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A reestruturação mundial e o Brasil (I)


Argemiro Luís Brum

A situação da economia mundial, aos poucos, vai se encaixando naquilo que é possível a partir da realidade pandêmica que vivemos. Esta realidade possui as seguintes características: os progressos na luta contra o vírus não são absolutos, e alguns fenômenos estão sendo mais persistentes do que o esperado; a transição para uma normalidade ainda levará mais tempo que o desejado, com idas e voltas; as diferenças de ritmo na vacinação provocam o surgimento de novas variantes que se disseminam (Delta, por exemplo), além de uma recuperação desigual entre os países, aprofundando as diferenças socioeconômicas; há necessidade de doses de reforço, além de, logo mais, revacinar todo mundo novamente, não havendo, ainda, produção de vacinas suficientes; as cadeias produtivas de insumos e bens finais foram rompidas, freando a recuperação dos estoques e colaborando para o surgimento de uma inflação mais elevada e persistente do que o esperado; um impacto estrutural sem precedentes da crise sanitária no emprego, na pobreza e na desigualdade, com muitos países não demonstrando estrutura e nem governo para resolver tais problemas etc. Este conjunto de fatos está exigindo do mundo uma “recalibragem” das expectativas. Como se esperava, cai-se na realidade, com a emoção deixando espaço para a razão. Neste sentido, a China demonstra que sua reestruturação será mais lenta do que o esperado, especialmente porque, além de suas próprias decisões internas, os chineses dependem da cadeia produtiva de suprimentos de seus vizinhos, como a Malásia, Tailândia e Vietnã. Ora, nestes países, os índices de contágio e mortes pela pandemia, a partir deste último mês de junho, são os maiores desde o início do problema. E as “pequenas e médias indústrias” chinesas são as mais atingidas por esta situação em seus fornecedores. Na Europa, especialmente Alemanha e França, as revisões para a recuperação das atividades econômicas ainda estão no positivo, porém, abaixo do que se tinha meses atrás. A dúvida está em como a região reagirá quando forem retirados os estímulos fiscais (cf. Conjuntura Econômica, FGV, setembro/21). (segue)

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