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Uso de basalto na lavoura reúne 600 pesquisadores e agricultores

Prefeitura de Uberlândia realizou nesta sexta-feira (4) o 1º Seminário de Remineralizadores de Solo do Triângulo Mineiro


Agricultores, engenheiros agrônomos, representantes de mineradoras e pesquisadores de diversas partes do país estiveram reunidos em Uberlândia nesta sexta-feira (4) para participar do 1º Seminário de Remineralizadores de Solo do Triângulo Mineiro. O evento, organizado pela Prefeitura, é pioneiro no Brasil ao discutir o que vem sendo chamado de “4ª Revolução Agrícola”: o uso do pó de rocha no fortalecimento do solo das áreas voltadas para agricultura extensiva. Assentada sobre um maciço de basalto (rocha vulcânica rica em minerais) e com uma boa infraestrutura logística, a cidade pode se tornar um importante fornecedor nesse novo cenário da agricultura nacional.

“O nosso basalto aqui está superior às médias nacionais [em relação à sua composição química]. A agricultura, que é tanto criticada, vai dar o exemplo de cuidado ao meio ambiente, retirando a aplicação de nutrientes prejudiciais no solo. É um novo momento. Não queremos aqui substituir nada, nós queremos agregar”, declarou o prefeito Odelmo Leão na abertura do ciclo de palestras do dia no Center Convention.

Amostras de basalto coletadas na cidade apontam a presença de minerais base bem acima dos percentuais mínimos exigidos em normatização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A concentração de cálcio, magnésio e potássio é de 26,34% (quando o parâmetro é de pelo menos 9%). Apenas de potássio, a concentração encontrada foi de 1,4% (o mínimo exigido é de 1%).

União entre o campo e a pesquisa

O evento uniu pesquisadores e produtores agrícolas em um grande seminário gratuito, que ainda tratou de assuntos como bioinsumos e reservação de água. A ideia partiu do próprio prefeito após ter finalizado um criterioso estudo logístico nos últimos anos. Essa pesquisa apontou as potencialidades e aplicabilidade do basalto não apenas na produção, mas também na logística do Triângulo Mineiro. Na empreitada, Odelmo Leão obteve a parceria da empresa Campo, que trabalha pelo desenvolvimento sustentável do Cerrado, e o apoio de diversas empresas e instituições que também se fizeram presentes no encontro desta sexta-feira: Mapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), VLI, Héstia Consultoria, B&P e Gaas.

A relevância das discussões atraiu o olhar internacional, tendo, por exemplo, a presença do embaixador da Nigéria no Brasil, John Nonyelum Okeke. “Essa conferência é relevante e não somente necessária para os dias de hoje, mas para o futuro. O Brasil já alimenta 1 bilhão de pessoas e, como você sabe, esse número será de 1,5 bilhão a 2 bilhões de pessoas em 20 ou 50 anos. Isso mostra que vocês já estão planejando. É interessante por essa perspectiva”, comentou o diplomata. Ele ainda destacou que pretende levar as experiências para o seu país de origem.

Segurança alimentar e economia

Conforme atestado pela Embrapa, o pó de rocha simula processos naturais de renovação do solo, ao fornecer minerais, como magnésio e cálcio, que interagem com os microrganismos existentes na terra e liberam lentamente nutrientes úteis às plantas. O produto é visto como um recurso que pode reduzir a necessidade de uso dos fertilizantes químicos nas lavouras, com consequente queda no custo de produção (calcula-se que 70% dos insumos usados em adubos precisam ser importados).

Quem comprova esses benefícios é o agricultor de Uberlândia Enísio Carneiro, de 55 anos, um dos 600 inscritos no seminário. Ao lado da esposa, ele foi aprender mais sobre a técnica de rochagem, que já vem aplicando na terra que cultiva. “Eu comecei a trabalhar com o pó de basalto há dois anos, principalmente no cultivo de hortaliças. O melhor resultado que eu estou vendo é no controle de nematóides [parasitas], que diminuíram bem na raiz das plantas. E vim ao seminário porque a gente quer melhorar a produção, diminuir custos e oferecer qualidade no alimento”, contou.

Futuro promissor

Uma série de entidades do setor agrícola classificou o evento como pioneiro para o progresso do segmento. “Para nós, mineiros, Uberlândia é, além de uma vaidade para Minas, protagonista de tudo o que é novo, que gera progresso e desenvolvimento. Estamos contribuindo, primeiramente, para a segurança alimentar do brasileiro e em segundo lugar para a segurança nacional”, afirmou o presidente da Campo, Emiliano Botelho.

Chefe da divisão agrícola do Mapa, Maurício Carvalho de Oliveira ressaltou o pioneirismo da iniciativa para o país. “Esse seminário está trazendo ideias novas e insumos novos. Isso vai modificar cada vez mais a agricultura”, avaliou.

O dirigente da Faemg, Roberto Simões, acredita que Uberlândia pode ser parte do que ele chamou de “segundo grande salto do agronegócio no Brasil”. “Esse projeto que aqui se abre, para mim, vai ser um marco novo no nosso agronegócio- restituição ao solo das suas qualidades originais através dos nutrientes encontrados nessas rochas. Acredito que vamos recuperar as nossas pastagens degradadas, baixar os custos da nossa produção agrícola e pecuária, trazer novo alento”, afirmou.

O ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli e o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Wilson Brumer, reforçaram o entusiasmo em torno das pesquisas sobre o uso do pó de rocha da lavoura e o protagonismo que Uberlândia pode desempenhar nesse cenário. 

 

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