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Controle (manejo integrado) da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

Leia sobre o manejo integrado da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)


Foto: Agrolink

A lagarta-do-cartucho do milho é a principal praga do cultivo da cultura, causando prejuízos significativos. Possui hábito polífago, e no milho, se alimenta da cultura em todos os estádios de desenvolvimento.

As larvas de 1º instar possuem cores claras e vão escurecendo conforme se desenvolvem. Possuem 3 listras claras ao longo do corpo, 4 pontuações pretas no final do abdômen, e o "Y invertido" na cabeça, o que pode ser observado na imagem abaixo.


Larva Spodoptera frugiperda. Imagem: Alberto Marsaro Júnior / Embrapa Trigo.

O ataque do inseto pode reduzir em mais da metade a produção de grãos, e nem sempre o controle químico é efetivo. Além de reduzir a quantidade de grãos, a lagarta também reduz a qualidade, tanto dos grãos, quanto da silagem.

 

 

Durante o dia, a mariposa pode ser encontrada sob a folhagem, próxima do solo ou entre as folhas fechadas do cartucho. Os ovos são colocados em massa, e após a eclosão, as lagartas raspam os tecidos verdes de um lado da folha, deixando a epiderme do outro lado intacta. Quando maiores, as lagartas se deslocam para o interior do cartucho, fazendo buracos na folha, e entre 8 a 14 dias de vida, podem destruir totalmente pequenas plantas e causar severos danos em plantas maiores.

Além das folhas, a praga pode se alimentar do colmo, e atacar os pedúnculos na região da espiga, impedindo a formação dos grãos. O inseto pode também penetrar nas espigas, danificando os grãos.

 

Monitoramento da lagarta-do-cartucho

Para realizar o manejo integrado, é necessário determinar o nível de dano econômico e monitorar a praga, tomando a decisão correta quanto à necessidade de controle. O monitoramento pode ser feito contando o número de plantas atacadas em cem plantas amostradas, no mínimo, em quatro pontos por hectare. Porém, esse método detecta a praga apenas na fase de lagarta, quando já está causando danos à planta. Uma alternativa é o uso de armadilhas delta iscadas com o feromônio atrativo, colocada durante o plantio. Se forem capturadas três mariposas por armadilha, é um sinal de que a praga irá atingir o nível de dano econômico. Usar pelo menos uma armadilha por hectare.

 

Controle da lagarta-do-cartucho

Tem se observado o desenvolvimento de populações resistentes de Spodoptera frugiperda, ocasionado pela aplicação inadequada de inseticidas, aliada com a variabilidade genética do inseto e a alta fecundidade. Para reduzir o desenvolvimento dessas resistências, são necessárias medidas alternativas de controle.

O controle da lagarta-do-cartucho é feito principalmente com o uso de cultivares Bt (Bacillus thuringiensis). Porém, as falhas no manejo comprometem a eficiência dessa tecnologia, o que vem causando endemias dessa praga em diversas regiões. Dentre essas falhas, podemos citar a ausência de áreas de refúgio, plantio de culturas durante o ano todo, proteínas Bt que não são expressas em alta dose etc.

O tratamento de sementes é um método preventivo, que retarda a aplicação foliar. O tratamento de sementes possui um baixo custo e vantagens em relação à aplicação foliar, sendo muito importante em áreas com histórico da praga. Já a aplicação de inseticidas na área é feita preferencialmente com bico leque, dirigindo o jato para o cartucho. Deve-se usar inseticidas com diferentes modos de ação para evitar que a lagarta desenvolva resistência aos inseticidas. Deve-se dar preferência também ao uso de inseticidas seletivos.

Um aspecto importante ao usar os inseticidas seletivos é preservar os inimigos naturais da praga, tanto predadores quanto parasitoides, como por exemplo a tesourinha (Doru luteipes) que fica no cartucho e na espiga.

Além dos defensivos químicos, existem diversos produtos biológicos registrados para o controle da lagarta-do-cartucho, a maioria deles à base de baculovírus, Bacillus thuringiensis ou Trichogramma pretiosum. Para a aplicação de bioinseticidas, deve-se monitorar semanalmente a cultura, detectando o nível de ataque da praga. Em algumas regiões, o ataque ocorre uma semana após a germinação das sementes, devendo-se conhecer os sinais do ataque da praga. É importante não perder o momento correto da primeira aplicação, evitando sobreposição de estádios larvais da praga na cultura. Os produtos devem ser aplicados sempre à tarde, pois nos períodos mais quentes, o sol inativa o bioinseticida.

Vale ressaltar também que, em um agroecossistema equilibrado entre plantas, solo, nutrientes, umidade, luz solar e outros organismos, ocorre maior tolerância ao ataque de pragas e outros estresses.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

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CRUZ, I. Avanços e desafios no controle biológico com predadores e parasitoides na cultura do milho. In: Milho Safrinha: XIII Seminário Nacional, 2015, Maringá, PR. Anais.

GOERGEN, G. et al. First report of outbreaks of the fall armyworm Spodoptera frugiperda (JE Smith)(Lepidoptera, Noctuidae), a new alien invasive pest in West and Central Africa. Plos One, v. 11, n. 10, 2016.

MONNERAT, R. et al. Evidence of field-evolved resistance of Spodoptera frugiperda to Bt corn expressing Cry1F in Brazil that is still sensitive to modified Bt toxins. Plos One, v. 10, p. 1–12, 2015.

VALICENTE, F. H. Manejo Integrado de Pragas na Cultura do Milho. Embrapa - Circular Técnica 205, Sete Lagoas, MG, 2015.

VALICENTE, F. H.; TUELHER, E. de S. Controle Biológico da Lagarta do Cartucho, Spodoptera frugiperda, com Baculovírus. Embrapa - Circular Técnica 114, Sete Lagoas, MG, 2009.

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