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El Niño prejudica a produção de sementes

No Rio Grande do Sul, a quebra na produção de sementes de trigo atingiu 50%


Foto: Divulgação

Conforme informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o impacto do El Niño na última safra trouxe prejuízos à produção de grãos e forragens na Região Sul do Brasil. Além das perdas quantitativas, o setor sementeiro agora enfrenta o desafio de lidar com as perdas qualitativas, visto que muitas áreas de multiplicação não alcançaram os padrões necessários para a comercialização de sementes.

No Rio Grande do Sul, a quebra na produção de sementes de trigo atingiu 50%. A Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes do Rio Grande do Sul (Apassul) informa que, para a safra 2024, apenas 138 mil toneladas de sementes certificadas estarão disponíveis, volume suficiente para uma área de cultivo próxima a um milhão de hectares no estado. A taxa de uso de semente certificada atingiu 78%, a mais alta já registrada pela Apassul, indicando uma redução significativa no uso de sementes salvas devido ao risco de baixa qualidade.

Segundo o Embrapa, para estimar os impactos do possível aumento no preço das sementes nesta safra, a equipe de transferência de tecnologias da Embrapa Trigo consultou cooperativas gaúchas, concluindo que o preço do saco de sementes de trigo de 40kg está variando entre R$130 e R$150, pouco acima dos R$120 praticados na safra anterior.

No Paraná, a quebra na produção de sementes de trigo é estimada em 20%, resultando na ausência de cerca de 30 mil toneladas de sementes de qualidade no mercado. A Associação dos Produtores de Sementes do Paraná (Apasem) prevê que o setor sementeiro conseguirá produzir o suficiente para cobrir 1,1 milhão de hectares com trigo no estado.

Além disso, a escassez de sementes está afetando a implantação de pastagens. A oferta de sementes de aveia preta deve diminuir em 40%, e no azevém, a redução chega a até 80% em comparação ao ano passado. Os produtores, priorizando o potencial de retorno, optaram por "salvar" os grãos, resultando em uma oferta limitada de sementes forrageiras.

A tentativa de importação de sementes do Uruguai e da Argentina não foi bem-sucedida devido à frustração das safras nos países vizinhos e a problemas internos no Brasil, como a greve dos fiscais agropecuários, que atrasou a liberação dos lotes. Com a alta demanda, os preços das sementes forrageiras continuam subindo. O preço da aveia preta, por exemplo, saltou de R$0,88/kg para R$4,00/kg em Passo Fundo, RS. Como alternativa à escassez de aveia preta e azevém, os especialistas recomendam investir em aveia branca e outros cereais de inverno que também podem ser utilizados como forragem.

Essa escassez de sementes forrageiras também afetará os rebanhos no Paraná, aumentando os custos de produção, especialmente na região Sudoeste, principal bacia leiteira do estado, e na atividade pecuária dos Campos Gerais. A qualidade e a quantidade de sementes são fatores essenciais para garantir o potencial de produção. No entanto, a produção de sementes também sofreu com os impactos climáticos em 2023, resultando em menor qualidade fisiológica e incidência de doenças. O tratamento de sementes com fungicidas é recomendado para proteger as plantas contra agentes patogênicos e garantir o desenvolvimento adequado da lavoura.

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