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Milho: aumenta número de plantas daninhas resistentes a herbicidas

Resistência a herbicidas foi primeiramente notificada no Brasil na década de 1980


Aumento dos custos de produção, impactos ambientais e maior resistência de plantas daninhas a herbicidas. Esses são os principais fatores provocados por práticas culturais ineficientes e pela utilização inadequada de herbicidas na cultura do milho. Segundo o pesquisador Décio Karam, da área de Fitossanidade da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), a resistência de determinadas plantas daninhas a herbicidas foi primeiramente notificada no Brasil na década de 1980 com o surgimento da enzima ALS (acetolactato sintase), conforme relatado no site internacional de monitoramento de plantas daninhas resistentes a herbicidas (
http://www.weedscience.org/in.asp).

A partir dessa data, outras espécies foram sendo descritas como resistentes, sendo que herbicidas inibidores dessa enzima – ALS – são os produtos que mais selecionaram plantas daninhas resistentes no Brasil e no mundo, de acordo com o pesquisador. “Com a introdução das culturas transgênicas resistentes ao herbicida glyphosate, a pressão de seleção imposta pelas glicinas tende a aumentar e veremos, consequentemente, o surgimento de mais populações resistentes a esse grupo herbicida”, explica Karam.

Em 2008 houve o primeiro relato de uma planta daninha resistente à atrazina, herbicida usado em plantações de milho, cana-de-açúcar e sorgo para o controle de ervas daninhas. O fato foi evidenciado no Paraná. Segundo Décio Karam, outro exemplo de resistência múltipla é a tolerância da losna-branca aos herbicidas chlorimuron-ethyl, imazethapyr, foransulfuron + iodosulfuron-methyl e chloransulan-methyl, utilizados em diferentes culturas em sucessão. “Com isso, o manejo de populações que apresentam resistência múltipla torna-se de extrema dificuldade, já que esses mecanismos de ação são os mais utilizados nessas culturas em sucessão”, interpreta o pesquisador.

Entre as ocorrências mais recentes, Décio Karam alerta para o surgimento do azevém, gramínea agressiva resistente aos herbicidas da classe das glicinas, o “que poderá ocasionar alguma dificuldade de controle em cultivares de milho resistentes ao glifosato”. Situações semelhantes têm sido verificadas em relação às seguintes plantas daninhas: buva, leiteiro, comum em áreas de pastagens, e capim amargoso, já relatadas no Brasil como resistentes ao glifosato. “O surgimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas sempre estará associado a mudanças genéticas na população em função da seleção ocasionada pela aplicação repetida de um mesmo herbicida ou herbicidas com um mesmo mecanismo de ação”, alerta o pesquisador.

Décio Karam reforça que o manejo de plantas daninhas resistentes ou não aos herbicidas não deve tomar as proporções alcançadas na cultura da soja, “visto que o uso de produtos do grupo das triazinas tem sido a base para o controle”. “Por essa razão, os sistemas que incluem o milho em sucessão ou rotação tornam-se importante no manejo das plantas daninhas”, afirma. Ainda segundo ele, cuidados devem ser tomados pelos agricultores na utilização de cultivares de milho resistentes a herbicidas quando o cereal está inserido em sistemas de sucessão ou rotação com outras culturas que apresentem resistência ao mesmo grupo herbicida. Um exemplo é o cultivo do milho safrinha, que vem geralmente após o cultivo da soja, e quando ambas as culturas apresentam resistência ao glifosato.

“Com isso, se o manejo de plantas daninhas por meio do controle químico não for bem planejado, poderá haver aumento da pressão de seleção, contribuindo para o surgimento muito mais rápido de mais espécies resistentes aos herbicidas”, pondera Karam. “Ressalta-se, portanto, que o uso da rotação e/ou sucessão de culturas é um método de controle complementar para plantas daninhas resistentes aos herbicidas, fazendo com que o sistema produtivo seja eficiente na redução do tempo necessário para a seleção dessa resistência”, conclui.


E o milho transgênico?

Na cultura do milho, a liberação de cultivares resistentes a herbicidas ocorreu em maio de 2007 com a comercialização do evento T-25, que confere a resistência ao herbicida glufosinato de amônio. A partir dessa, outras liberações foram realizadas, como em setembro de 2008 com os eventos NK603 e GA21, que conferem resistência ao glifosato. Após setembro de 2009, a liberação para a comercialização de cultivares geneticamente modificadas com resistência a herbicidas já estava sendo associada à resistência a insetos. Em novembro do mesmo ano, houve a liberação para comercialização de cultivares que apresentavam a associação de três genes de resistência, o que conferia resistência ao glifosato, ao glufosinato de amônia e a resistência a insetos, começando uma nova era de inserção de vários genes com diferentes características agronômicas.

Uso indiscriminado é prática comum no país

Estima-se que o uso de herbicidas na cultura do milho tenha alcançado 70% das áreas cultivadas no Brasil. Na safra de verão, segundo o pesquisador Décio Karam, essa porcentagem sobe para 90%, sendo que na safrinha o uso da atrazina tem ocorrido na maioria das aplicações. Além desse último herbicida, o glifosato e o 2,4D correspondem a aproximadamente 76% do volume comercializado no Brasil. Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Paraná lideram a comercialização do glifosato, enquanto a atrazina é o herbicida mais comercializado, com exceção do estado de Mato Grosso.

De acordo com Karam, os herbicidas têm sido o agrotóxico mais utilizado na agricultura brasileira. Em relatório apresentado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a comercialização de herbicidas superou 127 mil toneladas em 2009 distribuídos em 90 ingredientes ativos e em mais de 440 marcas comerciais. Entre em contato com a Embrapa Milho e Sorgo e saiba os principais métodos usados para o controle de plantas daninhas na cultura do milho, como operações que devem ser realizadas na fase pós-colheita, tecnologias disponíveis de aplicação e as práticas da dessecação e do manejo da resistência.

Na home page da Unidade há informações para identificação das plantas daninhas, manejo e publicações. Acesse o Panorama Fitossanitário da Cultura do Milho. Mais informações: NCO (Núcleo de Comunicação Organizacional) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento): (31) 3027-1272 ou [email protected] .

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