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Pastejo de Capim-Elefante


Newton de Lucena Costa

Em Rondônia, a pecuária de leite representa uma das principais atividades econômicas. Com um rebanho superior a um milhão de cabeças de aptidão leiteira, os índices de produtividade ainda são baixos, situando-se em torno de 810 litros de leite/vaca/lactação de 180 dias, ou uma média diária de 4,5 litros/dia. Dentre os faores que contribuem para o baixo desempenho da pecuária leiteira no estado destacam-se a baixa produtividade e qualidade ds pastagens, notadamente durante o período seco e o potencial genético do rebanho. A suplementação alimentar, durante o período de estiagem, torna-se indispensável, visando amenizar o déficit nutricional do rebanho. A utilização de capineiras surge como uma das alternativas para assegurar um melhor padrão alimentar dos rebanhos durante a época de escassez de forragem. O capim-elefante (Pennisetum purpureum), devido ao fácil cultivo, elevada produção de matéria seca, bom valor nutritivo, resistência a pragas e doenças, além da boa palatabilidade, tem sido a forrageira mais utilizada para a formação de capineiras em Rondônia. No entanto, o manejo dessa gramínea através de cortes nem sempre é acessível a todos os produtores, surgindo a utilização sob pastejo como uma alternativa bastante viável, tanto em cultivo puro como em consorciação com leguminosas forrageiras. Devido à alta produção de nutrientes, o capim-elefante proporciona elevadas produções de leite ou carne por animal e por área, desde que sejam adotadas prátics de manejo adequadas. No pastejo, é possível manter quatro a cinco vacas por hectare, número de animais superior aos que as pastagens formadas com outras gramíneas suportam.

Formação da pastagem - deve ser localizada em terreno plano ou pouco inclinado, bem drenado e próximo ao local de distribuição do capim aos animais. A área deve ser destocada, arada e gradeada para facilitar o desenvolvimento da planta e as atividades de manutenção e utilização. Nos solos ácidos a calagem deve ser realizada pelo menos 60 dias antes do plantio, aplicando 1,5 a 3,0 t/ha de calcário dolomítico (PRNT = 100%). No plantio recomenda-se a aplicação de 80 kg de P2O5/ha. A adubação orgânica poderá ser feita utilizando-se 10 a 30 t/ha de esterco bovino, no sulco de plantio, o que equivale a cerca de 50 a 70 carroças de esterco/ha. Após cada corte deve-se aplicar 5 t/ha de esterco e, anualmente 50 kg de P2O5/ha. Caso a análise química do solo apresente valores baixos de potássio (menor que 45 g/kg) sugere-se a aplicação de 60 kg de K2O.

O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso. As mudas devem ser retiradas de plantas com 3 a 12 meses de idade. Deve-se aparar as plantas e retirar as folhas para que ocorra uma melhor brotação. A quantidade de mudas necessárias para o plantio varia de acordo com o espaçamento. No sistema de duas estacas/cova, no espaçamento de 1,0 m entre sulcos e 0,8 m entre covas, necessita-se cerca de 25.000 estacas de 2 a 3 nós/ha. As mudas devem ser colocadas horizontalmente em sulcos com 15 a 20 cm de profundidade. Em média, um hectare fornece mudas para o plantio de 10 ha de capineira. A área da pastagem é definida em função do número de animais e da carga animal (UA/ha – 1 UA igual a 450 kg de peso vivo) a ser utilizada. A pastagem deve ser dividida em piquetes. A Embrapa Gado de Leite recomenda dividir em 11 piquetes de forma que os animais pastejem três dias em cada piquete, com descanso de 30 dias. As divisões internas devem ser com cerca elétrica, que consiste de um só fio de arame liso na altura de 1 m, com suportes distanciados de 10 a 15 m. Os esticadores são colocados a 50 m ou mais um do outro. A cerca de contorno deve ser a comum com arame farpado. A fonte de energia pode ser elétrica, bateria ou energia solar.

Manejo – quando as plantas atingirem 160 a 180 cm de altura, deve-se fazer um pastejo suave para uniformização da pastagem, seguida de uma roçagem realizada a 20 cm de altura. Os animais devem entrar no pasto quando o capim estiver com altura entre 1,50-1,70 m. Nessa altura obtém-se maior equilíbrio entre produção e qualidade da forragem disponível. Devido as altas taxas de crescimento do capim-elefante, recomenda-se a utilização de carga animal entre 4 e 5 UA/ha. Em Rondônia, para pastagens de capim-elefante cultivar Mineiro consorciado com Pueraria phaseoloides, os maiores rendimentos de matéria seca e proteína bruta, bem como altura de plantas satisfatórias para o pastejo, foram obtidas com a utilização de 2 a 3 UA/ha com 42 dias de descanso no período chuvoso e, 1 a 2 UA/ha, com 28 a 42 dias de descanso, respectivamente, durante o período de estiagem.

Os animais devem ser retirados da pastagem quando as plantas estiverem com 0,80 a 1,00 m de altura, levando-se em conta o desfolhamento da pastagem. Deve deixar um resíduo de 15 a 20% de folha, para permitir uma rebrota mais rápida, mas sempre com permanência dos animais em torno de três dias em cada piquete. Não há necessidade de roçar o capim após a saída dos animais dos piquetes. As poucas folhas que permanecem nos caules favorecem a uma recuperação mais rápida da pastagem. Caso o resíduo de forragem após o pastejo seja elevado após os três dias de pastejo, os animais podem permanecer mais tempo ou utilizar outros animais, como vacas secas ou novilhas, para ajudar a consumir a forragem ainda disponível. Na Embrapa Gado de Leite, utilizando-se capim-elefante cultivar Pioneiro sob pastejo rotativo foram obtidas produções de 10 e 12 litros de leite/vaca/dia, com lotação de 5 vacas por hectare e ganhos de peso entre 800 e 1.000g/animal/dia para gado de corte.

Newton de Lucena Costa – Embrapa Amapá

 

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