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Mercado de carne prime avançou 20% ao ano

Mesmo com o progresso a carne bovina premium ainda representa apenas 3% do consumo global


Foto: Carol Jardine

Você já ouviu falar em carne prime ou premium? Tratam-se de cortes especiais que levam em consideração fatores de produção, desde a seleção genética, passando pela alimentação do gado e tratamento, até o momento do abate. O processo final desse tipo de tratamento dos animais, converte-se em uma carne muitas vezes mais macia, agradável e peculiar. Ela também é extremamente recomendável quando se pensa no bem-estar do consumidor, que não estará em contato com nada que não seja estritamente natural, atendendo paladares exigentes. Cortes como T-Bone, Prime Rib, Picanha e Chorizo fazem sucesso.

O mercado de carnes premium vive um momento de confiança no Brasil. O crescimento da renda da classe média e o consumidor cada vez mais exigente quando o assunto é qualidade de carne, têm impulsionado o segmento.  Na última década, o avanço desse mercado foi de 20% ao ano. Mesmo com o progresso acelerado, a carne bovina premium ainda representa apenas 3% do consumo global. 

Assim como o aumento do consumo da carne premium no Brasil, houve também ampliação nas exportações. De acordo com Ana Doralina Menezes, gerente do Programa Carne Angus, no primeiro semestre de 2021 houve aumento de 21% nas exportações de carne Angus certificada, em comparação ao mesmo período de 2020.

No varejo, crescem estruturas mais sofisticadas para venda de carne nos supermercados, além da ascensão das boutiques de carnes. A demanda também é crescente em redes de restaurantes e no setor de fast-food, incrementando seus cardápios com a mais nobre das proteínas. 

A origem da carne premium

Para produzir carnes nobres é fundamental ter animais superiores. Associados à genética, é imprescindível que a nutrição e o manejo sejam adequados. Faz-se necessário trabalhar com raças que possuem potencial de deposição de gordura intramuscular (conhecida como marmoreio), além de maior precocidade e conformação de carcaça com acabamento de gordura. Nesse contexto, a raça Angus foi divisora de águas na produção de carne de qualidade no mundo e, nos últimos anos, tem sido protagonista em nosso país.

Com um rebanho de aproximadamente  216 milhões de cabeças, segundo dados do IBGE, o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo. Estima-se que 80% desse rebanho é formado por raças zebuínas, e a introdução da genética Angus no cruzamento com essa base de fêmeas zebuínas têm transformado a qualidade e quantidade de carne produzida no Brasil.

Pioneiro

Com mais de 30 anos de seleção de Angus, a paulista VPJ é uma das precursoras na criação, seleção e melhoramento genético da raça.  Em função do crescimento do mercado de carnes prime, o trabalho de Valdomiro Poliselli Júnior, presidente da VPJ, direcionou sua seleção para linhagens especializadas em qualidade de carne. "Trabalhamos com duas linhagens: Marbling e Performance. A primeira é ordenada em melhorar geneticamente animais Aberdeen Angus, com foco principal em marmoreio. Importamos fêmeas e embriões congelados, que deram origem ao novo programa VPJ Angus Marbling", explica o pecuarista.

Já na linhagem Performance, a seleção é feita desde 1995,  quando a empresa importou 165 fêmeas do Canadá e Estados Unidos. Em 2011, o rebanho foi conduzido em sua totalidade, para a raça Aberdeen Angus, sempre com o foco em performance e desenvolvimento ponderal. O grupo de matrizes que compõem o rebanho da VPJ Angus Performance é composto por animais de altos índices de desempenho para peso à desmama, peso ao ano e sobreano, além de carcaça. Uma genética que contribuiu para a pecuária de ciclo curto, indicada para fazendas que fazem o ciclo completo. 

Todos os animais da VPJ, de ambas as linhagens, são genotipados e registrados na American Angus Association. Dessa forma, os animais VPJ são comparados com a base de dados da raça em nível global, competindo no ranking mundial de qualidade. 

Para Ana Doralina Menezes, gerente do Programa Carne Angus, o trabalho da VPJ tem foco claro na seleção. "O projeto é alicerçado em características para produção de carne de alta qualidade, com animais produtivos, bem adaptados aos diferentes sistemas de produção, com ênfase em atributos da carcaça, como área de olho de lombo, marmoreio e maciez", comenta.  

Raças complementares

O Angus em vaca zebuína: caminho certeiro na produção de carne de qualidade. Prova disso é a comercialização de sêmen,que em 2020 ultrapassou 7,08 milhões de doses. Mas depois desse primeiro cruzamento, que gera os animais F1, o pecuarista muitas vezes se questiona: o que fazer com a matriz? 

Enxergando o potencial gigantesco desse mercado, a VPJ iniciou o trabalho de criação e melhoramento genético da raça Brangus - um taurino sintético, que possui 62,5% de sangue Angus - animal que apresenta altos índices de produtividade, mesmo criado sob condições de clima e meio-ambiente adversas, típicas das regiões tropicais e subtropicais. Indicado para cobrir matrizes F1 a pasto e em sistema extensivo, possibilitando que os produtos desse cruzamento integrem os programas de carne Angus certificada e recebam bonificação de qualidade de carne e carcaça. 

Para sistemas de produção mais intensivos e tecnificados, na matriz F1 indica-se a utilização de touros Ultrablack, que também dão sequência ao programa de certificação e bonificação pela carne produzida. 

 

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