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Aviação: ataques sem fundamento ameaçam agricultura

Alerta professor Ulisses Antuniassi


Mesmo sendo fundamental para a competitividade da produção brasileira de alimentos, a aviação agrícola se tornou alvo de ataques de determinados setores – que chegam a pedir seu banimento. “Entre mitos e estereótipos, alguns tem apresentado uma visão distorcida do cotidiano da aviação agrícola, posicionando esta ferramenta de trabalho como um mal que deve ser combatido a qualquer custo”, alerta Ulisses Antuniassi, professor titular do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP (Botucatu/SP).

“Há constante menção à propalada “proibição” das aplicações aéreas na Europa, de modo que havendo a tal “proibição” na Europa, infere-se que o mesmo deveria ser feito no Brasil. Ora, é de fundamental importância o entendimento de que na Europa não há condições técnicas para o uso da aplicação aérea em larga escala, seja pela estrutura fundiária (pequenas propriedades) ou pela intensa urbanização das zonas rurais, o que impede que as aplicações sejam feitas com total respeito às faixas de segurança que impedem a contaminação de áreas vizinhas às aplicações”, explica o especialista. 

Segundo Antuniassi, a aplicação aérea é prática comum, utilizada de maneira consciente, responsável e segura em diversos países onde a estrutura fundiária a torna viável, como os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Argentina e Brasil, sendo estes os grandes celeiros que alimentam a crescente população mundial.

“É interessante ressaltar que, geralmente se dá amplo destaque a opiniões de técnicos e cientistas de segmentos não associados à produção agrícola, ou agronomia, e que não estão de maneira alguma em sintonia com a ciência agrícola. Assim, opiniões sem embasamento técnico-científico ou pior, baseadas em falsa ciência, sobre a aviação agrícola e as aplicações aéreas de produtos são propaladas como verdades absolutas. É interessante um paralelo com a Dengue e H1N1, situação que, sempre, são consultados e entrevistados médicos. Porque não ocorre o mesmo (no caso agrônomos e universidades agrícolas) quando se trata de produtos para agricultura?”, questiona.

Ele relembra que a aviação agrícola é uma ferramenta “indispensável para a produção de alimentos, fibras e energia, notadamente nas cadeias produtivas relacionadas às principais culturas que dão suporte ao PIB brasileiro, como a soja, a cana-de-açúcar, o algodão, o milho, o arroz e a citricultura, além de outras frutíferas. A aviação agrícola no Brasil é responsável por 25 % do total de aplicações realizadas, correspondendo a mais de 70 milhões de hectares aplicados ao ano no país”.

“É importante ressaltar que a aviação agrícola é usada dentro de preceitos, regras e restrições aceitas mundialmente. Se a regulamentação não for seguida, como em diversos outros setores, podem ocorrer problemas. Nestes casos, certamente a responsabilidade há que ser apurada, e se for caso, providências legais devem ser tomadas”, conclui.

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