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Congresso discute os limites da produtividade da soja

Limites para a produtividade da oleaginosa foram discutidos em painel


Com o aumento da população mundial e a maior demanda por alimentos, o aumento da produtividade tem sido a tônica das pesquisas científicas e o anseio dos produtores. Durante o VI Congresso Brasileiro de Soja, os limites para a produtividade da oleaginosa foram discutidos em um painel com a participação de pesquisadores norte-americanos e brasileiros.

Para o pesquisador da Universidade da Carolina do Norte, Thomas Sinclair, este limite está próximo e aquém daquele anunciado por algumas empresas que atuam no complexo soja. Segundo ele, o céu é o grande limitante, uma vez que dele dependem três fatores fundamentais: radiação solar, nitrogênio e água.

O pesquisador da Universidade de Arkansas, Larry Purcell, concorda que estes sejam os limitantes, porém pondera que há interação entre os nutrientes e, na medida em que se aumenta o rendimento da cultura, maior é esta interação. Com isso, é possível atingir produtividades bem maiores do que a média obtida atualmente no mundo.

Como exemplo, Purcell apresenta o caso de um produtor norte-americano que chega a obter produtividade de dez toneladas por hectare, enquanto a média do país é de 2,9 ton/ha e do Brasil é de 3,1 ton/ha. Para obter este resultado, ele utiliza superdoses de insumos, em área irrigada, e faz a gestão da luminosidade, de modo a aproveitar o período de maior intensidade de radiação solar no período de florescimento das plantas. De acordo com o pesquisador, como neste exemplo há abundância de insumos, a luminosidade se configura como o limitante de produtividade.

Apesar dos números surpreendentes obtidos pelo produtor norte-americano, o pesquisador Thomas Sinclair alerta para o fato de este não poder ser um exemplo para os demais produtores, uma vez que as condições de produção e a utilização de insumos fogem da realidade das lavouras comerciais. “Não podemos utilizar estes exemplos para orientação e sim para levantamento de demandas para a pesquisa”, alerta.

Altas produtividades no Brasil

No Brasil, por sua vez, altas produtividades vêm sendo buscadas, porém de maneira a torná-las economicamente viáveis. Um dos debatedores do painel, o presidente do Comitê Estratégico da Soja Brasil (CESB), Orlando Martins, apresentou resultados obtidos por produtores participantes do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, que vem sendo realizado há três anos agrícolas. Em alguns casos, a produtividade chegou a 108 sacas por hectare, sendo que na safra 2011/2012 a média dos participantes ficou em 95,5.

Porém, Martins destaca que, para haver viabilidade econômica, a obtenção destas produtividades elevadas só tem sido possível em solos de alta fertilidade.

Apesar dos resultados provarem ser possível uma grande elevação na produtividade média de soja no Brasil, o professor da Esalq/Usp, Gil Miguel de Souza Câmara, ressalta o fato de as cultivares mais plantadas no país terem características fisiológicas diferentes daquelas utilizadas para obter super rendimentos. Para que seja possível o cultivo da segunda safra, os produtores buscam, cada vez mais, a precocidade dos materiais. Além disso, ponderou, a época de plantio é cada vez mais antecipada, deixando-se de se plantar no período ideal, que é aquele em que melhor se aproveita a incidência solar no solstício de verão para a melhor floração das plantas.
“Falou-se aqui em período de maturação de 55 dias, enquanto no Brasil hoje se trabalha com períodos de 21 dias. É um período muito menor em todas as fases de desenvolvimento da planta, o que inviabiliza índices de produtividade muito elevados como o obtido pelo produtor norte-americano”, afirma.

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