficiente para continuar alimentando as aves, cerca de 300 animais morreram por dia, totalizando algo em torno de 1.550, um prejuízo calculado em R$ 10 mil. Na quinta-feira, os caminhões conseguiram furar o bloqueio e 39 mil aves foram levadas para o abate. Ontem, um lote de ração chegou para alimentar as 25 mil aves restantes que, se não houver novos bloqueios, devem ser transportadas amanhã à noite. "Estou dando ração aos poucos para elas, já que estão com muita fome e acabam morrendo engasgadas. Foi realmente uma semana muito difícil. Agora estou um pouco mais tranquilo, tomara que domingo (amanhã) consiga enviar o restante dos animais", projeta ele.

Na região Sudoeste, a situação também é crítica. Muitos avicultores ligados a empresas tinham pouco ou nenhuma ração para manter os animais vivos durante o bloqueio. Laércio Meurer possui um galpão com capacidade para 25 mil aves. Ele precisava carregar os animais para o abate com 28 dias, mas o prazo já se prorrogou para 35 dias, e o espaço está completamente lotado. "As aves deveriam ser despachadas com 1,5 kg, mas já estão com 2,1 kg cada. A disputa por comida é grande entre elas e as que estão longe dos recipientes de alimentação acabam morrendo. São cerca de 60 a 70 mortes por dia. Como não tenho gerador, caso falte luz, o prejuízo será enorme", complementa ele.

Em nota, o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) informa que "apoia o comitê criado pelo governo do Paraná para buscar uma solução rápida e efetiva aos protestos dos caminhoneiros no Estado". O sindicato espera que isso ajude a desbloquear as estradas paranaenses o mais breve possível. Segundo o presidente da entidade, Domingos Martins, os bloqueios nas estradas não apenas têm gerado inúmeros prejuízos para a economia brasileira, como deverão criar um "efeito dominó". "A necessidade de buscar uma alternativa para a solução da greve é urgente. Toda a balança comercial brasileira poderá ser prejudicada", alerta.

O Sindiavipar ressalta ainda que não é contrário ao movimento, "mas não concorda que a reivindicação de melhores condições de trabalho seja realizada de forma que prejudique toda a economia de um País". (V.L.)

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