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Silo bolsa é opção para armazenagem da safra

Para suprir o déficit de armazenamento, os silos bolsa vêm mostrando sua eficiência



A safra de grãos caminha para mais um recorde de produção, pois são estimadas para 2006, 124,4 milhões de toneladas, sendo 10,5 milhões de toneladas a mais do que na safra anterior, um aumento de 9,3%.

Segundo dados da CONAB, o cultivo do milho deve ter um incremento de 20,5% no total de grãos produzidos, que devem chegar a 41,7 milhões de toneladas, com uma expansão de área cultivada de 4,4% só na primeira safra. Já a soja, embora tenha uma redução de área plantada, devido em grande parte à baixa cotação do produto no mercado, terá produtividade superior à da safra passada em 13,1%, chegando a 58,18 milhões de toneladas do grão.

O Brasil realmente tem muito a mostrar: possui áreas produtivas ainda inexploradas e clima excelente para desenvolver a agricultura, mas é na hora da colheita que se percebe qual o gargalo da agricultura brasileira. Embora desfrute de safras recordes e produtos de excelente qualidade, o déficit no sistema de armazenagem é o grande fator limitante para tornar-se a potência mundial em produção agrícola.

Enquanto nos EUA cerca de 65% da produção é armazenada na própria fazenda, no Brasil temos no máximo 9% da produção sendo armazenada desta forma, o que dificulta o processo de mudanças. Em todo o país, cerca de 30% de tudo que é colhido fica sem estrutura para ser estocado, situação que se agrava a cada nova safra devido à expansão da agricultura para novas áreas e, assim, ao aumento da área total cultivada. Como alternativa a essa deficiência do sistema convencional de armazenagem, os silos bolsa, no mercado brasileiro há pouco mais de 3 anos, começam a mostrar os primeiros resultados.

O sistema silo bolsa surgiu no Canadá há aproximadamente 10 anos, com o objetivo de guardar a silagem para o gado. Uma vez observada a excelente qualidade do produto estocado nas bolsas foram realizados teste com grãos, e então os silos bolsa passaram a ser utilizados também para este fim.

Na Argentina, onde o sistema foi importado logo depois, os silos bolsa ganharam grande impulso depois do “curralito”. Nesse período os produtores estavam em pleno período de colheita e bastante inseguros quanto ao destino da produção, encontrando no silo bolsa a solução para armazenar os seus grãos. Hoje o país armazena cerca de 30% da produção em silos bolsa.

Os silos bolsa consistem num túnel de polietileno formado por três camadas, sendo duas camadas internas pretas e uma camada externa de cor branca composta com dióxido de titânio. Essa camada externa é o diferencial do produto, pois sua finalidade é fazer a reflexão dos raios solares, garantindo assim maior resistência ao ressecamento. Comparativamente, uma lona preta comum colocada ao sol, em 3 ou 4 meses já está toda ressecada, o que não acontece com a lona do silo bag, devido ao dióxido de titânio que compõe a última camada. A capacidade de armazenamento dessas bolsas é de 3 mil sacas ou 180 toneladas de grãos.

O material utilizado na confecção da lona, juntamente com os procedimentos corretos para a armazenagem garantem um sistema excelente de armazenamento. O mais interessante é que o maior mercado para essa tecnologia são os produtores que já possuem sistema de armazenamento convencional e já conhecem as vantagens de estocar a produção em suas propriedades. Estes utilizam os silos bolsa para armazenar o excedente da produção. Mas, o objetivo maior está em mostrar àquele produtor que ainda não armazena os grãos em sua propriedade as vantagens do investimento nesse novo sistema.

# Qualidade do grão

O ambiente criado no interior do silo, com a atmosfera saturada por +/- 12% de CO2, impede o desenvolvimento de insetos e, assim, isenta os grãos de expurgo (o que normalmente é feito em silos convencionais). O armazenamento durante 7 meses, por exemplo, mostrou que a qualidade dos grãos foi perfeitamente preservada e a perda, que normalmente há com o armazenamento convencional, foi zero. Outra vantagem é o preço pago por saca por algumas empresas compradoras, que estão preferindo o armazenamento em silos bolsas ao convencional.

# Local de Instalação

Primeiramente é necessária a escolha de um local plano, onde se evite acúmulo de água, sendo um pequeno aclive preferível. Após, é necessário que se faça uma pequena limpeza, retirando restos culturais (tocos) e pedras para evitar que furem a lona; deve-se evitar também terra gradeada, pois os torrões podem impedir o perfeito deslizamento da máquina de embolsamento. Cupins e formigueiros também podem danificar a lona, portanto deve se evitar locais com infestações desses insetos.

Outra recomendação é que se dê preferência para instalação das bolsas no sentido norte-sul e que se coloquem todas em um mesmo local, o que virá a facilitar a vistoria e a chegada de caminhões.

# Embolsamento

O silo bolsa pesa cerca de 120 kg e já vem sanfonado, pronto para ser acoplado na máquina embolsadora e começar o processo de enchimento com grãos, que é feito através de uma rosca sem fim. Esse trabalho requer cuidados por parte do operador da máquina embolsadora, regulando corretamente o freio, para que se expulse a maior quantidade de ar possível, evitando formar bolsões de ar na parte superior do silo. Essas “bolsas de ar” podem facilitar o aparecimento de leveduras ou a deteriorização dos grãos no local. Além disso, o estiramento da lona é outro ponto a ser observado, pois deve se respeitar o limite de estiramento, o que fica entre 42-45 cm da régua que está pintada sobre a lona do silo.

Finalizado o enchimento, a bolsa é fechada hermeticamente com feche próprio, e as laterais aterradas para evitar o acúmulo de água de chuva ao redor. A partir daí a massa de grãos que se encontra no interior do silo passa a consumir todo o oxigênio ali existente, produzindo uma atmosfera modificada, saturada de CO2, condição de atmosfera imprópria para proliferação de insetos e fungos.

São necessárias vistoriais periódicas (no mínimo duas vezes por semana), observando furos que possam ter sido causados por roedores, animais silvestres ou até mesmo por cães. Uma forma prática de se verificar a qualidade dos grãos no interior do silo é através de batida (mãos ou caminhada sobre os grãos), se estiverem soltos estará tudo bem.

# Custo do silo bolsa

O custo da lona é de aproximadamente R$ 2 mil. Custo da lona + embolsamento de grãos + extração de grãos = R$ 3 mil. Ou seja, o custo para o armazenamento em silo bolsa custa cerca de R$ 1,00 por saca, aproximadamente, dependendo da região do país.

No caso de se optar por um armazenamento na cidade, por exemplo, o preço cobrado em média é de R$ 2,50/saca. No caso de um produtor possuir uma propriedade a 40km de distância de uma unidade armazenadora, é cobrado em média R$ 1,00/saca de frete. Portanto, somente esse custo já pagaria o investimento em um silo bolsa para armazenar o produto em sua propriedade, ficando em torno de R$ 0,81/saca. Nesse exemplo, ainda não foram contabilizados outros custos como taxas de rendimento, expurgo, quebra técnica, perdas por impurezas, perdas por umidade, tempo de armazenamento, entre outros custos que acabam onerando bastante a carga de grãos.

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