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Manejo de Pastagem de Brachiaria brizantha cv. Xaraés na Amazônia Ocidental


Newton de Lucena Costa

O capim-Xaraés (Brachiaria brizantha cv. Xaraés) foi coletado em Cibitoke, Burundi, África do Leste. A gramínea já vem sendo estudada pela Embrapa há, pelo menos, 10 anos. Foi introduzida, primeiramente, por cultivo in vitro, em tubos de ensaio e chegou ao Brasil a partir de uma cooperação científica com o Centro Internacional de Agricultura Tropical – CIAT, com sede em Cali, Colômbia. No Brasil, foi submetida à quarentena da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, Distrito Federal).

O Xaraés não é um híbrido, mas é uma variedade que resulta de um processo de seleção. O Xaraés possui plantas muito vigorosas, que atingem uma altura média de 1,5 m. Tem folhas mais largas que as de B. brizantha cv. Marandu, lanceoladas com pouca pubescência e de coloração verde-escura. É uma gramínea perene, poliplóide (2n = 5) de reprodução apomítica, crescimento entouceirado, com talos prostrados que podem se enraizar quando em maior contato como o solo.


Clima e solo:

é indicada para regiões de clima tropical úmido e para as de cerrados, com estação seca variando entre quatro e cinco meses. Desenvolve-se bem em solos de média a alta fertilidade natural, apresenta boa resposta à adubação e possui maior tolerância a solos úmidos que a cultivar Marandu .

Características agronômicas:

boa adaptação e produção de forragem em solos de média a alta fertilidade natural; bom comportamento em solos arenosos; moderada resistência ao ataque das cigarrinhas-das-pastagens; apresenta boa palatabilidade. Produz cerca de 70% de sua forragem durante o período chuvoso, pois floresce tardiamente, por volta do mês de abril. Por apresentar hábito de crescimento entouceirado, pode formar consorciações equilibradas com leguminosas forrageiras como P. phaseoloides, D. ovalifolium, A. pintoi, C. macrocarpum e C. acutifolium. Responde satisfatoriamente à aplicação de doses moderadas de calcário dolomítico (1,5 a 3,0 t/ha) e de P (60 a 80 kg de P2O5).

Estabelecimento:

a semeadura deve ser realizada no início do período chuvoso (outubro/ novembro). O plantio pode ser em sulcos espaçados de 0,6 a 1,0 m entre si, a lanço ou em covas (0,5 x 0,5 m) quando se utiliza mudas. A profundidade de semeadura deve ser de 1,0 a 3,0 cm, com uso de rolo compactador após a semeadura. A densidade de semeadura varia de 3 a 4 kg/ha de sementes puras viáveis, com 80% de germinação. Quando em consorciação com leguminosas, o plantio pode ser feito a lanço ou em linhas espaçadas de 1,0 a 1,5 m.

Produtividade e composição química da forragem:

sua produtividade de forragem, em geral, é bastante elevada, no entanto, pode ser afetada por diversos fatores (solo, espaçamento, densidade de plantio, manejo e condições climáticas). Em Rondônia, durante o período chuvoso, foram obtidos rendimentos de MS de 1,4; 2,2; 3,0 e 3,5 t/ha, respectivamente para pastagens com 21, 28, 35 e 42 dias de rebrota. Apresenta bom valor nutritivo, considerando-se consumo, digestibilidade e composição química. Com cinco semanas de crescimento apresenta, em média, DIVMS de 62%; teor de PB de 8,5% e de P de 1,6 g/kg. Seu vigor de rebrota é elevado, sendo constatado produções de 3,3 a 3,7 t/ha aos 21 dias após o corte, respectivamente para plantas com 35 e 28 dias de idade. As taxas de expansão foliar são afetadas pela idade das plantas, sendo os maiores valores obtidos com 14 (2,52 cm/dia) e 21 dias (2,35 cm/dia).

Manejo:

pastagens bem formadas e manejadas apresentam uma capacidade de suporte de 1,5 a 2,5 UA/ha no período chuvoso e 1,0 a 1,5 UA/ha no período seco, dependendo do sistema de pastejo adotado e da disponibilidade de forragem. Recomenda-se a utilização de pastejo rotativo, com períodos de ocupação entre 1 e 5 dias e de descanso entre 28 e 35 dias, de modo a otimizar o desempenho animal. O pastejo deve ser iniciado quando as plantas atingem entre 0,8 a 1,0 m de altura, as quais devem ser rebaixadas até cerca de 20 a 30 cm acima do solo. Os ganhos de peso podem variar de 450 a 600 g/an/dia e entre 400 e 500 kg/ha/ano. Visando a conciliar produtividade e qualidade de forragem, as pastagens podem ser diferidas em março para utilização em junho e julho e, em abril para utilização em agosto e setembro. Com este sistema, são obtidos rendimentos de MS entre 5 e 8 t/ha; teores de PB entre 6 e 8% e coeficientes de DIVMS entre 51 e 56%.

Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá

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