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Soja: chicago despenca


Argemiro Luís Brum

As cotações da soja, em Chicago, despencaram nestes primeiros quinze dias de maio. O grão bateu em US$ 7,91/bushel no dia 13/05, o mais baixo valor, para o primeiro mês cotado, em 12 anos. Ou seja, o mercado volta aos patamares de antes da crise econômico-financeira mundial de 2007/08. São duas as principais razões: 1) o litígio comercial entre China e EUA piorou, com o governo estadunidense anunciando aumento de tarifas sobre produtos chineses a partir do dia 10/05. A China responde, aumentando tarifas sobre produtos importados dos EUA; 2) a peste suína africana, que atinge o rebanho suinícola chinês, levando o mercado a projetar uma redução de 30% do mesmo se o problema continuar até o final do ano. Além disso, a América do Sul confirmou uma safra de soja em 183 milhões de toneladas, contra 170 milhões no ano anterior. Com isso, a redução projetada na próxima safra estadunidense de soja (113 milhões de toneladas, contra 123,7 milhões no ano anterior) acabou sendo, por enquanto, ignorada. Mesmo porque os estoques finais estadunidenses, para 2019/20, estão projetados em 26,4 milhões de toneladas, o segundo mais elevado da história recente dos EUA. Neste contexto, os preços de balcão da soja gaúcha acabaram recuando para valores entre R$ 60,00 e R$ 64,50/saco nas últimas semanas. Tais preços poderiam estar piores se não fosse o câmbio. O mesmo, ao se estabelecer perto de R$ 4,00 por dólar, freou parcialmente a queda dos preços. Além disso, nesta semana outro fator veio favorecer a soja. Os prêmios nos portos brasileiros voltaram a subir, puxados pela expectativa da China comprar mais soja brasileira. Nas últimas duas semanas o prêmio no porto de Rio Grande, em termos médios, subiu 232%, para se estabelecer em US$ 0,73/bushel. Longe dos recordes obtidos em setembro/outubro do ano passado, porém, já bem melhores do que estavam. Neste quadro, cabem ainda três observações: 1) as importações da China, hoje, dependem muito mais da evolução da peste suína africana, fato que pode frear nossos prêmios nos atuais níveis; 2) o Real deve encontrar resistência em R$ 4,00, pois o Banco Central tende a intervir visando o controle da inflação; 3) Chicago teria um piso de resistência em US$ 7,60/bushel, pois nos atuais valores os Fundos especulativos tendem a voltar a comprar contratos da oleaginosa, trazendo o bushel para o nível de US$ 8,00. Assim, os preços da soja no balcão gaúcho devem estacionar, por enquanto, entre R$ 58,00 e R$ 68,00/saco, salvo se os prêmios dispararem em Rio Grande (no ano passado, nesta época, a soja valia R$ 76,50/saco). O problema é que os produtores gaúchos só venderam 31% da atual safra, contra 42% na média histórica, devendo haver pressão de oferta nas próximas semanas e meses (no Brasil, 55% havia sido vendido, contra 62% na média histórica).   

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