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O Brasil e o mercado chinês


Amélio Dall’Agnol

Quando nos referimos à China, precisamos nos conscientizar de que lá tudo é maiúsculo: população (1,43 bilhões), tamanho do país (9,6 milhões de km2), PIB (mais de 11 US$ trilhões) e produção de cerca de 620 milhões de toneladas (Mt) de grãos (220 Mt de milho, 143 Mt de arroz, 125 Mt de trigo, entre outros). Embora seja o maior produtor de alimentos do mundo, é comprador de quase tudo, dada a enorme demanda para alimentar tanta gente. 

A China era um mercado marginal para o Brasil, até a década de 1990 e, rapidamente, converteu-se no nosso principal parceiro comercial a partir de 2009, ocupando o espaço que  foi dos Estados Unidos durante quase um século e hoje respondem por cerca de 12% do comércio exterior brasileiro, contra mais de 20% dos chineses. Originalmente, as compras da China no Brasil estavam bastante concentradas no grão de soja e no minério de ferro. Atualmente são mais diversificadas, e caminham para uma diversificação ainda maior, principalmente no ramo dos alimentos (carnes, óleo, açúcar e milho).

A China ingressou no comércio mundial de soja no início dos anos 90 e hoje responde por mais de 60% das compras globais do produto. No caso do Brasil, 78% da soja exportada tem como destino o mercado chinês, especialmente grãos de soja, produto com pouco valor agregado. Mas, mais recentemente, essa realidade começou a mudar e hoje já exportamos óleo e também carnes, que não deixam de ser soja, com valor agregado. O mercado de carnes chinês (frango, bovina e suína) constitui-se num dos nossos maiores mercados para o produto, incluindo o que é exportado diretamente para o continente ou via Hong Kong e Macau.

O recente apetite chinês por carnes é explicado pelo crescimento acelerado da sua economia, o que resultou no aumento da renda per cápita da população, que passou a consumir menos grãos e mais proteína animal, que tem na soja a sua principal matéria prima. O PIB chinês está previsto superar o dos Estados Unidos em torno de 2030, quando poderá atingir cerca de US$ 40 trilhões, segundo estimativas do Banco Mundial. Era de apenas US$ 350 bilhões em 1990; na época, menor que o do Brasil. 

Quando não refletimos o bastante sobre o que a China representa em termos de mercado potencial, somos facilmente enganados pela realidade dos números. Via de regra, somos induzidos a pensar que a China é apenas mais um país. Mas não é. A população chinesa equivale a de um continente. Na verdade, a mais do que um continente. É, por exemplo, quase 1,5 vezes a soma das populações das três Américas juntas (1,43 bilhões vs. 990 milhões). 

A China ainda é um país agrícola, apesar do protagonismo que assumiu recentemente no setor industrial. A atividade agrícola continua sendo o setor produtivo que mais emprega mão de obra no país. Quase metade dos chineses ainda vivem na zona rural, em contraste com o Brasil, onde mais de 80% da população reside em regiões urbanas. Sua área agricultável, no entanto, é limitada e se concentra nas planícies férteis da Região Leste, espaço cada vez mais requisitado para urbanização, indústrias, rodovias, entre outras necessidades. A região oeste do país é montanhosa, árida e pouco agricultável.

O Brasil está bastante dependente da China no comércio exterior e precisa torcer para que o país continue crescendo e precisando cada vez mais das nossas commodities agrícolas e minerais, além de outros produtos com maior valor agregado. 

A economia chinesa desacelerou nos últimos anos, mas nada que assuste. Cresceu 6,7% no último ano.  

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