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A argentinização do Brasil


IZNER HANNA GARCIA

Argentinização do Brasil

 

Izner Hanna Garcia

 

                A fábula do sapo na panela é conhecida mas vale ser lembrada.

            De forma muito resumida um sapo foi jogado em uma panela. A água estava quentinha e o sapo gostou. Afinal a água estava agradável e o sapo pensou: “estou de boa”.

            Contudo, o sapo não estava em uma banheira de hidro massagem e sim em uma panela sob o fogo que, claro, foi esquentando a água.

            Quando a água começou a ferver o sapo, então, percebeu que estava sendo cozido e tentou saltar para fora mas, claro, já não tinha forças.

            A esta fábula podemos lembrar de Bismarck, o chanceler de ferro alemão que disse: “aí daqueles que têm o ouro mas não têm os canhões”.

            Feitos estes aforismos podemos falar do agro brasileiro.

            O agronegócio do Brasil é ouro.

            Tem valor internacional em um mundo contemporâneo que necessita cada vez mais de comida e energia. Não nos esqueçamos: grãos são, além de comida, energia.

            Assim, sem platitudes de teorias da conspiração, temos de compreender que o agro brasileiro é um negócio de sucesso, que é cobiçado e importante aos interesses internacionais, grandes capitais e, mesmo, em geopolítica.

            Há tempos, não é de hoje, que o agronegócio brasileiro vem sendo alvo de assédio. Não de forma direta mas muitas vezes usando ‘bandeiras’ seja de defesa ambientais ilegítimas, seja defesa de ‘povos nativos’ e tantos etcs..

            Em 2018, em palestra memorável, Evaristo de Miranda, da Embrapa, demonstrou claramente os falsos mitos sobre o desmatamento no Brasil e posterior relatório da NASA, por satélite, provou que o Brasil é de fato o pais com mais vegetação nativa do planeta.

https://www.youtube.com/watch?v=oDixTvtEsx8

            No entanto, o agro brasileiro está na defensiva. Não conseguimos levar ao público, que não é do campo, esta verdade e a versão que somos desmatadores vorazes é a que prevalece.

            Agora, passadas as eleições, nem bem ‘fecharam-se as cortinas’, eis que surge em Goiás e Paraná, dois importantes produtores brasileiros, leis que buscam taxar a produção.

            Note-se um fato relevante e mais ainda preocupante: nestes dois estados foram reeleitos governadores que não tem um perfil ideológico de esquerda. Ao inverso. Tanto Ratinho Jr. como Caiado são produtores rurais.

            Estas iniciativas foram, momentaneamente, barradas pelos produtores.

            Contudo, é extremamente preocupante que estas iniciativas sejam sequer conjecturadas. Este é o problema, o viés de se pensar: precisamos de dinheiro, vamos sacar do agro.

            Claro e óbvio que as ‘justificativas’ das referidas taxas são, no papel, muito ‘bonitas’: arrecadar verbas para conservação de rodovias.

            No entanto, na prática, taxar o agro na produção, é o meio melhor de inviabilizar o setor.

            E todos sabemos que estes ‘projetos’, no fim, terminam não arrecadando para o fim específico que se propõem. Basta lembrarmos da mal fadada CPMF que era para saúde e foi aprovada pelo então Ministro da Saúde Adib Jatene (figura impoluta) mas, depois, utilizada pela verdadeira máquina de torrar dinheiro chamada de governos.

            Meu Deus!

            Taxar o agro é seguir o caminho da Argentina que, rica e próspera, foi destroçada por esta política de governos buscarem soluções fáceis para seus orçamentos simplesmente sacando de quem produz.

            Ao invés dos governos fazerem suas lições de casa, como todos fazemos equilibrando nossos orçamentos, querem sempre impor e saquear mais e mais, justamente de quem produz.

            É passado de hora dos produtores, em iniciativa de cidadania, estabelecerem-se em associações que tenham ações concretas porque esperar algo de governos, sejam eles de que ideologia forem, não é factível e sim ilusório.

            Estas iniciativas são urgentes, inclusive para organizar uma frente unida tanto política interna como internacional para defender o agronegócio, sob pena de sermos cozidos como o sapo e o Brasil ver-se fadado à profecia de ser uma Argentina amanhã.

 

Izner Hanna Garcia, advogado, pós graduado FGV

[email protected]

https://fazendasnouruguai.com/

https://www.youtube.com/watch?v=az7mmt6zstA&list=PL3fec7DyBUADW8UjFG5dGhra0z4vhQZ8H

 

 

           

 

 

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