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Parte 3. Redução de Queimadas em Pastagens da Amazônia Ocidental. Leguminosas arbustivas


Newton de Lucena Costa

Na Amazônia Ocidental, as pastagens cultivadas formadas, basicamente, por gramíneas, representam a principal fonte de alimentação para os rebanhos. No entanto, face às oscilações climáticas durante o ano, a produção de forragem apresenta flutuações estacionais, tanto em termos quantitativos como qualitativos, ou seja, abundância durante o período chuvoso e déficit no período seco, o que resulta em variações significativas dos índices de produtividade animal, ocasionado a perda de peso ou a redução drástica na produção de leite. A suplementação alimentar durante o período de estiagem torna-se imprescindível, visando amenizar as limitações nutricionais dos rebanhos. A utilização de leguminosas forrageiras arbustivas surge como uma das alternativas para reduzir os efeitos da estacionalidade da produção de forragem, além de evitar o uso das queimadas nas pastagens formadas por gramíneas, com vistas a melhorar sua produtividade e, principalmente, o valor nutritivo da forragem.

As leguminosas forrageiras por apresentarem a capacidade de fixação de nitrogênio da atmosfera, mantêm seus teores de nitrogênio relativamente constantes, mesmo com o avanço dos estádios de crescimento. Ademais, face ao melhor valor nutritivo, em relação às gramíneas tropicais (maior conteúdo de nutrientes e alta digestibilidade), proporcionam um maior consumo de nutrientes digestíveis totais e energia, elevando o desempenho animal, à medida que sua participação na pastagem aumenta. Em Rondônia, determinou-se, em termos de produção de forragem, composição química e persistência, práticas de manejo adequadas para a leucena (Leucaena leucocephala) e o guandu (Cajanus cajan), onde avaliou-se os efeitos da altura e frequência de cortes. Em Porto Velho (Latossolo Amarelo, textura argilosa), os maiores rendimentos de forragem e proteína bruta (PB) do guandu foram obtidos com cortes a 90 cm acima do solo e a cada 90 dias, enquanto que nos cerrados de Rondônia (latossolo Vermelho-Amarelo, textura argilosa), os melhores resultados foram verificados com cortes a cada 120 dias e a 80 cm acima do solo. Para a leucena, cultivada em um Podzólico Vermelho-Amarelo, textura média, cortes a cada 84 dias e a 50 cm acima do solo forneceram os maiores rendimentos de forragem e PB, além de assegurarem maior vigor de rebrota e maior persistência das plantas.

As leguminosas forrageiras arbustivas possuem raízes bastante profundas, comparativamente às gramíneas, sendo por conseguinte, mais tolerantes ao déficit hídrico e capazes de reterem maior proporção de folhagem verde durante o período de estiagem. No entanto, para que as leguminosas possam contribuir efetivamente para o aumento da produção de forragem e melhoria da qualidade nutricional das pastagens, durante a época seca, é de fundamental importância que as mesmas sejam adequadamente manejadas durante o período chuvoso. Em Porto Velho, os maiores rendimentos de matéria seca e PB do guandu foram registrados com o diferimento em fevereiro ou março e utilização em julho, agosto ou setembro. Já, para a leucena, estabelecida em solos sob vegetação de cerrado, os melhores resultados foram obtidos quando o diferimento foi realizado em fevereiro e as utilizações em junho, julho e agosto. A utilização em setembro mostrou-se inviável, devido a grande queda de folhas, o que provocou acentuado decréscimo na disponibilidade de forragem.

Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá

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