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Precisamos crescer, caso contrário...


Argemiro Luís Brum

O alto desemprego no Brasil, que já vem de alguns anos, está ligado ao fato de que a economia nacional não cresce o suficiente. E a mesma não cresce porque há poucos investimentos! E os investimentos têm minguado porque na última década a economia entrou em uma espiral descendente, onde a confiança empresarial caiu significativamente.

Ao mesmo tempo, a população em geral, tentando manter seu nível de vida, mesmo que precário em muitos casos, ignorou o movimento de recuo econômico e o potencial desemprego que viria, e continuou a consumir acima de suas possibilidades, gerando um endividamento e uma inadimplência sem precedentes. Com isso, também o consumo iniciou um processo de paralisação.

E a recuperação das exportações, algo que é recente nestes últimos 10 anos, não foi suficiente para equilibrar o quadro. Para piorar, o Estado praticamente se inviabilizou financeiramente, reduzindo igualmente seus investimentos, os quais já não eram significativos. O reflexo disso é que o crescimento do país iniciou um processo de recuo e estagnação preocupante, com todas as consequências nefastas que conhecemos, a começar justamente pelo desemprego.

E o círculo se fecha! Para iniciar um processo de recuperação o país precisaria crescer, considerando seu tamanho e necessidades, algo em torno de 4,5% ao ano de forma sustentável. E isso, sem corrupção! Ora, de 2009 para cá nosso crescimento está muito abaixo disso, exceção feita a 2010 quando, por medidas públicas de apoio ao consumo (as quais levaram ao descontrole da economia nos anos seguintes), o PIB aumentou 7,5%, contra 0,1% negativo em 2009. A partir daí nosso crescimento econômico só recuou, culminando com a grande recessão de 2015 e 2016, quando o PIB ficou negativo respectivamente em 3,8% e 3,3% (cf. IBGE).

A reação posterior é, infelizmente, pífia, pois ficamos com 1,1% positivo em 2017 e se projeta algo entre 1% e 1,5% para 2018. Portanto, estamos há praticamente 10 anos em marasmo econômico, consolidando mais uma década perdida. Para quem ainda não se deu conta do prejuízo que vivemos, indicamos que o crescimento médio da economia brasileira, na anterior e conhecida década perdida (1983 a 1992), ficou em 2,06%. Já na atual (2009 a 2018) o mesmo fica em 1,19%. Além disso, o cenário mundial não oferece tranquilidade. Não é de agora que existem alertas para uma nova recessão internacional entre 2020 e 2024.

Ou seja, o Brasil corre o risco de entrar em nova crise mundial sem nem mesmo ter saído da última. Portanto, o ajuste fiscal e as reformas estruturais são imprescindíveis para voltarmos a crescer. Se o novo governo não conseguir fazê-las poderemos ter mais uma década perdida. Quanto a etapa posterior, que é o desenvolvimento econômico, a mesma não passa de uma miragem.

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