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Empresa do Paraná quer chegar à marca de 1 milhão de frangos abatidos por dia

Com sede em Maringá (PR), uma das cinco maiores avícolas do Brasil pretende passar de 640 mil a 1 milhão de frangos abatidos por dia nos próximos anos


É difícil dizer se Ciliomar Tortola, o Cilinho, fica mais empolgado para falar do negócio de frangos ou das histórias e amizades feitas pelos campos de futebol. Sócio-proprietário da GTFoods de Maringá, que está entre as cinco maiores avícolas do país, Cilinho atuou nas categorias de base do Corinthians no final dos 70, quando brilhavam no time principal Sócrates, Biro-Biro e Palhinha, entre outros ídolos alvinegros.

O promissor centroavante, com saudades da família, abandonou o clube aos 15 anos e voltou para a pequena Indianópolis, no Noroeste do Paraná. Cilinho ainda chegou a jogar futebol profissional pelo ACP e pelo Grêmio de Maringá, mas, bom de matemática, calculou que era melhor apostar em uma carreira que não fosse tão curta e incerta. Virou bancário do extinto Bamerindus, onde passou a ter contato direto com avicultores. Em 1990, já gerente do banco, decidiu: ia mudar de novo, investiria na criação de frangos.

“Comecei atuando no paralelo, era independente. Houve um momento em que não tinha para quem vender. Cheguei a levar os frangos para vender na cidade, de cima do caminhão”, recorda.

Aquilo foi um empurrão para entrar no abate de aves. Hoje o complexo industrial construído por Cilinho e pelo sócio, Rogério Gonçalves, fatura R$ 1,4 bilhão por ano, exporta para mais de 70 países, emprega 10 mil funcionários e abate diariamente 640 mil frangos. Para o negócio virar, é preciso manter nas granjas próprias e de 950 integrados um plantel de 31 milhões de frangos. Um exército de aves que consome, todo mês, 1 milhão de sacas de milho, 250 mil sacas de soja e 30 mil toneladas de farelo de soja.

O ex-jogador parou de anotar o número de gols marcados para se concentrar exclusivamente na contagem de frangos - no sentido literal da palavra. Cilinho revela que a GTFoods está projetada para abater 1 milhão de aves por dia. Novos investimentos, no entanto, só depois de 2018, após a empresa superar o processo de recuperação judicial provocado pela disparada de preço dos insumos em 2016 (só o milho ficou 65% mais caro naquele ano), aliada à redução do consumo com a crise política e econômica, que sufocou o setor e levou ao fechamento de avícolas concorrentes no Oeste e Noroeste do estado.

O momento da avicultura em 2017 é completamente diferente do ano passado. Produção e demanda estão equilibradas, e casos de gripe aviária em países concorrentes aumentaram a procura pelo frango brasileiro. No mercado interno, se os preços ao consumidor vêm caindo, também houve redução nos custos de produção. “O desafio agora é voltar a ter o prestígio que se perdeu com o episódio da operação Carne Fraca”, avalia o gerente de exportação da GTFoods, Edemir Trevisoli Jr. “Para o consumidor estrangeiro, não houve impacto significativo. Mas as autoridades sanitárias dos outros países aumentaram o rigor, estão mais vigilantes e atentas não somente aos processos na indústria, mas também na forma como o Ministério da Agricultura faz a fiscalização”, acrescenta. O executivo destaca que mais de 15 comitivas estrangeiras visitaram o Brasil após a operação Carne Fraca, e todas mantiveram as habilitações para exportação.

O sócio-fundador da GTFoods mantém-se otimista, convicto de que a empresa e o país ainda vão encontrar muitas oportunidades de gol pela frente. “Temos muito espaço para o frango no Brasil. Somos o país com maior probabilidade de aumentar a produção. Temos água, clima, solo e insumos a nosso favor, tudo o que é necessário para abastecer o mundo”, sublinha Ciliomar Tortola.

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