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Aspectos gerais da broca-do-rizoma ou moleque da bananeira

Um moleque que causa prejuízos a gente grande - Aspectos gerais da broca-do-rizoma ou moleque da bananeira



A cultura da bananeira possui grande expressão econômica e social em todo o mundo, onde é cultivada por pequenos, médios e grandes produtores. A Índia é o maior produtor de banana do mundo, com 16.820.000 t, seguida do Brasil (6.702.760 t), e a China ocupa a terceira colocação com uma produção de 6.390.000 t (FAOSTAT, 2006). Na Bahia, as regiões econômicas Litoral Sul, Sudeste e Recôncavo Sul destacam-se como maiores produtores de banana do Estado, onde sobressaem-se os municípios de Ubaíra, Jaguaquara, Wenceslau Guimarães e Camacã.


Diversos são os problemas que acometem a cultura, diminuindo significativamente a produção, e um dos principais é o moleque-da-bananeira ou broca-do-rizoma (Cosmopolites sordidus). Essa praga dos bananais é um besouro preto, que mede 11 mm de comprimento e 5 mm de largura, possui rostro (bico) longo e recurvado.

O inseto apresenta hábitos noturnos, e durante o dia é encontrado em ambientes úmidos e sombreados. As fêmeas põem ovos em cavidades feitas com o aparelho bucal na periferia do rizoma ou na região de inserção das bainhas foliares e ao longo de toda sua vida podem colocar de 10 a 50 ovos, sendo que a oviposição é realizada a 1 ou 2 mm da epiderme. As larvas brancas, sem pernas, penetram nos rizomas e passam a alimentar-se dos mesmos, sendo as responsáveis pelas perfurações no rizoma. Desse modo, enormes galerias são formadas nos tecidos das plantas.

Como conseqüência do ataque do moleque, o desenvolvimento da planta fica prejudicado, as folhas da bananeira amarelecem, os cachos se tornam pequenos e as plantas ficam sujeitas ao tombamento. Além disso, também ficam mais suscetíveis à penetração de fungos e bactérias.

A praga é responsável por perdas de até 80% na produção de banana. Altas populações do moleque podem causar perda total em bananeiras recém-plantadas, principalmente em plantios efetuados com mudas infestadas pelo inseto, implantados com cultivares altamente suscetíveis ao inseto, como ‘Terra’, ‘Terrinha’ e ‘D´Angola’.
Disseminação

A praga encontra-se praticamente em todos os bananais do país. A dispersão do inseto ocorre por caminhamento e principalmente através de mudas infestadas que podem conter ovos e larvas já em desenvolvimento. Pode ocorrer também por meio do vôo dos insetos, entretanto, há poucas informações sobre esse meio de dispersão.

MANEJO DA PRAGA

MONITORAMENTO

O monitoramento é fundamental em qualquer programa de controle/manejo de pragas, constituindo-se numa importante ferramenta para a tomada de decisão, contribuindo para assegurar a rastreabilidade dos sistemas de produção.

Para a broca-do-rizoma, o monitoramento é efetuado com base na utilização de iscas atrativas de pseudocaule, sendo as mais comuns do tipo 'telha' e 'queijo'. As iscas atraem os insetos adultos devido às substâncias voláteis presentes no pseudocaule e no rizoma da bananeira. Os níveis de controle usualmente empregados variam de 2 a 5 insetos/isca. Entretanto, segundo Gold et al. (2001), poucos estudos têm relacionado a eficiência de captura de insetos com a redução do dano ou produtividade, o que pode inviabilizar os níveis de controle atualmente registrados para a espécie. Apesar dessa limitação, as iscas são muito úteis para detectar a presença do inseto no bananal, principalmente quando associadas à avaliação dos danos no rizoma.


COMO SÃO CONFECCIONADAS AS ISCAS

Tipo queijo - São preparadas cortando o pseudocaule com aproximadamente 30 cm do solo. Posteriormente, é efetuado um novo corte, parcial ou total, à metade daquela altura, de modo que a parte superior fique ligada à porção inferior por meio da bainha (corte parcial) ou simplesmente sobre a porção inferior (corte total).

Tipo telha - Consistem em pedaços de pseudocaule de 40 a 60 cm de comprimento, cortados ao meio no sentido longitudinal e que devem ser colocados com a face que foi cortada para o solo.

Para que sejam eficazes, as iscas devem ser confeccionadas de plantas que já produziram e, no máximo, 15 dias após a colheita, tendo-se o cuidado de substituí-las a cada 15 dias. Recomenda-se a distribuição de 20 iscas/ha no monitoramento da praga, sendo as coletas realizadas semanalmente.

MÉTODOS DE CONTROLE

SELEÇÃO E TRATAMENTO DA MUDA

Esse é um aspecto que deve ser levado em consideração, pois a principal forma de controle da praga é a seleção de mudas sadias. Deve-se dar preferência às mudas micropropagadas ou adquiridas de viveiros idôneos. No caso de mudas convencionais, recomenda-se a limpeza das mudas (descorticamento), com uma toalete completa, onde se escalpela todo o rizoma, eliminando os sinais da presença da broca (galerias).

O tratamento químico das mudas também é uma alternativa para obtenção de material sadio. As mudas devem ser mergulhadas em solução de inseticida (tempo determinado pelo fabricante) para, logo em seguida, serem plantadas com mais segurança.
Controle cultural

O manejo adequado da plantação é condição fundamental para a sanidade da cultura e eficácia das técnicas de controle utilizadas, devendo ser observados todos os tratos culturais recomendados para a bananeira. A manutenção da cobertura vegetal do solo, além de ser benéfica para a bananeira, não provoca aumento dos danos causados pelo inseto.

USO DE ISCAS ATRATIVAS

Além do seu emprego no monitoramento do inseto, as iscas atrativas podem ser úteis no controle da praga, desde que as coletas sejam sistemáticas, pois a redução populacional é obtida a longo prazo. Para efeito de controle, recomenda-se a utilização de 50 a 100 iscas/ha.

Para incrementar a ação das iscas no controle da praga, podem ser usados inseticidas químicos ou produto biológico à base do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, evitando-se a necessidade de coleta manual dos insetos.

CONTROLE QUÍMICO

O controle químico é uma opção válida no manejo integrado de pragas, desde que usado conforme as recomendações do fabricante. O uso indiscriminado de inseticidas pode acarretar sérios problemas, como o desenvolvimento de populações resistentes, intoxicações dos operários e animais, danos ambientais e risco à saúde dos consumidores, além de inviabilizar a exportação desta 'commodity' devido aos resíduos tóxicos no fruto (Nankinga et al., 1999).


Além do uso nas iscas e no tratamento de mudas, inseticidas podem ser aplicados na cova de plantio e/ou em cobertura. Os produtos utilizados devem ser registrados para a cultura e todas as etapas devem ser orientadas por um engenheiro agrônomo ou um profissional habilitado.

CONTROLE BIOLÓGICO

O controle biológico pelo emprego de agentes entomopatogênicos apresenta algumas vantagens em relação ao controle químico pois não deixa resíduos, pode atuar por longo período de tempo e é compatível com outras táticas de controle da praga (Alves et al., 1998). Grande parte dos trabalhos sobre o controle biológico de C. sordidus no país menciona a aplicação do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana em iscas do tipo queijo e telha.

O fungo pode ser produzido comercialmente apresentando um custo relativamente baixo para os produtores. Atualmente, existem biofábricas que comercializam o produto no Brasil.

Para obtenção de resultados positivos no controle biológico da praga, é fundamental seguir todas as recomendações do fabricante. É interessante mencionar que os insetos atraídos pelas iscas e infectados pelo fungo podem se deslocar a distâncias consideráveis do local da armadilha, favorecendo a disseminação de B. bassiana pelo bananal.

Os sinais externos da infecção pelo fungo são visíveis cerca de 7 a 10 dias após a morte do inseto, manifestando-se como uma massa branca de aspecto cotonoso.

CONTROLE POR COMPORTAMENTO

São empregadas armadilhas contendo substância sintética similar ao feromônio dos insetos. Os adultos do moleque são atraídos e acabam caindo no fundo da armadilha, que contém solução de água e detergente a 3%. Os insetos morrem ao entrarem em contato com a mistura. As armadilhas podem ser do tipo rampa ou poço.

Essa modalidade de controle é altamente indicada do ponto de vista ambiental, pois o feromônio sintético é específico para o inseto, além de não prejudicar o meio ambiente e não deixar resíduos nos frutos.

É recomendado utilizar 3 armadilhas/ha, sendo que o sachê contendo o feromônio deve ser trocado a cada 30 dias, observando-se a distância mínima de 30 metros entre as armadilhas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitos são os produtos químicos utilizados na agricultura para controle de pragas mas, em decorrência dos efeitos prejudicais aos seres humanos e ao meio ambiente, deve-se procurar alternativas que atenuem esses efeitos nocivos e que sejam compatíveis com as demais táticas de controle. Por essa razão, se busca cada vez mais alternativas que possibilitem a convivência com as pragas, visando a sustentabilidade do agroecossistema, reduzindo os riscos de intoxicações por produtos químicos e a presença de resíduos nos alimentos. O moleque da bananeira é uma praga muito séria, causando elevados prejuízos. O uso de iscas atrativas é simples e de custo relativamente baixo, entretanto, em função das limitações acerca do seu uso, outras alternativas de baixo impacto ambiental também devem ser buscadas no controle dessa praga, o que pode ajudar o produtor a proteger o seu bananal e equilibrar o agroecossistema.
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