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Manejo de Pastagens de Capim-Elefante Anão na Amazônia Ocidental


Newton de Lucena Costa

A baixa disponibilidade de forragem, durante o período seco, afeta seriamente o desempenho animal, implicando em perda de peso, declínio acentuado da produção de leite, diminuição da fertilidade e em enfraquecimento geral do rebanho. A suplementação alimentar, durante o período de estiagem, torna-se indispensável, visando amenizar o déficit nutricional do rebanho. A utilização de capineiras surge como uma das alternativas para assegurar um melhor padrão alimentar dos rebanhos durante a época de escassez de forragem. A Embrapa Amazônia Oriental introduziu em 1983 no Brasil a cultivar de capim-elefante de porte baixo, denominada Anão (Pennisetum purpureum cv. Mott), a qual foi desenvolvida na Universidade da Flórida. Esta cultivar mostrou-se bastante promissora para pastejo direto, devido ao seu porte que não ultrapassa 1,0 m de altura, sob utilização normal. No entanto, apesar de seu porte o potencial de produção de forragem não é comprometido, enquanto que sua composição química supera as cultivares de porte alto, face a sua grande proporção de folhas em relação aos colmos. A forragem consumida por animais em pastejo apresenta aproximadamente 17% de proteína brura e 68% de digestibilidade da matéria seca

Formação da capineira: A capineira deve ser localizada em terreno plano ou pouco inclinado, bem drenado e próximo ao local de distribuição do capim aos animais. A área deve ser destocada, arada e gradeada para facilitar o desenvolvimento da planta e as atividades de manutenção e utilização. Em geral, um hectare de capineira, bem manejada, pode fornecer forragem para alimentar 10 a 12 vacas durante o ano. Nos solos ácidos a calagem deve ser realizada pelo menos 60 dias antes do plantio, aplicando 1,5 a 3,0 t/ha de calcário dolomítico (PRNT = 100%). No plantio recomenda-se a aplicação de 80 kg de P2O5/ha. A adubação orgânica poderá ser feita utilizando-se 10 a 30 t/ha de esterco bovino, no sulco de plantio, o que equivale a cerca de 50 a 70 carroças de esterco/ha. Após cada corte deve-se aplicar 5 t/ha de esterco e, anualmente 50 kg de P2O5/ha. Caso a análise química do solo apresente valores baixos de potássio (menor que 45 ppm), sugere-se aplicar 60 kg de K2O, sendo metade no plantio e metade após o segundo corte. O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso. As mudas devem ser retiradas de plantas com 3 a 12 meses de idade. Deve-se aparar as plantas e retirar as folhas para que ocorra uma melhor brotação. A quantidade de mudas necessárias para o plantio varia de acordo com o espaçamento. As mudas devem ser colocadas horizontalmente em sulcos com 10 a 15 cm de profundidade. Em média, um hectare fornece mudas para o plantio de 10 ha de capineira.

Manejo: A frequência entre cortes afeta marcadamente a produção de forragem, valor nutritivo, potencial de rebrota e persistência (vida útil da capineira). O primeiro corte após o plantio deve ser realizado quando as plantas estiverem bem entouceiradas, o que ocorre cerca de 90 dias após o plantio. Os cortes devem ser realizados a intervalos de 40 a 60 dias, ou quando as plantas atingirem de 0,6 a 0,8 m de altura. A altura de corte em relação ao solo depende do nível de fertilidade e umidade do solo. Em Rondônia, avaliando-se o efeito da altura de corte sobre a produtividade de pastagens de capim-elefante anão, observou-se maiores rendimentos de matéria seca (23,20 t/ha/ano), teores de proteína bruta (8,97%) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca (58,35%), comparativamente a cortes realizados a 5 ou 10 cm. Os melhores resultados são obtidos com cortes feito com terçado, foice ou enxada. Cortes mecanizados podem prejudicar a longevidade da capineira. Trabalhos conduzidos na Embrapa Rondônia, onde avaliou-se o desempenho agronômico da cultivar Mott em relação à Cameroon, mostraram que as duas foram semelhantes quanto à produção de forragem (37 e 38 t de MS/ha/ano). Com relação aos rendimentos de proteína bruta, a cultivar Mott (3.480 kg/ha) superou a Cameroon (3.108 kg/ha).

Para facilitar o manejo a capineira deve ser dividida em talhões. Cada talhão deve ser totalmente utilizado numa semana e deve descansar por um período entre 45 e 60 dias até o próximo corte. Quanto menor o período de descanso maior será o valor nutritivo e menor a produção de forragem. Se um talhão não for completamente utilizado em uma semana, os sobras devem ser colhidas e o material fornecido a outros animais ou distribuídos na área como cobertura morta, visando não comprometer o bom manejo do capim-elefante anão. Por exemplo: para um rebanho leiteiro de 25 vacas seria necessário 2,5 ha de capineira, a qual poderia ser dividida em oito talhões principais mais dois de reserva para situações críticas. Deste modo, utilizando-se um talhão a cada sete dias, o período de descanso entre cortes, num mesmo talhão, seria de 49 dias. Neste caso, os talhões poderiam ter uma área de 2.500 m2 (50 x 50 m).

Apesar da capineira fornecer altas produções de forragem durante o período seco, seu maior rendimento ocorre durante o período chuvoso, quando normalmente as pastagens apresentam alta disponibilidade de forragem. No entanto, se na época chuvosa a capineira não for manejada, o capim ficará passado e com baixíssimo valor nutritivo (muita fibra e pouca proteína). Logo, quando for utilizado durante o período de estiagem não proporcionará efeitos positivos na produtividade animal. Para o manejo do capim-elefante anão para a produção de feno-em-pé, recomenda-se o diferimento em março para utilização em junho e julho e, diferimento em abril para utilização em agosto e setembro, visando o acúmulo de forragem de boa qualidade para utilização durante o período seco.

Newton de Lucena Costa – Embrapa Amapá

 

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