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A liderança asiática


Argemiro Luís Brum

O atual conflito comercial entre EUA e China assume maior relevância pelo fato de atingir uma região que será a principal do mundo. Estudos divulgados em 26/12/2017 pelo Centre of Economics and Business Research (CEBR), situado no Reino Unido, dão conta de que a Ásia irá modificar a ordem econômica mundial nas próximas décadas. Neste contexto, a Índia se tornará a quinta economia do mundo, superando a França e o Reino Unido. Até 2032 a Coreia do Sul e a Indonésia entrarão no ranking das 10 maiores economias do mundo, enquanto Taiwan, Tailândia, Filipinas e Paquistão estarão entre as 25 maiores.

Em 2030 a China ocupará o primeiro lugar mundial, superando os EUA. Em 2030, quatro das cinco principais economias do mundo serão asiáticas (China, Índia, Japão e Indonésia). Enquanto isso, o peso econômico dos países avançados continuará diminuindo. O mundo desenvolvido, que representava 76% da economia mundial até 2000, em 2032 deverá representar 44%, enquanto os países em desenvolvimento comporão 56% desta economia.  Já as economias em desenvolvimento terão cada vez mais peso nas decisões políticas e econômicas mundiais e bilaterais.

Neste quadro, a atual retomada econômica tem a Ásia-Pacífico na liderança, com 5,4% de crescimento em 2018, contra 3,7% para o conjunto da economia mundial, 2,2% para a América do Norte e 2% para a Europa. Até 2030 a Ásia terá mais de 50% da população mundial, com um forte potencial de avanço econômico já que sua taxa de urbanização, no momento, é de apenas 40%, contra 80% a 90% junto às economias avançadas. Mas potência econômica aqui significa tamanho de mercado e não necessariamente riqueza média em cada país, ou seja, as desigualdades sociais na Ásia continuarão elevadas. Neste sentido, na China, em 2016, a renda média por habitante era de apenas 15% da que existia nos EUA, enquanto na Índia a mesma representava somente 3%.

No final de 2017, os maiores empresários indianos ganhavam 229 vezes mais que o salário médio local, enquanto 20% da população indiana vive até hoje em extrema pobreza. Assim, na Ásia em geral muitos habitantes correm o risco de se tornarem velhos antes de virem a ser ricos. Algo, aliás, que não é exclusivo daquele continente.

Enfim, o risco, neste contexto, é a Ásia cair na armadilha da “renda intermediária” pela qual, passada a fase de recuperação, os países locais veriam seu crescimento estagnar em proporções que os impediriam de convergir para os níveis de vida das atuais economias avançadas. Algo que o Brasil também conhece muito bem! O fato é que, diante de tal poderio econômico asiático, os EUA têm muito mais a perder com a guerra comercial do que a China. Não é por acaso que Trump já vem ponderando que o conflito poderá ser resolvido com acordos entre os dois países, acalmando temporariamente os mercados.
 

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