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Molibdênio - tudo o que você precisa saber sobre este adubo

O molibdênio é um micronutriente essencial para o desenvolvimento das plantas. Junto com o níquel, são os micronutrientes exigidos em menores concentrações para as culturas.



O molibdênio é um micronutriente essencial para o desenvolvimento das plantas. Junto com o níquel, são os micronutrientes exigidos em menores concentrações para as culturas. É um micronutriente móvel dentro da planta, e atua principalmente na produção de molibdoenzimas, que regulam várias funções fisiológicas, dentre elas, a mais conhecida, a regulação do nitrogênio. 

 

O molibdênio nos solos

Ao contrário da maioria dos micronutrientes, o molibdênio possui a sua disponibilidade para as plantas aumentada conforme o aumento do pH, com a solubilidade aumentando cerca de 100 vezes para cada unidade de aumento do pH do solo. Assim, é incomum que solos com pH acima de 6 apresentem deficiência do nutriente. 

A forma do ânion molibdato MoO42- é a forma em que o nutriente é disponível para a absorção pelas plantas, e é sujeito a processos de adsorção por óxidos de ferro, alumínio e molibdênio e argilas, além de carbonatos e compostos orgânicos.

Outro aspecto importante, é a interação do molibdênio com fertilizantes sulfatados: ambos competem pelos mesmos sítios de absorção nas raízes, assim, a adição de fertilizantes sulfatados, como por exemplo o superfosfato simples, pode reduzir a absorção de molibdênio.

 

O molibdênio nas plantas

O molibdênio, junto com o níquel, são os micronutrientes essenciais exigidos em menores quantidades pelas plantas. Desempenha funções na produção de molibdoenzimas, que regulam diversas funções fisiológicas, dentre elas, a mais conhecida é a regulagem da nutrição do nitrogênio. O molibdênio atua na redutase, que é uma via metabólica do nitrato, com papel essencial para que a planta aproveite o nitrogênio. Assim, sem o molibdênio, ocorre um menor aproveitamento do nitrogênio pela planta.

No caso de espécies não leguminosas, as molibdoenzimas são responsáveis pela conversão de nitrato em proteínas. Já no caso de espécies leguminosas, a molibdoenzima nitrogenase é exigida pelas bactérias no processo de nodulação das raízes na fixação de nitrogênio, sendo as leguminosas, como a soja e feijão, mais exigentes em quantidade de molibdênio do que outras culturas. As leguminosas apresentam concentrações de molibdênio nos nódulos de até dez vezes superior à concentração do nutriente no resto da planta. Ainda sobre este aspecto, vale destacar que plantas com alta concentração de molibdênio podem causar a doença molibdenose em animais que se alimentam destas plantas, como ovelhas e bovinos. Esta condição resulta na supressão do cobre na dieta destes animais, resultando em problemas fisiológicos.

 

Deficiência de molibdênio

Não é tão comum ocorrer deficiência de molibdênio, mas pode ocorrer, principalmente solos de cerrado. Em condições de pH adequado o nutriente geralmente se encontra disponível no solo. A correção do pH do solo com calcário libera o molibdênio para formas solúveis em algumas semanas ou meses, sendo dispensável a adubação com molibdênio na maioria dos casos.

Quando ocorre a carência, os sintomas de deficiência se manifestam através de plantas atrofiadas e amareladas, tipicamente resultantes de fornecimento insuficiente de N, visto que o molibdênio se relaciona com este nutriente. Em deficiências mais severas, podem ocorrer necroses ao redor das bordas e entre as nervuras das folhas mais velhas, devido à mobilidade do nutriente. Observe as imagens abaixo:


Amarelecimento típico de deficiência de molibdênio em soja.
Foto: Yara Brasil

 


Necroses ao redor das bordas. Algumas podem se tornar esbranquiçadas, delimitadas por linha escura, sintoma típico da deficiência de molibdênio.
Foto: Yara Brasil

 

As plantas com deficiência de molibdênio nem sempre necessitam de adubação do nutriente, ainda mais em solos ácidos, onde apenas a correção do pH aumenta a disponibilidade do micronutriente.

 

Excesso / toxicidade de molibdênio

É incomum ocorrer toxicidade por excesso de molibdênio nas culturas. O que pode ocorrer são casos de toxicidade de molibdênio no gado que ingere forragens com altas quantidades do nutriente, causando transtornos intestinais.

 

Adubação com molibdênio

Quando a correção de pH através do calcário não é necessária para a cultura, ou se o solo apresentar baixa concentração de molibdênio, pode ser necessária a aplicação de molibdênio. Em casos onde o pH do solo é baixo e não será feita calagem, também pode ser rentável a aplicação do nutriente, sendo importante aplicar nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas, visto que é diretamente ligado ao nitrogênio. A aplicação pode ser feita via semente, solo ou foliar, e a fonte a ser usada depende do tipo de aplicação:

  • Aplicação foliar: como o molibdênio é móvel nas plantas e é de rápida absorção, pode ser feita a aplicação foliar, geralmente com dosagens entre 25 e 50 g/ha do nutriente. Recomenda-se o uso de fontes solúveis como o molibdato de amônio ou molibdato de sódio, sendo mais eficientes quando aplicadas no início do desenvolvimento das plantas. Por serem aplicados via foliar, a resposta é mais imediata quando comparado à aplicação no solo. Assim, a aplicação foliar é recomendada para situações de correção imediata, quando ocorrem sintomas de deficiência de molibdênio.
  • Aplicação via solo: geralmente usa-se o trióxido de molibdênio, pois possui baixa solubilidade, sendo adequado para a aplicação no solo. As doses utilizadas variam entre 0,5 a 2,2 kg/ha, aplicadas em faixas ou a lanço, misturados com outros fertilizantes, para favorecer a uniformidade de aplicação, ou dissolvidos em água e pulverizado no solo antes do plantio.
  • Aplicação na semente: o uso de pequenas quantidades (geralmente 12 a 25g de molibdênio/ha) de molibdênio aplicado nas sementes é comum em regiões com deficiência do nutriente. Este tipo de aplicação é uniforme, e pode ser feito junto com a inoculação de rizóbio em leguminosas, favorecendo a fixação do nitrogênio. Deve-se evitar doses excessivas, que resultam em menor germinação ou danos às plantas e/ou animais. Não há indicações de toxidez de molibdênio ao rizóbio na soja, quando a peletização é feita logo antes da semeadura. 

 

O molibdênio na soja

O molibdênio é essencial para a cultura da soja, pois participa da enzima nitrogenase, sintetizada por bactérias que fazem a fixação biológica do nitrogênio. A soja necessita de grandes quantidades de nitrogênio devido à grande quantidade de proteínas presente na cultura. Desta forma, é fundamental fornecer molibdênio à soja quando existem problemas de deficiência, que podem ser comuns no cerrado brasileiro.

Antigamente a aplicação de molibdênio era feito quando a semente era peletizada, porém, está prática vem diminuindo pois o pélete pode dificultar as trocas gasosas da semente. Caso a aplicação seja feita no solo, antes do plantio, são necessárias quantidades de até 10 vezes maior que a necessidade da cultura devido à sua imobilização no solo (Albino & Campo, 2001).

Buscando a facilidade de aplicação, eficiência e baixo custo, pode ser feita a aplicação via semente, no plantio, logo antes do inoculante (Campo & Lantmann, 1998).

Quando ocorre deficiência de molibdênio na soja, surgem sintomas como clorose amarelada, que se espalha de forma irregular na folha. Pode ocorrer necroses basais em folhas marginais, e pontos marrons nas cloroses, que podem se expandir, adquirindo aspecto esbranquiçado, delimitado por uma linha escura, conforme a imagem abaixo:

 
Foto: Yara Brasil

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

Albino, Ulisses Brigatto e Campo, Rubens JoséEfeito de fontes e doses de molibdênio na sobrevivência do Bradyrhizobium e na fixação biológica de nitrogênio em soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira [online]. 2001, v. 36, n. 3 [Acessado 8 Agosto 2022] , pp. 527-534. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-204X2001000300018>. Epub 05 Jul 2001. ISSN 1678-3921. https://doi.org/10.1590/S0100-204X2001000300018.

CAMPO, R. J.; LANTMANN, A. F. Efeitos de micronutrientes na fixaçao biológica do nitrogenio e produtividade da soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 33, n. 8, p. 1245-1253, ago. 1998.

EMBRAPA. Soja: Molibdênio e Cobalto. Documentos, Londrina, PR, 2010.

Ferreira, Alexandre Cunha de Barcellos et al. Características agronômicas e nutricionais do milho adubado com nitrogênio, molibdênio e zinco. Scientia Agricola [online]. 2001, v. 58, n. 1 [Acessado 8 Agosto 2022] , pp. 131-138. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-90162001000100020>. Epub 09 Fev 2001. ISSN 1678-992X. https://doi.org/10.1590/S0103-90162001000100020.

IPNI. Molibdênio. Nutri-Fatos, Piracicaba, SP, n. 13, [21--].

Oliveira, Carina Oliveira e et al. Produção de sementes de soja enriquecidas com molibdênio 1 Este trabalho é parte da dissertação de mestrado da primeira autora. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. . Revista Ceres [online]. 2017, v. 64, n. 3 [Acessado 8 Agosto 2022] , pp. 282-290. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0034-737X201764030009>. ISSN 2177-3491. https://doi.org/10.1590/0034-737X201764030009.

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