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Paraná inaugura primeira termelétrica de biogás do Brasil

Usina é composta por grupo de 18 produtores de suínos, que produzirão biogás a partir do tratamento dos dejetos de quase 40 mil suínos


A primeira usina do Brasil de produção de biogás a partir do tratamento dos dejetos de suínos começou a funcionar no Paraná nesta quarta-feira (24), em Entre Rios do Oeste, na Região Oeste do Estado. O governador Carlos Massa Ratinho Junior inaugurou a unidade geradora cuja capacidade total é de 480 KW, transformando por dia 215 toneladas de um agente poluidor em energia limpa. O investimento da Copel, financiadora do projeto, foi de R$ 17 milhões.

“É uma cidade se transformando em uma cidade sustentável, autossuficiente em energia. Um exemplo que Entre Rios do Oeste e o Paraná dão para o Brasil”, disse o governador.

“Investir no biometano é um exemplo de economia circular que transforma resíduos em geração de renda, num modelo que queremos ver replicado em todo o Estado”, acrescentou Ratinho Junior, que também lembrou a determinação à Copel para que priorize os investimentos no Paraná - fato que se verá materializado em um investimento recorde de R$ 836 milhões da Copel Distribuição nas redes urbanas e rurais do Paraná ainda em 2019.

Mistura de sustentabilidade, tecnologia e inovação, a usina é composta por um grupo de 18 produtores de suínos, que produzirão biogás a partir do tratamento dos dejetos de aproximadamente 40 mil suínos em sistemas de biodigestão.

O biogás será conduzido por meio de uma rede coletora de 20,6 quilômetros, interligando as propriedades rurais a uma Minicentral Termelétrica, onde estão instalados dois grupos motogeradores de 240 kW de potência cada um.

A energia gerada será utilizada para compensar o consumo energético nos prédios públicos do município, num total de 72 unidades consumidoras, na modalidade de autoconsumo remoto. Os produtores envolvidos receberão um repasse mensal pelo volume de biogás injetado na rede.

“Esse será o futuro da energia que será produzida no Paraná, aliando uma marca importante do Estado como a suinocultura à geração de biogás”, afirmou o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero.

Segundo ele, a primeira unidade de geração termelétrica de biogás do Brasil corresponde à visão que este governo cultiva para a matriz energética da próxima década. "É um projeto que combina duas vocações de nosso Estado: o agronegócio e a geração renovável de energia”, afirmou.

Aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o projeto deve gerar uma economia significativa para a prefeitura no pagamento de energia elétrica, além da preservação ambiental com toneladas de gases de efeito estufa que deixarão de ser emitidas com os dejetos que serão tratados.

A estimativa é que haja uma produção de energia elétrica renovável no meio rural de 250 MWh/mês ou 3.000MWh/ano com a utilização de 5.000 m3 de biogás/dia. “Costumo dizer que esse é o Pré-Sal caipira, produzido no interior do Brasil, que transforma um passivo ambiental em um ativo econômico”, ressaltou Rodrigo Régis de Almeida Galvão, diretor-presidente da CIBiogás, empresa responsável pela parte técnica do projeto.

Acordo

A construção da unidade geradora uniu diversas frentes em Entre Rios do Oeste, cidade em que o número de suínos é mais de 30 vezes maior do que o de habitantes (4.481 pessoas).

A Copel Geração e Transmissão foi a financiadora da obra, com um valor estimado em R$ 17 milhões. A Prefeitura forneceu o terreno para instalação da Minicentral Termelétrica, além de alguns serviços, como o de terraplenagem para implantação dos biodigestores.

Os produtores entraram no projeto com investimentos para a instalação dos biodigestores em suas propriedades. “São mais de dez anos de expectativa que agora se tornam realidade”, disse Jones Heiden, prefeito de Entre Rios do Oeste.

Participam a ainda da ação, também na condição de executor, as equipes técnicas da Parque Tecnológico Itaipu (PTI).

“É um arranjo técnico inovador. Para Itaipu sempre ficava a dúvida de para onde iriam os dejetos. Agora eles viram energia”, destacou Rafael Deitos, diretor-técnico do PTI.

Meio ambiente

Antes do funcionamento da Usina, os dejetos produzidos nas propriedades eram aplicados na lavoura como adubo. Esse material tem alto potencial de poluição dos recursos hídricos e odor desagradável, além de produzir gases de efeito estufa. O uso da biomassa residual para geração de energia evita que o metano gerado pelos resíduos sejam lançados na atmosfera.

Segundo estimativas, os rebanhos de suínos respondem por 13% das emissões do efeito estufa no mundo.

Outro ponto é que ao reduzir o despejo de dejetos nos rios e reservatórios de água, o projeto minimiza a proliferação descontrolada de algas, que além de nocivas à saúde humana podem causar entupimento de canais adutores nas usinas hidrelétricas e aumentar a mortandade da fauna e flora aquáticas.

“É uma nova maneira de pensar as cidades, com uma destinação responsável para os dejetos”, afirmou Ratinho Junior.

Suinocultura

A produção de suínos é uma das principais atividades econômicas do Estado. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura, o Paraná produziu 840 mil toneladas de carne suína em 2018, o que representa 21,3% da produção brasileira que é de 3,9 milhões de toneladas.

“Esse projeto nos permite um ganho extra. Pretendo dobrar a criação de porcos, passando de 900 para 1.800 cabeças”, afirmou o produtor Jaime José Joner.

 

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