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País emergente, mas com agronegócio de Primeiro Mundo?


Amélio Dall’Agnol

Apesar do atual momento de angústias e incertezas da economia brasileira, no setor agrícola as coisas não vão mal e o setor cresce, mesmo com a crise nos demais setores. O Brasil é forte na produção agrícola e é promessa de que não faltará alimento para suprir as demandas futuras da humanidade, dado o enorme potencial que possui em recursos naturais e pela incontestável eficiência para produzir em zonas tropicais de baixa latitude. Se bem o Brasil é classificado como país emergente, seu setor agrícola pode ser considerado desenvolvido, dada a dinâmica e eficiência do seu processo produtivo.

O Brasil agrícola que hoje desfrutamos é muito diferente do Brasil do início dos anos 70, quando começou a virada no agronegócio nacional. A atual produção agrícola brasileira é capaz, não apenas de auto abastecer o país com alimentos, como, também, de gerar vultosos excedentes exportáveis, suficientes para alavanca-lo de importador líquido de alimentos nos anos 70, para atual 2º maior exportador global desses produtos. 

Quem ajudou o Brasil a dar um passo gigante rumo à produção de grandes volumes de produtos agrícolas foram, principalmente, outros países emergentes, muito especialmente as gigantescas importações de commodities por parte da China, quem responde atualmente por mais de 20% de tudo o que o Brasil exporta. É nessa comunidade de nações onde o Brasil ganha força, dada a enorme necessidade desses países pelos produtos comercializados pelo Brasil: grãos, carnes, açúcar e minérios, entre outros.

O crescimento do PIB da China em 2016 foi de 6,7%, o menor dos últimos 26 anos. Embora com PIB crescendo com menor intensidade, o aumento da renda per capita da população chinesa está promovendo maior consumo de alimentos (principalmente proteína animal), o que incentiva as exportações brasileiras conforme ilustrado pelas importações de soja, que continuaram crescendo, mesmo com a queda do PIB. 

A Índia, cuja população não difere muito da chinesa, consome muito menos porque sua renda per capita é uma fração da chinesa (US$ 1.709 contra US$ 8.123). Em 2000, no entanto, a renda per capita chinesa (US$ 959) era metade da renda per capita atual dos indianos, mas cresceu mais de oito vezes desde então. O mesmo poderá acontecer com a Índia. O PIB indiano em 2016, por exemplo, cresceu mais do que o chinês (7,1% contra 6,7%) e a previsão do Fundo Monetário Internacional é que essa seja uma tendência pelos próximos anos, o que poderia gerar demandas substanciais de commodities brasileiras, igual aconteceu com a China.

A China e a Índia, assim como outras nações populosas da Ásia, são limitadas em recursos naturais (terra e água, principalmente), no que o Brasil é indiscutivelmente um grande privilegiado. 

Se bem o Brasil não possa orgulhar-se da eficiência e do dinamismo do conjunto da sua economia, no âmbito agrícola ele pode cantar de galo e comparar-se com o agronegócio dos países do Primeiro Mundo.

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