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PIB 2021 já comprometido


Argemiro Luís Brum

O ano de 2020 terminou com PIBs negativos de 4,1% para o Brasil e 7% para o Rio Grande do Sul. Resultados que cristalizam mais uma década perdida na economia. Entre 2011 e 2020 o PIB médio nacional foi de apenas 0,3% ao ano, consolidando a pior década dos últimos 120 anos. No Rio Grande do Sul não foi diferente, tendo por acréscimo as secas. O resultado é um PIB médio, na década, de apenas 0,25% ao ano.

E a má gestão pública no país, potencializada pela pandemia, que recrudesceu neste primeiro trimestre, já compromete 2021. Hoje, se conseguirmos fechá-lo com um PIB positivo de 2,5% será uma vitória a comemorar. Isso porque, se não bastasse a pandemia, as estratégias governamentais não deram certo no campo econômico. Dentre elas está a redução da taxa básica de juro, a Selic, para 2% ao ano. Seus efeitos foram mais negativos do que positivos. Simplesmente porque os juros praticados não se reduziram na mesma proporção, não ajudando a reaquecer a economia. Porém, tal redução foi nefasta junto ao câmbio e a inflação.

Ela acelerou a saída de dólares do país. Isso, somado a total falta de confiança do investidor estrangeiro no Brasil de hoje, levou a uma brutal desvalorização do Real. A mesma encareceu os produtos de importação e elevou de forma anormal os preços dos produtos de exportação. Soma-se a isso uma demanda artificialmente aquecida, via auxílio emergencial, e os preços dispararam no país, consolidando a estagflação (economia em recuo e preços em alta). O Banco Central tentou conter o avanço do dólar vendendo reservas, a ponto de colocar as mesmas nos níveis de 2012 (hoje em US$ 354,1 bilhões, contra o auge de US$ 401,6 bilhões em agosto de 2019).

A estratégia também pouco resolveu, levando o Copom, tardiamente, a aumentar a Selic. Ora, dado o quadro inflacionário potencial que temos para 2021, a Selic deverá terminar o ano entre 6% a 7% aa. Mas ela, sozinha, não trará o câmbio para níveis aceitáveis de R$ 5,00 por dólar. Será preciso também que o governo abandone suas práticas populistas nocivas e retome o rumo do ajuste fiscal, mesmo sob pressão pandêmica. Por outro lado, ao contrário de quando baixa, Selic em alta, no contexto oligopolista financeiro em que vivemos, eleva os juros gerais rapidamente, colocando mais um freio ao crescimento econômico. Uma verdadeira sinuca de bico!

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